CPMI aponta que Governo publicou 653 mil anúncios em canais de notícias falsas

Um dos anúncios aconteceu em site de múmias alienígenas escondidas em pirâmides do Egito

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Atualizado há 4 anos

(Foto: Geraldo Magela/Agência Senado).
(Foto: Geraldo Magela/Agência Senado).

O Governo Federal publicou 653.378 anúncios em 47 canais de notícias falsas. Foi o que apurou a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito – CPMI das Fake News no Congresso Nacional. O levantamento envolve a campanha “Nova Previdência” do governo, entre 6 de junho e 13 de julho de 2019.

O documento se baseia em informações enviadas pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), por meio do Serviço de Informação ao Cidadão (e-SIC). Ele foi  produzido por consultores legislativos do Congresso.

A análise aponta para existência de inserção de publicidade em sites de notícias falsas, além de outras publicações que estão sendo acompanhadas pela CPMI.

Segundo o documento publicações foram feitas nos sites Jornal 21 Brasil (84.248 impressões), Imprensa Viva (65.661 impressões), Gospel Prime (44.750), Diário do Brasil (36.551 impressões) e Jornal da Cidade Online (30.508 impressões).

O campeão de veiculação segundo a apuração da CPMI foi o site “Sempre Questione”, com 66.431 impressões. Entre os conteúdos do site, múmias alienígenas escondidas em pirâmides do Egito.

Canais dedicados a promover a imagem do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), também foram apontados no levantamento. Foram publicados anúncios canal de youtube Bolsonaro TV e os aplicativos para celular “Brazilian Trump”, “Top Bolsonaro Wallpapers” e “Presidente Jair Bolsonaro.

A apuração identificou 2.065.479 impressões de anúncios do Governo Federal em canais de conteúdo inadequado (4,37% das 47.188.047 impressões avaliadas).

Os anúncios foram publicados na rubrica “Google Adsense”, sem identificação dos veículos anunciantes, o que segundo técnicos do levantamento há pouco controle sobre os reais fornecedores do espaço publicitário.

“Além disso, é muito difícil ou mesmo impossível identificar os proprietários da maior parte dos canais que recebem anúncios do Governo Federal por meio do Google Adsense, algo que põe em risco a avaliação do cumprimento dos requisitos legais necessários para que uma entidade se habilite como fornecedor de um produto ou um serviço ao Poder Público”, indica o documento.