DIABETES: Doença mal controlada pode levar a amputação dos pés

Médico Airton Mota Moreira, aponta caminhos para controle e prevenção

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Atualizado há 5 anos

(Foto: Reprodução).
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No final do mês de junho, no dia 26, foi lembrado em todo o País, o Dia Nacional do Diabetes, data criada para conscientizar a população sobre os riscos da doença. E não é para menos: alguns dados recentes revelam um crescimento de mais de 61% nos últimos dez anos. Isso significa que, entre 2006 e 2016, as taxas foram de 5,5% da população para 8,9%, conforme pesquisas sobre o tema.

E, se por um lado, os dados crescentes soam alarmantes, por outro, pode ser também resultado de diagnósticos mais precisos e mais precoces em meio à realidade: cerca de metade dos pacientes não sabe que tem a doença.

Nos pés

Estima-se que uma em cada quatro pessoas com diabetes pode ter problemas nos pés ao longo da vida. A Polineuropatia Diabética (PND), uma complicação que afeta 50% dos pacientes, é o fator mais importante para as úlceras nos pés dos pacientes diabéticos e precedem 85% das amputações.

Segundo o Ministério da Saúde, por exemplo, 70% das cirurgias para amputação de membros inferiores (pernas, pé, dedos dos pés) no Brasil têm como causa o diabetes mal controlado: são 55 mil amputações anuais.

“O descontrole metabólico leva o desencadeado de dois processos principais envolvendo o Diabetes. Um, leva à uma degeneração neurológica e acometimento dos pequenos vasos, que também gera deficiente de sangue nas extremidades. Isso tudo, pode levar a infecção, a abertura de úlceras e a na sequência, pode-se chegar à necessidade de amputação”, confirma o médico da Carnevale Radiologia Intervencionista Ensino e Pesquisa (Criep), Airton Mota Moreira. “A incidência das complicações nos membros inferiores é elevada em que tem Diabetes. Cerca de 25% dos pacientes poderão ter problemas”.

Sobre o assunto, pontualmente sobre os efeitos nos pés dos diabéticos, o profissional conversou, por telefone, com a reportagem da CBN Vale do Iguaçu e do jornal O Comércio (leia parte da entrevista no quadro).

“A incidência das complicações nos membros inferiores é elevada em que tem Diabetes. Cerca de 25% dos pacientes poderão ter problemas”

Mas, o que é Diabetes?

É um termo que abrange um grupo de distúrbios do metabolismo da glicose associados a defeitos na secreção ou ação da insulina. Além da alteração glicêmica, a doença pode causar o comprometimento de diversos órgãos e sistemas. O pâncreas é o órgão que produz a insulina, hormônio essencial para o controle dos níveis de açúcar no sangue.

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Entrevista

Jornal O Comércio (JOC) – Toda pessoa que é paciente de Diabetes, poderá ter problemas nos pés ao longo da vida?

Airton Mota Moreira (Moreira) – A incidência das complicações é elevada nessa população. Essas complicações estão ligadas ao que o Diabetes provoca na parte circulatória e neurológica.

JOC – Diabéticos com mais tempo em tratamento, tem maiores riscos?

Moreira – As manifestações costumam aparecer do quinto ao décimo ano do diagnóstico. Alterações renais, cardíacas, além das extremidades, aparecem sim.

JOC – No corte das unhas e a escolha dos sapatos, é preciso ter cuidado?

Moreira – Isso é fundamental para os pacientes com Diabetes. Uma área cortada, um sangramento, podem abrir os processos infecciosas. O corte das unhas deve ser quadrado, devem-se secar os pés muito bem. Quem cuida dos pés de um paciente, precisa cuidar muito bem para evitar traumas. Com a perda da sensibilidade, qualquer temperatura elevada pode ser supervalorizada. Algo que parece morno, pode estar muito quente e leva às queimaduras. Por isso, é preciso cuidar. No caso dos sapatos, o diabético deve evitar calçados que possam machucar. A proteção é fundamental. Um tênis, algo mais protegido, é interessante.

JOC – No Brasil, com a sua experiência, a causa de Diabetes mal controlada, é uma epidemia?

Moreira – Existe uma grande dificuldade no diagnóstico da doença por serem a maioria dos pacientes do tipo 2, quando há apenas uma resistência da insulina. A falta de diagnostico faz com que a pessoa se torne diabético mais grave. É importante que o governo como um todo, facilidade o acesso da prevenção, para todos.