“Obesidade na infância pode acarretar doenças na fase adulta”, alerta médica

Consumo de comidinhas rápidas e industrializadas, aliada aos maus hábitos à mesa, fazem com os quilos a mais aparecem – e cedo demais

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Atualizado há 5 anos

(Foto: Reprodução).
(Foto: Reprodução).

Na metade do ano, o Ministério da Saúde fez um alerta importante: crianças obesas tem chances de virar adultos igualmente obesos. A afirmação, amparada por dados e estatísticas, marcou os eventos da Pasta em comemoração ao Dia da Conscientização Contra a Obesidade Mórbida Infantil, lembrado no início de junho. Conforme o órgão, a consequência de obesidade na infância para a vida adulta é o aparecimento de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, que podem matar precocemente no período de grande produtividade na fase adulta.

Conforme apurou os estudos, os novos hábitos de consumo interferem para o aparecimento dos quilinhos a mais – e da formação de uma saúde nem tão boa. Estudo recente aponta que crianças acima do peso possuem 75% mais chance de serem adolescentes obesos e adolescentes obesos têm 89% de chance de serem adultos obesos. Pesquisas também do Ministério da Saúde indicam que 12,9% das crianças brasileiras de 5 a 9 anos são obesas e 18,9% dos adultos estão acima do peso. Por isso, além de centrar ações nos primeiros dias de vida, como o incentivo ao aleitamento materno, as políticas de estímulo ao hábito saudável devem aliar ações de alimentação e atividade física. E começar cedo, só faz bem.

Foi sobre esse assunto que a clínica geral e especialista em emagrecimento, Sylvia Ramuth, conversou com a reportagem da CBN Vale do Iguaçu e que aqui, O Comércio reproduz parcialmente. Ela abordou, especialmente o sobrepeso e a obesidade infantil. “Na fase de crescimento da criança, a gente consegue ver se ela está numa faixa normal ou não. Antigamente, a gente não tinha tantos artifícios para apurar isso. Hoje, o sobrepeso e obesidade, não são questões apenas de estética, mas de saúde”, ressaltou. Conforme a profissional, hoje no País, a cada três crianças, uma tem sobrepeso ou é obesa.

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Entrevista

Jornal O Comércio (JOC) – A obesidade na infância pode aumentar a chance na idade adulta?

Sylvia Ramuth (Sylvia) – Sim. Uma criança gordinha, tem mais chance de se tornar um adulto assim também e desenvolver diabetes, pressão alta. Até questão dermatológica. Aumento de apneia do sono. Todos os órgãos são comprometidos com o aumento de peso.

JOC – Tem crianças que comem muito, mas não engordam.

Sylvia – A genética é muito importante, mas além disso, existem os fatores externos. Tudo isso interfere na questão do peso.

JOC – A obesidade infantil pode ser influenciada por fatores pré-natais?

Sylvia – Sim, por isso se controla o peso da gestante para já nessa época, o bebe já ter condição adequada e após o nascimento, que a criança se alimente pelo menos os primeiros seis meses com o leite materno.

JOC – Como “educar” os avós que oferecem alimentos o tempo todo para as crianças?

Sylvia – Acredito que tem como dar um jeitinho. É normal ser paparicado com uma refeição diferente. Então, é o caso de diminuir os doces, as porções alimentares, reduzir a quantidade, não deixar comer na frente da TV. Isso ajuda.

JOC – O que significa dizer que uma criança “come errado”?

Sylvia – Tem três principais nutrientes na nossa dieta: as gorduras, os carboidratos e as proteínas. A criança precisa ser exposta a esses grupos alimentares. Sempre é interessante retirar o que é apenas açúcar, gordura ruim.

JOC – Na TV, existe uma avalanche de anúncios com a oferta de alimentos altamente calóricos. Isso reflete em casa?

Sylvia – Pensando em saúde pública, as propagandas poderiam ser até reduzidas. O excesso de peso na faixa pediatra acontece em todas as faixas sociais. Como é complicado isso, o ideal talvez seja restringir a exposição na televisão.