PASTORAL DA SAÚDE: Do chazinho da vovó à bioenergia

Unidades no Vale do Iguaçu oferecem um pouco de tudo – tudo, naturalmente preparado

·
Atualizado há 5 anos

Quiosque do centro é o mais popular: aberto de segunda a sexta, espaço serve especialmente como ponto de venda dos produtos (Fotos: Mariana Honesko).
Quiosque do centro é o mais popular: aberto de segunda a sexta, espaço serve especialmente como ponto de venda dos produtos (Fotos: Mariana Honesko).

Com uma varinha de bronze, os pontos do corpo são tocados. Se estiver tudo bem, o elo, montado por duas senhoras de mãos “semi-dadas”, não se abre. Caso contrário, os dedos se desgrudam. O gesto vai se repetindo a medida em que a varinha percorre os braços, costas, barriga, cabeça, pescoço. O processo todo leva cerca de 15 minutos: e não termina insolúvel. Para cada problema diagnosticado com a bioenergia, uma sugestão é dada, tudo, à base de chás e pomadas, receitadas oralmente, mas completo tanto quando um prognostico médico.

Esta é a bioenergia, um dos serviços oferecidos nas unidades da Associação Pastoral da Saúde do Vale do Iguaçu. “Uma passa energia para a outra. É através da varinha de cobre que ela passa. Onde quebra o elo, ali não está bem. É um método antigo”, conta a presidente da entidade, Zeneide Aparecida de Paula Ferreira. E não é qualquer voluntária que executa a ação. Trata-se de experiência e de conhecimento. Quando a reportagem esteve no quiosque da Pastoral do centro de União da Vitória, na praça Visconde de Nácar, Clemair, com 25 anos de Pastoral, e Tereza, voluntária desde 1989, quem assinavam a bioenergia. “Apenas umas dez voluntárias conhecem essa técnica”, ressalta Zeneide. Tradicional, a bioenergia já é usada há cerca de 20 anos na entidade e como todos os demais serviços oferecidos, é muito procurada pela comunidade.

Bioenergia usa varinha de cobre e contato para a detecção de problemas de saúde

E a Pastoral da Saúde vai muito além. Na parte prática, as voluntárias trabalham com a limpeza do ouvido – com um cone e fogo na ponta – e com massagens. Os procedimentos são agendados e custam muito menos que o convencional. É quase uma contribuição. O valor, contudo, é usado para a produção dos chás e para o pagamento de quem é funcionário da entidade. Voluntariamente, atuam ainda outras 60 pessoas nos espaços do centro e nos que ficam nos bairros.

A Pastoral está presente, no caso de União da Vitória, nos bairros Rocio, São Sebastião, São Cristóvão, São Bernardo e Cristo Rei. Nestes locais, ela funciona em um ou dois dias na semana: no centro, as portas ficam abertas de segunda a sexta-feira. O quiosque da Visconde de Nácar funciona também como ponto de vendas dos produtos. Para comprar os produtos, não é preciso receita médica: basta narrar o que se sente. “As pessoas pesquisam na internet, leem, veem informadas. A gente sempre procurar orientar as pessoas, para que nunca abandonem o tratamento tradicional. O ideal é associar, agregar ao tratamento, para funcionar muito mais”, pontua a presidente.

Conforme Zeneide, a procura maior é para o tratamento de pressão alta, depressão, insônia e diabetes. Lidera o ranking de produto com maior demanda, a própolis, usado no tratamento dos sintomas de gripes e resfriados, como prevenção e tratamento. “E a calêndula, que tem um grande poder de cicatrização e é também anti-inflamatória, para alergia, para as escaras dos doentes”.

Era só um Clube de Mães

Há 28 anos, nascia a Associação Pastoral da Saúde como é hoje. Mas, começou muito diferente, intimista. Foi no bairro Cristo Rei, em um encontro do Clube de Mães. Na época, Irmã Luiza Forte, que hoje desenvolve um trabalho parecido na Bahia. “Elas se reuniam para artesanato, começaram a conversar sobre chás, xarope. E ali começou. Ela (Irmã Luiza) viu a necessidade de fazer algo mais aprofundado com a fitoterapia”, conta Zeneide.

Com o tempo, o formato foi se adaptando, crescendo e hoje, tem até CNPJ e Estatuto. A entidade, deixou ser pastoral, para ser Associação Pastoral da Saúde. Embora tenha tido início com uma freira, católica, o trabalho nada tem a ver com a religião: é algo público, aberto a todos.

À venda, mais de 200 variedades de ervas: preço é quase simbólico

Produção dos chás

São mais de 200 variedades de ervas. Embaladas em saquinhos, identificadas com o nome e prazo de validade, os chás têm uma grande procura na comunidade. Funcional como os chazinhos da vovó, são procurados para ajudar, desde uma dor de barriga até comprimidos naturais para o emagrecimento.

Os produtos são preparados em um laboratório, que fica na Escola Oficina, no bairro Rio d’Areia. “Temos um funcionário que colhe as ervas no interior, em locais que não tem poluição. Temos os secadores, onde produzimos tudo. As plantas que não são encontradas na região, nós compramos”, explica a presidente. De lá, as ervas são distribuídas nas unidades de atendimento da Pastoral.