SEM CIGARRO: Inca lança manifesto por Brasil livre de tabaco

No Vale do Iguaçu, serviços de saúde dispõe de ferramentas para quem deseja parar de fumar

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Atualizado há 5 anos

Inca estima que até o final deste ano, sejam registrados mais de 30 mil novos casos de câncer provocados pelo tabagismo (Foto: Arquivo/JOC).
Inca estima que até o final deste ano, sejam registrados mais de 30 mil novos casos de câncer provocados pelo tabagismo (Foto: Arquivo/JOC).

“Queremos ser o primeiro país livre do tabaco”. A manifestação é do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e foi feita durante a cerimônia de lançamento do sétimo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre epidemia global do tabagismo, ainda no final de julho, no Rio de Janeiro.

Por ter implementado, no mais alto nível, as seis estratégias propostas no pacote intitulado MPower contra o tabagismo, o Brasil sediou o lançamento da sétima edição do relatório da OMS. O Brasil foi o segundo país a implementar as seis estratégias, todas com nível de excelência (o primeiro foi a Turquia). Por isso, sediar o lançamento do relatório é o reconhecimento da OMS pelo empenho dos governos comprometidos com a luta contra o tabaco.

O Relatório da OMS sobre a epidemia global do tabaco foi apresentado pelo diretor da Tobacco Free Initiative da OMS, Vinayak Mohan Prasad. De acordo com o documento, muitos governos estão fazendo progressos nesse campo. Cerca de cinco milhões de pessoas – quatro vezes mais do que há uma década – vivem atualmente em países que introduziram pelo menos uma medida efetiva para o controle do tabaco, como advertências sanitárias nas embalagens, oferecimento de rede de assistência para quem quer deixar de fumar e aumento, em pelo menos 75%, dos impostos dos produtos derivados do tabaco. Essa, aliás, foi a última das seis medidas implementadas pelo Brasil: em 2018, os impostos sobre a marca mais vendida no País chegaram a quase 83% de acréscimo.

A diretora-geral do INCA, Ana Cristina Pinho, destacou a articulação intersetorial que permitiu que o Brasil conseguisse não só introduzir as seis medidas do plano MPower, mas também ocupar uma posição de liderança mundial na implementação da Convenção-quadro para o controle do Tabaco.

“Ainda temos muito o que fazer. Mas sem o apoio do Legislativo, as medidas de controle do tabaco demorariam muito mais tempo para serem aprovadas. Sem a Receita Federal, sem o Ministério da Justiça, sem o Ministério da Economia, não teríamos avançado tanto. O que se arrecada em impostos é troco perto do que se gasta com o tratamento das doenças relacionadas com o tabagismo. Nós queremos ser primeiro mundo quando se fala de saúde pública, da luta contra o tabagismo. Vamos ter um país livre do tabaco”, prometeu o ministro da Saúde.

Não é só um cigarrinho

No Brasil, o Inca estima que até o final deste ano, sejam registrados 31.270 novos casos de câncer de traqueia, brônquio e pulmão em decorrência do tabagismo. O câncer de pulmão é o segundo mais frequente no País. Dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), mostram que 27.833 pessoas foram a óbito em 2017 devido a essa causa. Entretanto, as consequências dos cigarros não são apenas essas.

O número de mortes e internações é maior quando se considera que o tabagismo causa outras doenças. O Inca também afirma que a assistência médica associada ao tabagismo gerou, em 2015, R$ 39,4 bilhões em custos diretos. Além disso, a perda de produtividade associada ao hábito de fumar, no mesmo ano, chega a R$ 17,5 bilhões em custos indiretos devido às mortes prematuras e incapacidades.

Ajuda no Vale do Iguaçu

Em União da Vitória e em Porto União, o apoio para quem quer parar de fumar existe e é gratuito. Eles funcionam em parceria com os órgãos municipais de saúde. São grupos de apoio, que, por reunir e compartilhar experiências, ensinam o caminho da liberdade do vício. Em média, eles começam com 25 pessoas.


Cigarro eletrônico

Uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de 2009, proibiu a comercialização de cigarros eletrônicos. Mas os fabricantes têm alegado em campanhas e promoções de tal produto, inclusive no meio científico, que trariam menos danos individuais quando comparados aos cigarros convencionais. Por outro lado, as evidências científicas revelam que cigarros eletrônicos trazem riscos de aumento de iniciação entre os não fumantes, presença de substâncias cancerígenas no vapor, evidência de danos celulares, aumento da chance de infarto agudo do miocárdio e asma. Na prática, isso mostra que eles também fazem mal.


Serviço

Para saber mais sobre os grupos de apoio para quem quer parar de fumar, os telefones das secretarias de saúde podem ser úteis. Em União, o número é o 3903 1700. Em Porto União, é o 3522 1496.