Na madrugada de segunda, 18, perto das 4h30, 11 detentos fugiram da carceragem da 4ª SDP de União da Vitória. Os presos cavaram um túnel de aproximadamente quatro metros e saíram no pátio da Delegacia. Eles escaparam pelo espaço onde ficam os veículos apreendidos, pularam o muro e saíram. Na cela onde estavam, havia 35 detentos – a capacidade do espaço é para seis pessoas.
No total, a unidade abriga 108 presos, conforme contagem feita na noite de domingo, 17. Os nomes e as fotos dos fugitivos foram divulgados no começo da tarde de ontem, 18. Um deles foi recapturado e trazido de volta para a unidade. As policias Civil e Militar seguem fazendo buscas dos outros dez presos.
No final da tarde de ontem, o delegado André Vilela, reuniu a imprensa para falar sobre a fuga. “Temos agora 98 presos e o ideal seria 20. Temos cinco vezes mais do que deveria. Então, o preso pensa em fugir, já que as condições são precárias. Precisamos muito melhorar as condições da cadeia”.
O assunto já foi tratado de maneira mais ampla em uma recente reunião da Câmara de Vereadores de União da Vitória (leia mais no quadro). “Temos realmente duas alternativas para enfrentar este problema. A ampliação da carceragem e a construção do presídio. Ao nosso ver, o presidio seria ideal. Ele ficaria fora da cidade. Os presos que entram na prisão e saem amanhã, vão morar na nossa quadra, vão ser nossos vizinhos. A forma em que eles estão aqui é precária. É difícil alguém sair melhor ao entrar nessa situação”, pontuou o delegado. “Sobre a reforma, se trata de uma ampliação com um terreno contiguo, ao lado. É o que temos neste momento de mais concreto”.
Superlotação
Foi no começo de outubro que o assunto chegou à Tribuna da Câmara de Vereadores de União da Vitória. Conforme o delegado, Douglas Possebon e Freitas (neste momento, em férias) falou das dificuldades de uma carceragem superlotada e do projeto de ampliação do espaço. Conforme ele, com a cessão do terreno ao Estado, é possível se pensar em investimentos e, no caso da delegacia local, em melhorias. O projeto que tratou a doação – do município ao Paraná – foi aprovado por unanimidade. O terreno fica junto da Delegacia e tem 1,2 mil metros quadrados.
“Temos uma estrutura sempre lamentável. Todos os presos ficam em situação improvisada, sem higiene. Não temos nem a capacidade de camas para abrigar todos estes presos. Em dezembro do ano passado, apresentamos uma proposta para a prefeitura e solicitamos a doação dos terrenos confluentes à delegacia, o que possibilita que façamos essa ampliação. O Estado só investe num terreno dele. Por isso da intenção da doação, da prefeitura para o Estado”, disse o delegado em entrevista à TV Câmara. “A ampliação será para 150 presos. Vamos poder separar os presos por pensão alimentícia, por exemplo, que hoje estão juntos com presos por outros tipos de delitos. Isso também daria o mínimo de conforto para eles. É um início. Cada um fazendo sua parte. Acionaremos a força política para que o Estado invista nestes terrenos para termos uma estrutura decente”, destacou o delegado.