JULHO AMARELO: Mês é de conscientização das Hepatites Virais

Tipo C da doença faz mais vítimas dentro do grupo das hepatites virais no País

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Atualizado há 5 anos

(Foto: Reprodução).
(Foto: Reprodução).

Não é pouca coisa. Dados do Ministério da Saúde mostram que, no País, mais de 70% das mortes por hepatites virais são decorrentes da Hepatite C, seguido da Hepatite B (21,8%) e A (1,7%). De tão expressivos estes números, a doença ganhou um mês só seu. Trata-se do Julho Amarelo, data no calendário que tem como mote a divulgação de dados, bem como incentivar os cuidados e prevenção.

O Ministério dedica um conteúdo exclusivo sobre o assunto. Em sua página, é possível ler sobre causas, sintomas, diagnóstico e tratamento. Por aqui, O Comércio fez um ‘resumão’ de tudo isso – e uma entrevista especial (leia mais no quadro).

Mas afinal, o que é?

A hepatite é a inflamação do fígado. Pode ser causada por vírus ou pelo uso de alguns remédios, álcool e outras drogas, assim como por doenças autoimunes, metabólicas e genéticas. Em alguns casos, são doenças silenciosas que nem sempre apresentam sintomas. Ela é classificada por letras do alfabeto em A, B, C, D (Delta) e E. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento para todos, independente do grau de lesão do fígado.

Em muitos casos, não há nenhum sintoma e isso aumenta os riscos de a infecção evoluir e se tornar crônica, causando danos mais graves ao fígado, como cirrose e câncer. Por isso, é importante ir ao médico regularmente e fazer os exames de rotina, que detectam as hepatites. Este cuidado é ainda mais importante nos seguintes casos: pessoas que não se imunizaram para hepatite B; ou que têm mais de 40 anos e que podem ter se exposto ao vírus da hepatite C no passado (transfusão de sangue, cirurgias).

A vacina é uma forma de prevenção contra as hepatites do tipo A e B, entretanto quem se vacina para o tipo B, se protege também para hepatite D, e está disponível gratuitamente no SUS. Para os demais tipos de vírus não há vacina e o tratamento é indicado pelo médico.


HEPATITE E é relatada esporadicamente no Brasil. Assim como a hepatite A, a sua transmissão é oral-fecal e as formas de prevenção são semelhantes. Esse tipo pode afetar rebanhos de suínos e os cuidados com o consumo de água tratada e o bom cozimento dos alimentos principalmente carne de porco, é essencial para a prevenção desta infecção.


Identificando

Diagnosticada precocemente, a doença é tratável – e curável. Uma das maneiras mais simples de saber quem tem Hepatite, é o Teste Rápido. Em pouco menos de 20 minutos, com a doação de apenas uma gotinha de sangue, o diagnóstico é conhecido. O Teste Rápido está disponível em toda a rede de saúde pública. A identificação da hepatite B, ainda, faz parte do rol de exames do pré-natal. A gestante deve ser diagnosticada e será tratada, se houver indicação, ainda durante a gravidez.

Como é a transmissão

Hepatite B

Pelo sangue ou nas relações sexuais sem preservativo. É possível também contrair a doença por meio do compartilhamento de objetos como agulhas e seringas, lâminas de barbear, materiais cirúrgicos e odontológicos, materiais de manicure sem adequada esterilização ou por meio de materiais para confecção de tatuagens e colocação de piercings.

Hepatite C

Transmitida pelo sangue, uso de drogas com compartilhamento de seringas, agulhas e canudos de inalação e materiais perfurocortantes contaminados. Quem recebeu transfusão de sangue e/ou hemoderivados antes de 1993 deve fazer o teste.

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Entrevista

“Vírus pode ficar no organismo por anos, sem sintomas”

Para o jornal O Comércio e Rádio CBN Vale do Iguaçu, a doutora Aline Vitali Grando, médica infectologista da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) de Santa Catarina, falou sobre o Julho Amarelo. Conforme ela, as hepatites virais, com destaque para os tipos B e C, são um grande problema de saúde pública não só no Brasil, mas em todo o mundo, com altas taxas de detecção. Esses dois tipos são os que mais preocupam, pois podem evoluir e se tornar crônicas, causando danos mais graves ao fígado, como cirrose e câncer.

DI – Por que a campanha?

DF –É curioso porque quem tem a hepatite fica amarela. Então, por isso o nome de Julho Amarelo. Além disso, o mês foi escolhido porque nos últimos anos temos falado mais nas hepatites virais.

DI – As hepatites virais ainda são um problema de saúde pública?

DF – As B e C são as mais graves porque podem ser ‘cronoficar’. Elas podem ficar por décadas no organismo das pessoas sem causar sintomas. Por isso a importância de falar sobre isso, para lembrar as pessoas que procurem as unidades de saúde para fazer testes, sempre que possível, mesmo que não sintam nada.

DI – Os salões de beleza, por conta da transmissão de um dos tipos da hepatite, precisam ter mais cuidado?

DF – Sem sombra de dúvida. Qualquer local que possa ter sangue, é uma possível fonte de contaminação.

DI – Como age o vírus no fígado?

DF – Tem a fase aguda, com o primeiro contato com o vírus, que apresenta sintomas nem tão importantes. Mas o vírus pode ficar no organismo por anos, sem sintomas. E ai, a pessoa vai apresentar algo na fase avançada da doença, quando o comprometimento do fígado já está avançado.

DI – Por que a pessoa que tem a doença fica com a cor amarela?

DF – A cor é mais evidente em dois momentos: na fase aguda e na fase terminal da doença. Naquelas décadas entre as duas décadas, não existe nada. Esperar ficar amarelo para pensar em hepatite, a gente pode estar perdendo tempo.