Hospital da criança: referência no País

Fruto de uma parceria do Governo do Estado, Governo Federal e OMF, a obra será entregue neste mês

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Atualizado há 4 anos

(Foto: Agência Estadual de Notícias/PR).  O projeto, desenhado em 2017, atingiu 80% de conclusão em meados de agosto
(Foto: Agência Estadual de Notícias/PR).
O projeto, desenhado em 2017, atingiu 80% de conclusão em meados de agosto

Com um investimento de cerca de R$ 150 milhões, o Hospital da Criança de Maringá, no Noroeste do Paraná, atingiu em meados de agosto 80% de obra concluída. A entrega da obra está prevista para este mês.

Iniciada a construção em 2019, a estrutura impressiona. São 24,2 mil metros quadrados de área construída em um terreno de 88,6 mil metros quadrados. A obra é fruto da parceria do Governo do Estado e do governo federal – e US$ 10 milhões da Organização Mundial da Família (OMF).

“O Hospital da Criança de Maringá é uma conquista do Paraná. Ele vai atender toda a demanda do Noroeste, Norte e Norte Pioneiro, além de ser referência nacional no atendimento especializado. É um projeto de proteção da vida, das famílias, e um dos maiores hospitais do País”, afirma o governador Carlos Massa Ratinho Junior. “Ainda restam R$ 9 milhões de um investimento gigantesco. O Governo do Estado entrou como parceiro nesse projeto e se orgulha dessa conquista”.

O governador destaca que o novo hospital se insere no contexto de regionalização da saúde pública e no aprimoramento da rede de especialidades. “Inauguramos os hospitais regionais de Telêmaco Borba, Guarapuava e Ivaiporã, e a quimioterapia de Guarapuava. O Erastinho está quase finalizado e diversos hospitais públicos e filantrópicos receberam novos leitos de UTI nos últimos meses. Alguns investimentos são parte da estratégia de atuação durante a pandemia, mas, independentemente da pandemia, esses espaços vão ficar como legado aos municípios”, acrescenta Ratinho Junior. “O salto de qualidade na saúde é a rapidez de atendimento e uma rede cada vez mais integrada”.

A Secretaria de Saúde foi responsável por repassar os recursos estaduais para as obras. O aporte federal foi de R$ 90 milhões, e o complemento é fruto dos esforços da própria pasta. “É um ganho inestimável para a saúde pública paranaense. Serão inúmeras especialidades atendidas em um complexo robusto para atender toda a faixa Norte do Paraná. Com essa estrutura de Maringá o Estado será a principal referência da Região Sul em procedimentos complexos para ajudar as crianças, com o Erastinho e o Pequeno Príncipe”, acrescenta o diretor-geral da secretaria, Nestor Werner Júnior.

 

Estrutura

O espaço abriga 13 blocos conectados por um grande corredor central, onde funcionarão 40 leitos de UTI nas alas pediátrica e neonatal, 124 leitos de internação, centro cirúrgico, um hospital-dia, um centro de especialidades, duas recepções, laboratório, centro de imagens e uma ala de ensino e pesquisa.

Os números da obra ajudam a entender o arrojo arquitetônico: 4.850 tomadas, 634 quilômetros de cabo, 3,6 mil luminárias de LED, 299 vasos sanitários, quatro geradores de energia, auditório com 178 lugares e 5 mil metros cúbicos de concreto instalados sobre parte da antiga pista do aeroporto velho de Maringá.

O hospital-dia terá 12 leitos e espaços para tratamento de hemodiálise, recuperação pós-anestésica, três salas de pequenas cirurgias, quimioterapia, sala de infusão (vacina) e anestesia. O centro de especialidades contará com consultório odontológico e outras 28 salas dedicadas a atendimentos diversos em dermatologia, cardiologia, oftalmologia, fonoaudiologia, psiquiatria, entre outros. O atendimento nesses dois espaços será eletivo, referenciado pela atenção primária ou por urgência médica.

O estacionamento oferece capacidade para 645 carros, 66 motos e 64 paraciclos, e o local ainda abrigará, em pequenas estruturas independentes próximas da primeira recepção, uma loja de conveniências, a subestação de energia e a reserva de água. A maioria das peças e dos insumos de estrutura veio do Exterior, mas os equipamentos hospitalares e os móveis foram adquiridos no Brasil.

“São quase 180 leitos no geral para atendimento de todas as especialidades, doenças raras, além de ensino e pesquisa. É um desenho arrojado. É uma conquista para o Paraná, referência no País, assim como o Pequeno Príncipe em Curitiba”, afirma o secretário de Saúde de Maringá, Jair Biato. Segundo ele, a expectativa é de início de algum tipo de atendimento já neste ano e inauguração definitiva de todos os espaços em 2021.

 

Maior obra

O Hospital é a maior obra da OMF no Brasil e espelho de um projeto feito no Líbano, no Oriente Médio, e em Brasília, no Distrito Federal. O Hospital da Criança de Maringá será a 12ª obra inaugurada da entidade no País, parte de um programa de fortalecimento de sistemas locais de saúde. No mundo já foram erguidas mais de 2 mil estruturas para atendimento especializado. A OMF é representada na América Latina pela Unapmif.

O projeto chegou em Maringá depois da inauguração da unidade da Capital do Brasil, em 2018. Representantes da prefeitura e do Ministério da Saúde solicitaram um projeto similar para atender a faixa Norte do Paraná e, mais ou menos nessa época, foi assinado o primeiro termo de cooperação com o município. Depois disso a ideia virou um desenho arquitetônico e foi chancelada pela OMF. À prefeitura, que havia doado o terreno, restou a captação de R$ 124 milhões.

A médica Deisi Noeli Weber Kusztra, presidente da OMF, explica que a concepção do projeto envolve discussões em nível local e internacional. Ele é elaborado em cima das necessidades de cada região. “Fizemos um grupo de trabalho com a Secretaria Municipal de Saúde para levantamento das ideias e colocamos isso dentro de fórmulas. A partir disso criamos uma proposta arquitetônica e voltamos a conversar. Em seguida o projeto foi aprovado e encaminhado para o escritório da organização nos Estados Unidos”, resume a presidente.

“A segunda etapa foi a fabricação das peças e uma nova compatibilização. Uma fábrica produziu, um grupo trabalhou na montagem, outro na codificação. Nossos projetos são como legos, planejados nos mínimos detalhes. Eles seguem uma lógica de produção e montagem que facilita a construção e a futura manutenção”, acrescenta.

A OMF investiu US$ 10 milhões no projeto, principalmente para custear as despesas internacionais. Outra vantagem do apoio da organização desde a concepção foi a possibilidade de aquisição de equipamentos a preço de custo, menores do que as tabelas comerciais tradicionais.

O hospital será entregue com móveis, camas, computadores, equipamentos e insumos, e a Unapmif também disponibilizará treinamentos de fluxo de trabalho para as equipes que vão assumir o dia a dia dos corredores. A prefeitura municipal deve passar a gestão para alguma organização especializada nesse tipo de atendimento.

UNAPMIF

A Unapmif foi criada em 29 de outubro de 1994 com status consultivo da Organização das Nações Unidas (ONU) e, sob orientação da OMF, tem como princípio promover a dignidade humana. A entidade aglutinou diversas associações isoladas de proteção da infância, maternidade e família e desenvolve programas de promoção social, de saúde e de educação. A instituição é chancelada pela OMF e a sede é em Curitiba.

É uma entidade privada, de caráter filantrópico e sem fins lucrativos. As ações na área da saúde e da família ajudam países da América Latina a atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que devem ser cumpridos até 31 de dezembro de 2030. No Paraná são 299 associações com esse caráter, auxiliadas pela Unapmif. A entidade tem um braço de Consultoria e Projetos que apoia os municípios de todo o País.