Exposição demais não faz bem

Ventiladores e ar-condicionado refrescam, mas intensidade no uso pode prejudicar a saúde

·
Atualizado há 10 anos

Por Mariana Honesko

Gráfico VerãoEscritórios, salas de espera, residências e automóveis tentam blindar a sensação de calor. Do lado de fora, inclusive nas Cidades Irmãs, os termômetros marcam 35 e, não raro, 40 graus. Para escapar de tanto calor, muitos optam pelos equipamentos convencionais. Na lista de preferência aparecem os ventiladores, aparelhos de ar-condicionado e os climatizadores.

O calor intenso, registrado especialmente nos últimos dias de dezembro e início de janeiro, renderam boas vendas nas lojas especializadas. Na Casa Estrela, em União da Vitória, em apenas uma semana cerca de 70 ventiladores, dos mais variados modelos e preços, foram vendidos. “Vendemos também muitos climatizadores”, lembra a vendedora Sandra Kulicz. Na Comercial Bandeirante, a venda está aquecida desde outubro. “Quando saiu para valer mesmo”, sorri a vendedora Franciele Amanda Rocha. A pausa nas vendas só deve ocorrer, de fato, em abril, quando o tempo volta a esfriar. As lojas oferecem modelos para todos os gostos e bolsos: os mais simples e menores custam menos que R$ 70. Para os mais exigentes, há opções que chegam perto dos R$ 300.

Mas, nos bastidores do clima mais ameno, gerado com um simples toque no controle ou uma ligação na tomada, escondem-se problemas. Excessos podem ser prejudiciais à saúde. Essa é a avaliação do pneumologista Beneval Sancho Moreira, médico que atua em União da Vitória. “Se o uso for frequente, ocorre o resfriamento do corpo. É uma pré-hipotermia, que leva à baixa imunidade. Isso provoca viroses, infecções”, aponta.

Verão  -  Beneval
Para Beneval Sancho Moreira, extremos são perigosos e exigem atenção

Sancho Moreira não recrimina o refresco natural do tempo, porém, incentiva temperaturas moderadas, bem como recomenda a exposição moderada aos efeitos. Para o ar-condicionado, por exemplo, sugere temperaturas que oscilam entre 20 e 22 graus. Os números, garante o médico, evitam o choque-térmico. “O choque exige muito do organismo e uma adaptação rápida desgasta muito o organismo”, explica.

Os ventiladores, mais simples e baratos, também são menos nocivos. Mesmo assim, a exposição intensa é sinônimo de danos. O ideal é que eles sejam ligados voltados para as paredes. O efeito, mais brando, é um pouco lento, mas funcional. “Os dois extremos, frio demais ou calor demais, não são bons”, pontua.

Nas mudanças de temperatura, crianças e idosos sofrem mais. No caso dos baixinhos, os danos são grandes por conta da imaturidade do organismo. Já nos idosos, há ainda outros agravantes. “Muitos têm problemas mais graves por conta das lesões causadas por cigarro, exposições há muito mais tempo em ar-condicionado, ventiladores e também por algumas complicações na parte cardíaca”, avalia o médico.

Arte/Renan Senff
Arte/Renan Senff

Hidratação é sempre bem-vinda

O consumo de água, recomendado por outros profissionais e sugerida para qualquer ocasião, também pode representar um alívio para organismos mais sensíveis. A hidratação, que também permite a ingestão de sucos naturais e chás, contribui, inclusive, para que renites e asmas, por exemplo, tenham seus efeitos minimizados. A recomendação é que até dois litros de líquidos sejam consumidos por dia. Para quem tem crises alérgicas mais fortes, o uso de medicamentos preventivos é sugerido. “Temos os fitoterápicos e os medicamentos preventivos, que também ajudam”, sinaliza o pneumologista.