Afinal de contas, quem manda aqui?

Estrutura política local mostra divisões e acertos em nome da governabilidade. Partidos grandes se alternam no poder

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Atualizado há 11 anos

PSDB, PMDB e PT, os grandes partidos, pelo menos em números, mandam há décadas em União da Vitória e Porto União. Os partidos se alternam no poder e a renovação é acanhada. Basta estudar um pouco as últimas eleições. Em Porto União, desde Ary Carneiro Júnior, ainda no PDS (depois virou PPR, PPB e por último PP), o governo não sai das mãos do PMDB. Alexandre Puzzyna (mandato incompleto), Eliseu Mibach, atualmente no PSDB, completou o mandato de Puzzyna e posteriormente se elegeu por mais quatro anos e Renato Stasiak, que governou o município por oito anos, todos são do PMDB. Na eleição de 2012 o PMDB ficou com a vice e o petista Anízio de Souza foi eleito, quebrando a era peemedebista de 16 anos.

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Pedro Ivo e Jair Brugnago após o resultado das eleições de 2012 (Bruna Kobus/Jornal O Comércio)

Em União da Vitória o PMDB, comando por seis anos com Alcides Fernandes Luiz, depois Mário Riesemberg, do PDT não completou seu mandato, substituído por Fernando Bohrer, do PMDB. Airton Roveda também completou quarto anos de mandato no PMDB. A sequência foi quebrada com Pedro Ivo Ilkiv do PT, depois Hussein Bakri por dois mandatos pelo PSDB e Carlos Alberto Jung pelo PSDB. Pedro Ivo voltou a se eleger prefeito ano passado pelo PT com o PSDB na vice.

Outros partidos não chegam ao poder

Mas então, qual o motivo para os outros partidos não chegarem ao poder? A questão não é simples de ser respondida. Muitos com grande votação não conseguem eleger prefeito, mas elegem vereadores, como é o caso do DEM, PDT, PTB e PSD, em União da Vitória. São chamados coadjuvantes, ou “noiva preciosa”, como se diz nos corredores políticos. São partidos com bom potencial de votos, mas que nunca elegeram prefeitos, ou pelo menos nas últimas décadas. Vez por outra várias lideranças migram de uma sigla para outra. O PSC foi inchado de potenciais candidatos, mas o projeto de eleger prefeito, vice e uma bancada de vereadores naufragou nas eleições do ano passado.

eleições 02Em Porto União nas últimas duas eleições os mesmos candidatos disputaram a eleição. Primeiro Renato Stasiak (PMDB) venceu Eliseu Mibach (PSDB) com Anízio na vice. Em 2012 Anízio venceu de novo com o peemedebista Aloísio Salvatti na vice. As posições só foram invertidas.

Renovação não avança

Infelizmente a política não se oxigena em União da Vitória e Porto União. A juventude ensaia a renovação, mas não existe continuidade. Um exemplo é o jovem Ricardo Manfredini (Tutuca), que prometia ser uma agradável revelação da política em Porto União, mas desistiu depois de ser candidato a vice na chapa de Eliseu Mibach e de uma candidatura a deputado estadual sem sucesso, depois de receber 6.800 votos.

Outras jovens promessas estão a caminho de ser a nova geração política das duas cidades. Com boa formação, aptidão administrativa, entrosamento com a tecnologia, falta experiência política. Muitos têm até medo de entrar na política e preferem modernizar as empresas da família ou contribuir de outras formas. Enquanto isso cada vez que se fala em eleição, os mesmos soldados, já quase indo para a reforma, são chamados para o campo de batalha.

Quem nos representa?

É outro questionamento que não é simples de ser respondido. No Paraná, o representante oficial é o deputado Valdir Rossoni, presidente da Assembleia Legislativa, Biturunense, que tem título de eleitor em União da Vitória. Rossoni é do mesmo partido que o governador Beto Richa. Aliás, foi ele quem lançou Richa ao governo do Estado. Em Brasília quem manda é o PT, mesmo partido do prefeito Pedro Ivo Ilkiv. Teoricamente, apesar do PSDB ser “anti” PT, e vice versa, no município o fato está sendo usado a favor das obras e verbas. Alguns deputados de pouca expressão eleitoral na região buscam um lugar ao sol do potencial eleitoral de União da Vitória.

Em Porto União o deputado Antonio Aguiar, de Canoinhas, foi adotado pelo PMDB local, mas outros políticos também se destacaram, como o atual secretário de Infraestrutura Valdir Cobalchini. Aliás, a jogada do PMDB é fazer uma dobradinha Aguiar/Cobalchini com as bênçãos do PMDB regional. O problema é que tem o deputado federal Mauro Mariani, que tem a simpatia de parte do PMDB.

Outra cultura em Porto União é cada liderança política – vereadores, secretários e até líderes comunitários – terem seus próprios candidatos a deputados. É o fenômeno do pára-quedismo eleitoral, onde os candidatos fracionam a força de votos do município e depois só lembram de Porto União em época de eleição. Mas tem os que nem votos pegaram e ajudam o prefeito, o vice por força de legenda. Vários petistas estão ajudando o prefeito Anizio e vários parlamentares do PMDB, e até do PP, estão auxiliando por meio dos vereadores e pelo vice-prefeito. Como isso vai terminar só as urnas dirão.