Medicamentos estão em falta na Rede Municipal

Renovação de contrato com Consórcio corta crédito na compra dos itens em União da Vitória

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Atualizado há 11 anos

Por Mariana Honesko

Infográfico
Infográfico Renan Senff

Há cerca de um mês pacientes da Rede Pública e Municipal de Saúde têm dificuldades para encontrar alguns dos medicamentos distribuídos gratuitamente. O caso, garante a Fundação de Saúde (Fusa), não é isolado e pode ter afetado outros municípios da região, ora de forma mais severa ora de modo discreto.

As queixas envolvem, com destaque, a ausência dos remédios de controle da Diabetes e Hipertensão, doenças assistidas pela equipe do Programa Federal Hiperdia, e dos que auxiliam no tratamento em saúde mental. “Isso ocorreu por conta da renovação do contrato entre as três esferas do Governo e o Consórcio de Compras de Medicamento”, explica a secretária de Saúde de União da Vitória, Margarete Olivo.

O corte é estimado em R$ 20 mil, quase uma das parcelas que cada esfera – Município, Estado e Governo Federal – pagam no rateio das despesas para compra de medicamentos ao Consórcio Paraná Saúde, um braço do Centro de Medicamentos Básicos do Paraná (Cemepar). A negociação impressiona em números. Neste pacote, a União fica responsável por investir R$ 5,10 por habitante, por ano. Já o Estado e o Município investem R$ 1,86. Recente portaria – a de número 1.555 deste ano – aumentou a contrapartida do Estado e dos municípios para R$ 2,36. O valor é multiplicado pelo número de moradores da cidade. Assim, em União da Vitória, cada esfera precisa desembolsar quase R$ 100 mil para a compra de medicamentos.

O atraso nas assinaturas dos governos do Estado e Federal é apontado como motivo pelas prateleiras vazias. “Os medicamentos comprados com a parcela do município já começaram a chegar”, ressalta a farmacêutica da Fusa, Rosangela Tereski. De acordo com a Secretaria da Administração de União da Vitória, 25% do orçamento é investido na área de Saúde: o valor é 10% superior ao que estipula a legislação.

Mesmo com o atraso de alguns itens, apenas em 80 dias, o Setor distribui quase quatro milhões de comprimidos. Margarete acredita que com a chegada do novo lote, paralelo à assinatura dos convênios, a distribuição normal será restabelecida nas próximas semanas.

Na Farmácia Popular

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Bandeira popular oferece medicamentos de graça e os “quase de graça”

Até a estabilidade da distribuição, pacientes que dependem de medicamentos de uso contínuo podem procurar as farmácias comerciais que tenham a bandeira “Farmácia Popular”. Em União da Vitória, sete estabelecimentos oferecem o Programa. Ele é composto por 39 itens e o mais caro é comercializado por pouco mais de R$ 10, como é o caso, por exemplo, da caixa de Insulina, que custa R$ 11, mas alcança os R$ 40 na rede convencional. A maioria dos medicamentos tem valor ainda menor e podem ser levados para casa por menos de R$ 3. O farmacêutico Fábio Ricardo Wahl tem a bandeira em seu estabelecimento e confirma o aumento da procura por itens então fornecidos gratuitamente. “Há cerca de um mês deu para sentir este aumento”, comenta.

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Na farmácia Popular, distribuição segue protocolos

A Farmácia Popular funciona como uma parceria e evita fraudes. “Nós compramos o medicamento e o Governo Federal reembolsa o valor. Ele paga quanto quer e apenas pelo que é vendido”, explica Wahl. Como regra, o programa prevê a repetição do que é distribuído. Se a Saúde Municipal distribui medicamentos para pressão alta, por exemplo, a Popular não deveria ter o medicamento. O inverso também é verdadeiro e, quando aplicado, ajudaria no controle de despesas.

Medicamentos especializados não faltam

A 6ª Regional de Saúde é a responsável por receber as compras dos oito municípios assistidos pelo órgão. Em União da Vitória, a entrega dos remédios ocorre diretamente na Fusa. De lá, segue para as doze Unidades de Saúde que administra. Os pedidos são grandes e a demanda de municípios de pequeno porte também é grande. É o caso, por exemplo, de Cruz Machado, que para uma programação de três meses – todas as compras ocorrem de maneira trimestral, em fevereiro, maio, agosto e novembro – pediu 111 mil comprimidos para hipertensão. Só do popular “AS”, usado para baixar a febre, aliviar as dores e reduzir a inflamação, a cidade comprou outros 50 mil comprimidos.

Chefe da 6ª Regional de Saúde, Ary Carneiro Junior, garante que medicamentos especializados estão em dia
Chefe da 6ª Regional de Saúde, Ary Carneiro Junior, garante que medicamentos especializados estão em dia

A Regional também acompanha a compra e entrega da medicação especializada. “Essa fração do atendimento está suprida, sem atrasos”, garante o chefe da unidade, o médico Ary Carneiro Junior. Cerca de 1.700 pacientes são atendidos pela Regional de Saúde com uma lista de aproximadamente 300 itens. A compra não depende do Consórcio, antes, de verbas estaduais e federais.

Instalada no Shopping Vale das Cachoeiras em dezembro do ano passado, a Farmácia do Paraná centraliza os atendimentos. Para dar conta da demanda, a equipe segue o que preconiza o Ministério da Saúde e trabalha na conferência de 28 protocolos. Medicação e doença que não coincidem, não são contemplados. A medida garante economia e melhor distribuição. Ali, os medicamentos são mais caros e há os que chegam aos R$ 13 mil. “O paciente precisa ter este diagnóstico e renová-lo a cada três meses”, explica a farmacêutica Erica Ribas de Carvalho.

Enquete mobiliza usuários do Sistema Público

Pelas redes sociais do Portal VVale a enquete postada no final de segunda-feira, 9, quis saber a opinião de quem usa o sistema. Foi confirmada a falta de medicamentos pelos internautas. O assunto foi compartilhado na rede social e reuniu alguns comentários. Um dos internautas chega a nomear alguns dos medicamentos faltantes e outros reclamam da falta dos itens mais caros.