Alesc decide pela soltura do deputado Julio Garcia

Com decisão dos deputados, Garcia permanece no mandato de parlamentar e presidente da assembleia.

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Atualizado há 3 anos

A Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) decidiu em reunião no final da tarde desta quinta-feira,21,  pela soltura do deputado Julio Garcia (PSD), que estava em prisão domiciliar após ser detido na Operação Alcatraz. Pela decisão da assembleia, Garcia continua o mandato de parlamentar e como presidente da Casa. Ao todo 30 deputados votaram favoravelmente, três votos foram contrários e houve duas abstenções.

A defesa de Julio Garcia afirma que não há envolvimento dele em qualquer ato ilícito e aponta a inexistência de pressupostos legais e constitucionais que justifiquem a prisão.

Na mesma tarde que os deputados decidiam o destino de Garcia no cargo, um novo mandado de prisão foi cumprido contra ele pela Polícia Federal. Com isso, a tendência é que, com a nova prisão desta quinta, a Justiça notifique novamente a assembleia para que se reúnam e decidam novamente.

O encontro extraordinário da tarde desta quinta foi convocado pelo 1º vice-presidente da Alesc, deputado Mauro de Nadal (MDB). A reunião cumpre o estabelecido pelo artigo 42, parágrafo segundo da Constituição Estadual, que determina que:

Antes da votação nominal dos deputados, o relator do documento, Kennedy Nunes (PSD), disse que a Alesc não estava inocentando Garcia.

“Não estamos aqui inocentando ninguém, não estamos tirando a condenação de ninguém. O flagrante é de 2019. Temos que tomar cuidado com o que é a denúncia e o que é fato. Essa juíza não tem competência pra mandar prender deputado”, disse Nunes.

O deputado Mauro de Natal foi notificado pela Justiça após a deflagração da segunda fase da Operação Alcatraz.

Na decisão, a juíza federal Janaína Cassol apontou a necessidade de afastar Garcia do mandato eletivo por conta da influência do político. A juíza reforçou também considerar que quaisquer medidas restritivas ao político “seriam inócuas – e até inviáveis – sem o afastamento das funções, dada as características da atividade de parlamentar”.

Votação

A votação nominal dos candidatos foi realizada as 18h26. Os deputados Jerry Comper (MDB), Marcius Machado (PL), Paulinha (PDT) estavam ausentes.

  • Ada de Luca (MDB) – Sim
  • Ana Caroline Campagnolo (PSL) – Abstenção
  • Bruno Souza (NOVO) – Não
  • Coronel Mocellin (PSL) – Sim
  • Vicente Caropreso (PSDB) – Sim
  • Fabiano da Luz (PT) – Sim
  • Felipe Estevão (PSL) – Sim
  • Fernando Krelling (MDB) – Abstenção
  • Ismael dos Santos (PSD) – Sim
  • Ivan Naatz – Sim
  • Jair Miotto (PSC) – Sim
  • Jerry Comper (MDB) – Ausente
  • Jessé Lopes (PSL) – Não
  • João Amim (PP) – Sim
  • José Milton Scheffer (PP) – Sim
  • Kennedy Nunes (PSD) – Sim
  • Laércio Schuster (PP) – Sim
  • Luciane Carminati (PT) – Sim
  • Luis Fernando Vampiro (MDB) – sim
  • Marcius Machado (PL) – Ausente
  • Marcos Vieira (PSDB) – Sim
  • Marlene Fengler (PSD) – Sim
  • Mauro de Nadal (MDB)– Não vota porque é presidente
  • Milton Hobus (PSD) – Sim
  • Moacir Sopelsa – Sim
  • Nazareno Martins (PSB) – Sim
  • Neodi Saretta (PT) – Sim
  • Nilso Berlanda (PL) – Sim
  • Padre Pedro Baldissera(PT) – Sim
  • Paulinha (PDT) – Ausente
  • Ricardo Alba (PSL) – Sim
  • Rodrigo Minotto (PDT)– Sim
  • Romildo Titon(MDB) – Sim
  • Sargento Lima (PSL) – Não
  • Sergio Motta (Republicanos) – Sim
  • Silvio Dreveck (PP) – Sim
  • Thatianne Teixeira (MDB) – Sim
  • Valdir Cobalchini (MDB) – Sim
  • Volnei Weber (MDB) – Sim

 

Operação Alcatraz

A segunda fase da operação, chamada de “Hemorragia”, tem como alvo uma suposta organização criminosa suspeita de corrupção, fraude em procedimentos licitatórios e lavagem de dinheiro em Santa Catarina.

Conforme a investigação a Polícia Federal, ao menos R$ 500 milhões teriam sido pagos pelo governo para as principais empresas de tecnologia por cerca de 10 anos e a suspeita da PF é de fraudes que ultrapassam R$ 50 milhões.

Segundo o chefe da Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros da Polícia Federal do Estado, Rodrigo Muller, participavam do esquema integrantes de primeiro escalão do governo, como secretários, ex-secretários, ex-secretário-adjunto, ex-governador e membros do poder legislativo. “Mas há também servidores do núcleo tecnológico dessas secretarias que atuavam na situação relacionada ao direcionamento dos certames”, disse

A Polícia Federal, junto com Ministério Público Federal (MPF) e Receita Federal, já conseguiu recuperar cerca de R$ 20 milhões. Nesta fase, foram apreendidos carros de luxo, dinheiro e feito o sequestro de bens dos investigados.