Artigo: O Real e o Dragão

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Atualizado há 11 anos

Durante quase duas décadas nosso país viveu em tranquilidade social, com inflação controlada, estabilidade monetária, poder de compra da população garantido, equilíbrio fiscal e prosperidade.
Não há quem conteste na imensidão deste país o fato de que isso aconteceu por causa da implantação do Plano Real, conduzido pelo então ministro Fernando Henrique Cardoso e depois sedimentado em seus dois governos como presidente.

O PT, que em seguida ocupou o poder, foi contra. Mas assim que assumiu, se rendeu às evidências e manteve o Real.

Lula, então pré-candidato à Presidência, esqueceu, para variar, o que tinha dito antes da implantação do plano, no dia 1 de julho de 1994. “Vai congelar a miséria”, foi o que ele disse na época, preocupado com a própria liderança.

Pois não congelou. E os benefícios sociais que vieram depois já estavam implantados por Fernando Henrique e foram bancados exatamente pela estabilidade e desenvolvimento econômicos alcançados rapidamente.

No entanto, a receita foi rasgada pela sucessora de Lula. Hoje, quando comemoramos o aniversário do Real, vemos um país em convulsão. O povo está nas ruas clamando por melhores serviços públicos e sem saber o que fazer com os endividamentos, diga-se de passagem, alimentados por um governo que gasta muito mal e gasta mais do que arrecada.

A carga de impostos sobre os ombros do trabalhador, das empresas, dos estados e dos municípios é abusiva e não tem retorno.
De repente, como fruto de uma péssima administração, chegamos à situação de ser um país com produção em queda livre, que resulta no tal pibinho e inflação em alta.

O dragão que mete medo em todos está aí. O descontrole na condução das obras da Copa do Mundo acirrou ainda mais os ânimos porque os gastos explodiram.

As notícias sobre corrupção, que resultaram no mensalão dos condenados pelo STF, estão aí. E os jogos da seleção brasileira com os estádios cercados de manifestantes em confronto com a polícia.

O Plano Real ganhou esse nome porque se propôs a colocar ordem numa baderna econômica que fez o país chegar a 916,46% de inflação no ano de 1994.
Houve a desindexação da economia, abriu-se o processo de privatizações, retomou-se o equilíbrio fiscal, puxou-se o freio-de-mão nos gastos e adotaram-se políticas monetárias restritivas.

Guido Mantega, atual ministro da Fazenda, foi um crítico feroz do plano. Ele disse que “os arquitetos do real não pouparam sua imaginação para lançar velhas ideias com aparência de novas”.

Hoje ele parece perdido no comando da economia e é especialista em tentar dourar uma pílula que não existe. É o ministro do pibinho que refaz a cada semana seus cálculos de expansão da economia. E estes números estão no chão.

O Brasil vive um momento delicado, com seus governantes e políticos tentando fórmulas mágicas para atender a pauta de reivindicações.
O problema é que o povo está sentindo no bolso o descontrole.

E ele estava acostumado com os anos que se sucederam ao Plano Real.

Essa é a verdade que precisa ser lembrada neste aniversário.

 Deputado Valdir Rossoni
                                                    Presidente do PSDB-PR e da Assembleia Legislativa