A redução dos índices de perda e desperdício de alimentos ainda é uma questão essencial em todo o mundo. Estimativas da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) indicam que 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são perdidos no planeta a cada ano, cerca de 30% do total produzido. É muita coisa.
E no Brasil, o assunto também é um problema. Dos 268,1 milhões de toneladas de alimentos disponíveis no País em 2013, 26,3 milhões, ou quase 10%, foram perdidos, segundo levantamento da FAO. “Toneladas de alimentos são desperdiçados todos os dias, desde a colheita, transporte, armazenamento e também na comercialização em excesso. A falta de informação ou desinteresse da população por diversos alimentos resulta em jogar fora o que poderia ser transformado em uma refeição saudável e muito saborosa”, comenta a nutricionista, Luana Klein Burtet.
E pensar que dentro da cozinha, também tem desperdício. “Algumas maneiras de se evitar o desperdício é o aproveitamento integral dos alimentos, onde é possível utilizar desde a casca, semente e até a raiz”, orienta a profissional. Entre as sugestões da nutricionista estão, por exemplo, a o uso das cascas e dos talos em farofas, sopas e refogados, por exemplo.
Usar planejamento na hora de realizar as compras, para que não exista desperdício no acúmulo desnecessário de comida, é outra sugestão. “Muito importante dar atenção especial para a conservação do alimento comprado. Refrigerar, embalar ou manipular de maneira que o alimento não se deteriore antes do seu tempo de consumo”, completa Luana (veja mais no quadro).
No Brasil, a mais importante iniciativa relativa ao tema foi divulgada em abril deste ano. Trata-se da Estratégia Intersetorial para a Redução de Perdas e Desperdício de Alimentos no Brasil. Elaborada pela Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan) – órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) –, a medida tem como objetivo principal coordenar ações voltadas à prevenção e redução das perdas e desperdício de alimentos.
Campanha
Além da estratégia para reduzir o desperdício, neste ano, o Brasil realizará, pela primeira vez, a Semana Nacional de Conscientização da Perda e Desperdício de Alimentos. A data foi instituída em portaria de maio do Ministério do Meio Ambiente e deve ser realizada anualmente, sempre na quarta semana de outubro, com a participação de todos os setores da sociedade.
Perda e desperdício: entenda as diferenças
A FAO distingue as definições sobre perda e desperdício de alimentos. O primeiro termo se refere à redução da disponibilidade de alimentos para consumo humano ao longo da cadeia de abastecimento alimentar, em especial nas fases de produção, pós-colheita e processamento. Segundo o órgão, a perda prevalece nos países em desenvolvimento. Já o desperdício ocorre no final da cadeia alimentar (varejo e consumo), e estaria mais associado às nações desenvolvidas.
DICAS
Todas as pessoas podem fazer sua parte para ajudar a atingir a meta das Nações Unidas, que é reduzir pela metade o desperdício de alimentos per capita mundial até 2030. No site do Portal Brasil, existe uma lista de orientações. Aqui vão algumas:
Planejar a compra
Muitas pessoas adquirem uma grande quantidade de determinados produtos sem precisar deles. Além disso, é comum que, ao longo do mês, esqueçam de utilizar alguns alimentos. Por isso, vale sempre a dica: comprar somente o que for necessário.
Uso das sobras
Buscar informações sobre como reaproveitar os alimentos que sobram. Um exemplo são as frutas, que podem ser transformadas em compotas. Além disso, verificar quais alimentos podem ser congelados e reaquecidos posteriormente.
Calcular as porções
Antes de preparar a refeição, contar o número de pessoas que vão comer para evitar o desperdício.
Cuidados com o manuseio
É comum que as pessoas escolham alimentos, especialmente legumes e frutas, apalpando-os. Muitas vezes, a falta de cuidado faz com que o alimento seja devolvido para as gôndolas “machucado”, e a tendência é de não ser mais consumido. Por isso, é importante manejá-los com cautela.