CAFÉ: Consumo excessivo não faz bem

Especialistas recomendam a ingestão moderada

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Atualizado há 5 anos

Café é bom, mas precisa ser consumido sem exagero (Fotos: Mariana Honesko).
Café é bom, mas precisa ser consumido sem exagero (Fotos: Mariana Honesko).

O café marca o começo de um novo. Marca as reuniões de trabalho. É figura presente no lanche da tarde. Querida nacionalmente, a bebida protagoniza inúmeras pesquisas cientificas. Ora é bom para a saúde, ora prejudicial.

Matéria publicada pela Agência Brasil coloca o queridinho nacional como vilão. Na verdade, não é exatamente ele, mas o excesso de seu consumo. “O consumo habitual de mais de três xícaras de café de 50 ml por dia aumenta em até quatro vezes a chance de pessoas geneticamente predispostas apresentarem pressão arterial alta. A descoberta faz parte de um estudo desenvolvido na Universidade de São Paulo (USP) e publicado na revista Clinical Nutrition. Estudo anterior mostra, por outro lado, que o consumo moderado de café (de uma a três xícaras por dia) tem efeito benéfico sobre alguns fatores de risco cardiovascular – particularmente a pressão arterial”, informa parte do texto.

Para os profissionais sondados pela reportagem no Vale do Iguaçu, de fato, é preciso frear o consumo. “Realmente, o consumo excessivo de cafeína pode causar efeitos adversos como irritabilidade, dores de cabeça, insônia, diarreia e palpitações do coração”, pontua a nutricionista, Mauren Salvador.

E para quem gosta de café com bastante açúcar, o alerta é ainda mais forte. “Aquele café melado não vai ajudar a perder peso. Então, independente do que for usar, açúcar ou adoçante, use pouco. Assim poderá usufruir dos seus benefícios de forma correta. E se quiser saber o real sabor do café, comece a tomar sem nada”, diz.

Mocinho

Andreia Machado Miranda, pós-doutoranda no Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da USP (FSP-USP), uma das “cabeças” do estudo, explica que o café pode ser protetor para a saúde do coração se usado de forma moderada, mas também pode ser vilão para pessoas predispostas a hipertensão e em doses exageradas.

Segundo Andreia, isso ocorre porque o café é uma mistura de mais de 2 mil compostos químicos. “A hipótese do nosso estudo é que mais de três xícaras podem aumentar as chances [de pressão alta] pela presença da cafeína. A cafeína está associada com a resistência vascular, ou seja, a dificuldade com a passagem do fluxo nos vasos, e também provoca vasoconstrição, que é a contração a nível dos vasos sanguíneos, o que dificulta a passagem do fluxo e tudo isso faz com que haja um aumento da pressão arterial”, explicou.

Os polifenóis, por sua vez, seriam os responsáveis pelas ações benéficas. “São compostos de origem vegetal que não são sintetizados pelo organismo, então precisam ser obtidos pela dieta. Eles têm elevado poder antioxidante, tem uma ação antitrombótica, que significa que impedem a formação de trombos nos vasos, e promovem uma melhoria da vasodilatação, ao contrário do efeito da cafeína”, elencou a pesquisadora.

“As evidências científicas sugerem que o consumo moderado (de três a quatro xícaras pequenas por dia) de cafeína pode aumentar o gasto energético de repouso, diminui a sensação de esforço associado à atividade física e melhorar o desempenho físico, motor e cognitivo”, completa, Mauren Salvador.

No cafezinho, mais de um quilo de pó por dia

Rosa Kovalski, que por muito tempo foi dona do café do quiosque (aquele que ficava no calçadão e depois na canaleta da Manoel Ribas, em União da Vitória), voltou a atender – e vender café. No seu espaço, a bebida segue sendo o carro-chefe das vendas.

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Neste Inverno, por exemplo, em dias de altas vendas, Rosa já chegou a preparar mais de 150 xicaras. “Gasto muito mais que um quilo. No forte do Inverno, vai muito mais”, conta.

Procuram pelo cafezinho da Rosa, um público bastante diversificado: são homens, mulheres e até crianças, que degustam dele. “O grão do café é o segredo. Tem que ser um grão tipo exportação, um grão muito bom. Depois, é preciso acertar o ponto certo da água, que não pode ser quente demais para não queimar o pó”, revela a comerciante.

Rosa não é apenas comerciante: ela também é fã de um bom cafezinho.