É assim, que uma pessoa com a Síndrome de Irlen vê as palavras …
A Síndrome de Irlen apareceu na vida de Jaqueline após uma incansável busca por respostas. Seu filho, até os nove anos de idade, realizou exames e mais exames. Conta ela, que cansou de ouvir que que ele não respondia ao aprendizado escolar. Ele não conseguia ler. O estranhamento aconteceu – quando o menino, demonstrou para a mãe a tristeza de uma nota baixíssima em uma das provas. O resultado foi 0,64.
“Gente! Ele não pode ter tirado essa nota, ele sabia todo o conteúdo. O que aconteceu? ”, lembra ela.
A partir de então, começaram a surgir palpites sobre o diagnóstico do menino, como *dislexia, * TDAH, e mais isso e aquilo.
“A dificuldade de leitura estava sempre presente na vida dele”.
Conta Jaqueline, que foram feitos vários exames e muitas idas em profissionais da saúde.
“Até que um dia, recebi uma mensagem no celular de uma senhora relatando a dificuldade de aprendizagem da filha. Durante a leitura, a narrativa de que a filha dela, há 20 anos tinha dificuldade de leitura, eu parei e pensei:isso pode estar acontecendo com o meu filho. Essa pessoa falou sobre a Síndrome de Irlen”.
O filho de Jaqueline foi diagnosticado aos 10 anos com a síndrome e, passou a utilizar óculos especiais adotados em detrimento ao tratamento preconizado por médicos.
“Eu chorei quando ele disse: olha mãe, as letras não andam. Eu consigo ler. E porque ele nunca me contou isso antes? Porque ele nunca tinha enxergado diferente”, diz.
Jaqueline mora em Mafra com parente e amigos no Vale do Iguaçu. Ela é fisioterapeuta e mestre psicopedagogia.
“As pessoas com Síndrome de Irlen se sentem perturbados ou desconfortáveis pela luminosidade. Ou seja, isso denomina-se fotossensibilidade, quando há exposição direta à luz solar ou fluorescente, não toleram luz branca. A luminosidade parece causar cansaço sensorial, resultando em distorções, déficit de atenção e concentração, ansiedade, irritabilidade cansaço ou sintomas físicos”.
A Síndrome de Irlen (IR) foi inicialmente descrita pela psicóloga Helen Irlen no ano de 1983 nos Estados Unidos. Essa doença é caracterizada por alteração na percepção visual decorrente de uma baixa adaptabilidade à luz, apresentando, como consequência dificuldades de leitura.
De acordo com Jaqueline, a IR é um distúrbio do processamento perceptual, afetando aproximadamente 12 a 14% da população em geral. As pessoas que apresentam a síndrome relatam que a luminosidade, o contraste, o ofuscamento, o tamanho da impressão, a qualidade de optótipos impressos em páginas, o trabalho e esforço de compreensão contínua, podem afetar negativamente o desempenho na leitura, como também interferir na realização de outras atividades visuais.
A Síndrome de Irlen pode afetar atividades como o processo de cópia, escrita, cálculos matemáticos, soletramento, uso de computador, dentre outras, tais como a atenção, motivação, concentração e desempenho na aprendizagem. Os portadores da síndrome relatam cansaço, dores de cabeça ou outros sintomas físicos quando lendo sob influência de luzes fluorescentes.
A IR não é considerada uma incapacidade de aprendizagem e sim um desajuste do processamento visual, aproximadamente 46% dos indivíduos com distúrbios de leitura, aprendizagem, atenção, dislexia ou outros podem ser portadores da síndrome.
Os sintomas associados não são detectados por outros testes de percepção testes de leitura, psicológico, avaliação clínica ou oftalmológica; como também não melhoraram com a idade, medicação ou outros tratamentos. O diagnóstico pode ser realizado Screeners que visam identificar as distorções e podem diminuir através da seleção das transparências e coloridas chamadas overlay.
*dislexia – Distúrbio de aprendizagem caracterizado pela dificuldade de leitura.
*TDAH – Doença crônica que inclui dificuldade de atenção, hiperatividade e impulsividade.