Órgãos de bebê que morreu espancado em Caçador foram doados

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Atualizado há 2 anos

Os órgãos do bebê que morreu após ter sido espancado em Caçador, foram doados. A informação foi confirmada por Jesus Alfredo Calvo, primo da mãe da vítima. “Muito doloroso”, relatou.

O menino teve morte cerebral constada no início da tarde de quinta-feira (21) no Hospital Joana de Gusmão, em Florianópolis, onde estava internado desde segunda-feira (18) na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em razão da gravidade das lesões. O pequeno sofreu teve fratura no crânio, costelas quebradas e estava com os olhos roxos, segundo a família.

A suspeita da Polícia Civil é de que o crime tenha sido cometido por um casal de cuidadores, de 19 e 21 anos, que eram pagos para cuidar do bebê. Os dois foram presos e tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça.

O delegado Fabiano Locatelli informou que os suspeitos indiciados pela prática do crime de lesão corporal de natureza grave, com a incidência de dispositivos previstos na Lei Henry Borel aprovada em 24 de maio.

A família é venezuelana e veio para Santa Catarina em busca de melhores condições de vida. Em Caçador, o pequeno morava com a mãe e uma tia, que tem uma criança de 2 anos. O pai do menino atualmente mora em Roraima.

Em nota à imprensa, a defesa do casal negou qualquer tipo de agressão e ressaltou que “os fatos merecem uma investigação mais aprofundada.” Também disse que os suspeitos estavam cuidando do bebê há apenas três dias.

Família confirmou a morte de bebê de 3 meses espancado em Caçador — Foto: Arquivo Pessoal/ND

Leia na íntegra

“Em relação aos fatos que estão sendo acusados os meus clientes, cujos nomes mantenho em sigilo já que o processo corre em segredo de justiça, informo que:

Os acusados negam a prática de qualquer agressão, ou qualquer tipo de omissão. Estavam cuidando do menor há apenas três dias, e no dia dos fatos notaram que o menor chegou diferente (mais quieto), porém não notaram nenhuma lesão.

Que após mamar, o mesmo acabou se afogando, momento que foi conduzido até o hospital. O casal possui duas filhas (6 meses e 2 anos) que nunca tiveram qualquer tipo de maus tratos, sendo crianças extremamente bem cuidadas, uma inclusive mamando no peito.

Os fatos merecem uma investigação mais aprofundada, e serão esclarecidos durante a instrução processual, e com certeza a verdade virá à tona.

Neste momento, peço respeito aos meus clientes e seus familiares, pois ainda é muito precoce tomar qualquer posicionamento ou julgamento antecipado. Vamos aguardar o andamento processual.

Serão impetrados habeas corpus no Tribunal de Justiça, objetivando a liberação dos acusados. As crianças estão aos cuidados das avós”.

Laudo pericial

A Polícia Civil informou que o laudo pericial elaborado pelo médico legista apontou a existência de lesões cerebrais e corporais compatíveis com a prática de “shaken baby”.

A prática é conhecida como a síndrome do bebê sacudido, que ocorre quando um adulto chacoalha o bebê de forma agressiva causando graves danos cerebrais. O laudo também apontou lesões no rosto, na cabeça, costas e nádegas.

Ainda conforme o delegado, a investigação também identificou que o casal cuidava de outras crianças, mas não há informações de outras vítimas.

 Velório

O velório do bebê está programado para ocorrer na tarde desta sexta-feira, 22, na Funerária São Pedro, no bairro Reunidas, em Caçador. O corpo deve chegar no local perto das 16 horas.

O pai da criança ainda não conseguiu viajar para acompanhar a despedida. A família não soube informar os motivos.

Polêmica

O transporte do bebê para o hospital da Capital, inclusive, está cercado por uma polêmica. O governo do Estado afirmou que não recebeu solicitações para o transporte aéreo, enquanto deputados denunciam que a aeronave estava em uso para “fins políticos”.

A denúncia partiu dos deputados Bruno Souza (Novo) e Jessé Lopes (PL) durante sessão na Alesc (Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina) nesta quarta-feira (20). O governo estadual prontamente rebateu as acusações, classificando-as e fake news.