Live em que Bolsonaro associa vacina à AIDS é removida de redes sociais

Associação não possui respaldo científico; oposição protocolou notícia-crime contra presidente por conta de suas declarações

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Atualizado há 2 anos

O Presidente Jair Bolsonaro (sem partido) compartilhou, em sua tradicional live de quinta-feira, realizada no dia 21, uma suposta relação entre a vacina contra a Covid-19 e a Aids. Segundo Bolsonaro, a relação afetaria pessoas com esquema vacinal completo. A fala do Presidente, contudo, não tem comprovação científica. Devido ao fato, o vídeo em questão foi removido do Facebook e do Instagram na manhã de domingo, 24.

Em nota, a Unaids informou que a notícia apresentada pelo Presidente é falsa e “que não há evidência científica de associação entre receber a imunização completa e ter mais risco para adoecer em decorrência da Aids.”

A Unaids disse, ainda, que as formas de transmissão do HIV são amplamente conhecidas e que o estigma e preconceito relacionado ao vírus impulsionam a desigualdade e prejudicam o acesso à ferramentas de tratamento disponíveis no país.

O Comitê de HIV/Aids da Sociedade Brasileira de Infectologia também se manifestou sobre o ocorrido. Em nota divulgada no sábado, 23, esclareceu que “não se conhece nenhuma relação” entre qualquer vacina contra a covid-19 e o desenvolvimento de Aids. “Repudiamos toda e qualquer notícia falsa que circule e faça menção a esta associação inexistente”, diz a nota.

A fala de Bolsonaro também gerou movimentação na oposição. Na manhã de segunda-feira, 25, a bancada do PSOL na Câmara e o deputado federal Túlio Gadelha (PDT-PE) protocolaram uma notícia-crime contra o presidente por realizar a associação entre a vacina e o vírus da Aids.

Integrantes da CPI da Covid também informaram que devem incluir no relatório final da comissão as declarações de Bolsonaro realizadas em sua última live. “Além disso, encaminharemos ofício ao ministro Alexandre de Moraes [STF], pedindo que Bolsonaro seja investigado por esse absurdo no âmbito do inquérito das fake news e recomendaremos às plataformas de redes sociais a suspensão e/ou o banimento do presidente”, relatou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI.