Em 15 dias, três focos de Aedes aegypti são encontrados em Canoinhas

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Atualizado há 5 anos

O setor de controle de endemias do Ambulatório Municipal de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde de Canoinhas confirmou esta semana que foram encontrados três focos do mosquito Aedes aegypti no perímetro urbano. Em 15 dias foram confirmados dois focos no bairro Jardim Esperança e um no Centro.

Aedes aegypti é transmissor de doenças como dengue, zika vírus, chikungunya e febre amarela. Historicamente, Canoinhas teve no ano de 2013 a confirmação de dois focos. Em 2015 foram sete focos e, em 2018, apenas um foco foi localizado. Por isso a situação é de alerta.

Sobre o mosquito

Segundo a bióloga do Ambulatório Municipal de Epidemiologia, Cristina Brandes Grosskopf, no Brasil o mosquito tem como criadouros preferenciais os mais variados recipientes de água domiciliares e peridomiciliares: pneus sem uso, latas, garrafas, pratos com vasos, caixas d’água descobertas, piscinas sem uso, ralos desativados, calhas, lages, bromélias, ocos de árvores, etc. O mosquito possui hábitos diurnos, ou seja, a hematofagia (alimentação), cópula (reprodução) e oviposição (postura de ovos) ocorrem durante o dia. Vive de 15 a 20 dias e leva em média sete dias de ovo a adulto. Os ovos são colocados em grupos (10 a 30 ovos por criadouro), são resistentes à dessecação, podendo permanecer por mais de um ano. A fêmea se alimenta de sangue humano a cada três dias em média; e uma fêmea infectada pode ter várias alimentações sanguíneas curtas em diferentes hospedeiros, disseminando assim o vírus.

Monitoramento

O setor de controle de endemias do Ambulatório Municipal de Epidemiologia de Canoinhas atua em toda a área urbana do município fazendo a vigilância do vetor em 197 armadilhas instaladas em imóveis comerciais e 55 pontos estratégicos, como cemitérios, borracharias, depósitos de sucata, depósitos de materiais de construção, e qualquer outro estabelecimentos com risco para a entrada do vetor. A finalidade básica das armadilhas é a detecção precoce da presença do mosquito Aedes aegypti. As larvitrampas, como assim são denominadas, são depósitos feitos com pneu de moto e devem ser instaladas em locais onde não existam outras opções para a postura da fêmea do Aedes aegypti, mas que podem servir como porta de entrada do vetor adulto, como é o caso de terminais rodoviários, transportadoras, supermercados, casa de caminhoneiro, hotéis, postos de gasolina em estradas, residência etc.

Além dessas ações de rotina, o setor de controle de endemias atua em ações esporádicas como Pesquisa Vetorial Especial (PVE), que consiste na procura eventual de Aedes aegypti em função de notificação de caso suspeito de dengue, febre de chikungunya e zika vírus em áreas não infestadas pelo vetor e Investigação de Denúncia (ID) que procura Aedes aegypti em função de denúncia da sua presença e deve ser realizada em áreas não infestadas, independentemente da classificação do município (infestado ou não infestado).

Após detecção de foco de Aedes aegypti nas atividades descritas acima devem ser realizadas as seguintes ações de controle para eliminação do vetor como a Delimitação de Foco (DF) que considera um raio de 300 metros a partir do imóvel do foco e realiza a visita domiciliar com inspeção em 100% dos imóveis com pesquisa larvária e tratamento focal de recipientes que não podem ser eliminados. E após dois meses da data de identificação do foco, a equipe retorna ao local para fazer o Levantamento de Índice e Tratamento (LIT), revisitando todos os imóveis visitados na DF.

Ainda assim é necessário realizar ações complementares para construir um diagnóstico real da situação de infestação do município pelo Aedes aegypti, e fazer a proposição de estratégias para as dificuldades encontradas. Essas ações são realizadas regularmente e muitas atividades são desenvolvidas com outras áreas do setor da saúde (equipes de ESF, Agentes Comunitários de Saúde, Vigilância Epidemiológica, Vigilância Sanitária, entre outros) e com outros setores como: obras, limpeza pública, infraestrutura, educação etc. Essas ações são de extrema importância para a conscientização e participação comunitária na eliminação de recipientes que possam servir de criadouros ao vetor, promovendo, assim, o saneamento domiciliar.

Responsabilidade de todos

Cristina lembra que apesar do empenho do setor público, isso não exime a população de fazer a parte dela. A única maneira de evitar o Aedes aegypti é não deixar o mosquito nascer. Para isso:

• Evite que a água da chuva fique depositada e acumulada em recipientes como pneus, tampas de garrafas, latas e copos.

• Não acumule materiais descartáveis desnecessários e sem uso em terrenos baldios e pátios.

• Trate adequadamente a piscina com cloro. Se ela não estiver em uso, esvazie-a completamente sem deixar poças de água. Manter lagos e tanques limpos ou criar peixes que se alimentem de larvas.

• Lave com escova e sabão as vasilhas de água e comida de seus animais de estimação pelo menos uma vez por semana. 

• Coloque areia nos pratinhos de plantas e remova duas vezes na semana a água acumulada em folhas de plantas. Em bromélias, utilizar jato forte de água na axila das folhas a cada dois dias. 

• Mantenha as lixeiras tampadas, não acumule lixo/entulhos e guarde os pneus em lugar seco e coberto.

• Os locais mais prováveis para que a fêmea coloque os ovos são os que ficam à sombra e com água limpa.