A propaganda não é enganosa e é de encher os olhos. A promessa é de um corpo delineado, de músculos torneados e fortes, de quilos a menos. Sim, algumas modalidades de esporte prometem tudo e até mais. E de fato garantem isso. Acontece que nem todo mundo se adapta a algumas versões das atividades oferecidas. No impulso de acreditar que dá conta, surgem lesões e machucados bem sérios, que só se “consertam” com fisioterapia, com afastamento da academia e até com cirurgias.
No Vale do Iguaçu, por exemplo, os médicos têm atendido um número interessante de pessoas lesionadas por conta dos exercícios mais intensos. Esse número cresceu muito no último ano, preocupando os profissionais da área da saúde. Conforme um médico, que pediu para não ser identificado mas que atende casos de pessoas lesionadas no esporte, as principais lesões são no joelho (menisco) e no quadril (cartilagem). “Na maioria das vezes, acaba necessitando cirurgia”, comentou. Quando o tratamento dispensa a operação, a fisioterapia intensa, combinado com o uso de anti-inflamatórios, é recomendada. “Mas é um processo longo”, ressalta.
Incidência
Apontado como vilão, o Crossfit, é um grande sucesso das academias. Ele usa o próprio corpo nos exercícios e potencializa as principais capacidades físicas do ser humano, como a resistência respiratória e cardiovascular, a resistência muscular, a flexibilidade, força, coordenação, potência, agilidade, equilíbrio e velocidade. Ele mistura exercícios funcionais feitos em alta intensidade e, por isso, dependendo do caso, pode machucar o corpo. Porém, ele não é o bicho papão dessa história. É que comparado com outras modalidades esportivas, o Crossfit parece até brincadeira de criança.
Um recente estudo brasileiro, feito pela Santa Casa de São Paulo, traz alguns números: entre os entrevistados, são 31% que relataram machucados no cross, contra 60% no futebol. Uma publicação esportiva internacional aponta número parecidos: são 3,1 lesões a cada mil horas de treino. No futebol a taxa é de 7,6 e no judô, 16,3. “O crossfit é uma modalidade bem intensa de atividade. Até para quem não está acostumado, é preciso antes conhecer seus limites. Porque nem tudo o que está na moda, serve para mim, certo?”, avalia a educadora física, Silvia Cochan Marcon, proprietária da Academia Corpo Mania. “Até onde vão seus limites? ”, completa.
Contudo, é possível se machucar até na natação, prática esquecida no assunto lesão. Tudo vai depender do comportamento de quem pratica. “Para iniciar qualquer atividade física, antes é importante uma visita ao médico. Se você está com o organismo dez, faz, mas, aos poucos, devagar, ou você vai se lesionar”, orienta Silvia. Para ela, o ideal é começar uma atividade física gradativamente e depois se aventurar em conhecer os limites. “Na hora da atividade, também vale fazer um aquecimento, um alongamento e depois partir. Experimenta. Não gostou? Existem inúmeras possibilidade. Não precisa fazer o que está na moda. É legal fazer algo que incentive a continuar. Porque as vezes você vai com sede ao pote e não tem todos os benefícios”, explica.
Entenda dois dos principais MODISMOS
O tão sonhando ‘tanquinho’
Exercícios que aumentam a frequência cardíaca, como a corrida, ajudam a secar a gordura do corpo e fazer com que os gominhos da barriga apareçam. Portanto, para ter um abdômen chapado, é preciso mais que abdominais. Por isso, não adianta ‘se matar’ em repetições exageradas de abdominais. Especialistas no assunto dizem que exagerar nos abdominais não vai definir os músculos da região, sem contar que as chances de fazer o exercício de forma errada são maiores nesse caso.
Quanto mais pesado, melhor
Halteres e caneleiras realmente dão a impressão de que se está potencializando os exercícios voltados à queima de calorias. Mas esse é mais um dos modismos. O uso aumenta os riscos de estresse nas articulações e, claro, de lesões. Além disso, conforme um estudo realizado na Universidade do Novo México, nos Estados Unidos, em longo prazo, o uso de pesos na execução de aeróbicos não garante resultados melhores.