Hospital Regional de União da Vitória realizou sua primeira captação de órgãos

Procedimento aconteceu nesta quinta-feira, 13, e só foi possível porque a família autorizou a doação

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Atualizado há 4 anos

O Hospital Regional de União da Vitória realizou nesta quinta-feira, 13, a primeira captação de órgãos para transplante.

O processo de treinamento dos profissionais começou ainda no ano passado. E a expectativa era começar a realizar essas captações ainda no primeiro semestre de 2020.

Segundo a equipe, a abordagem familiar ainda é o principal obstáculo. Por isso, a maneira como se explica a morte encefálica é primordial.

Morte encefálica

A morte encefálica é a definição legal de morte. É a completa e irreversível parada de todas as funções do cérebro. Isto significa que, o sangue que vem do corpo e supre o cérebro é bloqueado e o cérebro morre.

A morte encefálica é comprovada através de exames que seguem padrões médicos. São testes que incluem um exame clínico para mostrar que o paciente não tem mais reflexos cerebrais e não pode mais respirar por si próprio. Em muitos casos, os testes são realizados duas vezes, com intervalo de várias horas, para assegurar um resultado exato.

Um outro teste inclui o exame do fluxo sanguíneo (angiograma cerebral) ou um eletroencefalograma. Esses testes são feitos para confirmar ausência do fluxo sanguíneo ou da atividade cerebral.

A morte neste caso é baseada na ausência de todas as funções neurológicas. A comprovação é feita por um neurocirurgião.

O coração continua a bater, porque este paciente está recebendo oxigênio através da ventilação artificial, ou seja, o paciente está respirando com a ajuda de aparelhos.

Quando isso acontece a equipe preparada aborda os familiares e explica todo procedimento. Quando a família diz sim, uma luta contra o tempo começa. E uma grande logística é montada. Afinal, um único paciente pode doar até 20 órgãos.

O Hospital então comunica a Central de Transplantes do Paraná – CET. A central então roda um ranking para ver quais pacientes estão aptos para receber o órgão.

Neste caso são analisados a compatibilidade sanguínea, e a estrutura dos pacientes, tanto os doadores quanto receptores passam por essa avaliação.

O procedimento de captação pode durar de duas a quatro horas. As equipes correm contra o tempo. O coração por exemplo precisa ser transplantado em no máximo quatro horas.

A equipe que realizou o procedimento no Hospital Regional é de Cascavel, os profissionais e o médico transplantador chegaram de madrugada. Sempre que isso acontecer aqui uma equipe de outra cidade vem aqui para realizar a captação.

O transporte aéreo também é acionado. E o paciente que vai receber o órgão também começa sua corrida a favor da vida. Ele vai até o hospital em Curitiba aguardar o recebimento.

Do paciente que estava em União da Vitória foram captados os rins, baço, coração válvulas cardíacas e linfonodos. O jovem estava internado no Hospital desde o começo de fevereiro e a morte encefálica foi comprovada na manhã desta quarta-feira, 12.  A captação começou as 5h e prosseguiu até 7h. A família estava bem consciente e aceitou a doação dos órgãos.

Conscientização

O Hospital realiza um trabalho de conscientização com as famílias, explicando ao certo como funciona uma doação. Para Bruna Teixeira assistente social do Hospital Regional, os mitos sobre a doação de órgãos ainda são um dos principais problemas enfrentados pelas equipes.

A abordagem familiar é a chave para salvar vidas. E o acolhimento que é feito pela equipe multidisciplinar faz toda diferença. Mas, a abordagem deve ser feita da maneira correta. Por isso os profissionais passaram por treinamento.

Segundo Walter Oliveira, enfermeiro chefe do Hospital Regional, toda equipe está preparada para fazer esse trabalho.

“É uma mistura de sentimentos, a dor da família e a felicidade de quem vai receber esses orgãos, doação de órgãos é um ato nobre que pode salvar vidas. Muitas vezes, o transplante de órgãos pode ser única esperança de vida ou a oportunidade de um recomeço para pessoas que precisam de doação. É preciso que a população se conscientize da importância do ato de doar um órgão”.

Hoje são mais de duas mil pessoas aguardando um transplante no Paraná.