Três detentos fogem pelo teto da 4ª SDP

Agentes penitenciários e investigador evitam fuga em massa

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Atualizado há 8 anos

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Detentos abriram buraco no teto da cela. (Foto: Jair Piloto Nunes).

Três homens que cumpriam pena na cadeia improvisada da Delegacia de Polícia de União da Vitória (4ª SDP) fugiram por volta de 3 horas de ontem, depois de abrir um buraco no teto de uma das alas onde estão os detentos. Segundo informações colhidas no local, dois agentes penitenciários e um investigador impediram a fuga dos outros 25 detentos da ala em que o buraco foi aberto. A PM foi acionada e os presos que não fugiram foram colocados junto aos da outra cela. O clima está tenso na cadeia, com ameaças de rebelião e nova fuga, desta vez em massa. O edifício está fragilizado por tantos buracos que foram abertos e remendados, depois de várias tentativas de fuga. Os foragidos Tiago Ricardo Alves, de 27 anos, Diony Cristiano Gomes, de 36 anos, e Paulo Ricardo Teixeira, de 26 anos, não haviam sido recapturados até o encerramento desta edição.

A Delegacia de União da Vitória, que não possui presídio e sim celas correcionais temporárias, está sendo usada como cadeia pública, conta somente com seis agentes penitenciários e quatro investigadores. A escala de serviço é insalubre. Apenas um agente e um investigador diariamente para cuidar dos atuais 85 presos. Destes, pelo menos 32 cumprem pena e deveriam estar em presídios espalhados pelo Paraná. Os agentes e investigadores convivem com o medo e o risco de fuga constante. O medo se revela pelo fato do risco de um agente ou investigador ser rendido durante a movimentação. As chances de rebelião e tentativas de fuga também são constantes.

O delegado chefe, Douglas Carlos de Possebon e Freitas, disse em entrevista à Super Rádio União que uma equipe de investigadores com apoio da Polícia Militar (27º BPM) está em diligências tentando recapturar os três foragidos. A última fuga foi registrada dia 1º de janeiro deste ano, quando detentos de uma ala da 4ª SDP tentaram fugir, cavando um buraco debaixo de um sanitário, com acesso à cozinha. Dois deles tentaram escapar. Ronaldo dos Santos e Luiz Cravtz conseguiram chegar na cozinha. Ronaldo conseguiu escapar pelo forro, enquanto Luiz foi contido pelos agentes de plantão naquela ocasião.

Condenados e PCC

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Diony Cristiano Gomes, Paulo Ricardo Teixeira e Tiago Ricardo Alves.

Dos três foragidos, Tiago Ricardo Alves e Paulo Ricardo Teixeira estão condenados e cumpriam pena na 4ª SDP. Diony Cristiano Gomes estava na situação de preso provisório. Segundo uma fonte ligada a um dos detentos, pelo menos quatro presos são ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC). A 4ª SDP conseguiu a transferência de um dos integrantes do PCC. Segundo essa mesma fonte, Tiago Ricardo Alves é um dos integrantes da facção criminosa que atua nos presídios do Estado.

Desativação da Cadeia

Os esforços para retirar do centro de União da Vitória o cadeião da 4ª SDP encontram pouco ou nenhum eco na Secretaria de Segurança Pública do Paraná, em Curitiba. A cadeia é um afronta à população local. Como se fosse um presídio (mas não é), faz divisa com o Terminal Rodoviário Interestadual Aníbal Khury, o Sesi, o Clube Ferroviário, o Clube Ucraniano e um posto de combustíveis. O Juiz Corregedor dos Presídios da Comarca de União da Vitória, Mário Dittrich Bilieri, chegou a determinar, em 2013, a interdição da Cadeia Pública local no dia 8 de março daquele ano. A notícia chegou a ser comemorada pela Polícia Civil de União da Vitória e por vários setores da sociedade, contrários à utilização das celas correcionais da 4ª SDP como Cadeia Pública, onde os detentos cumpriam pena. Mesmo com a representação formulada pelo Ministério Público do Estado do Paraná, determinando a extinção da cadeia local, isso nunca aconteceu. No entanto a sentença judicial nunca foi cumprida.

O procurador do Estado do Paraná, Marcos Vinícios Lopes da Silva disse na oportunidade que o ato do Judiciário local foi administrativo e que a procuradoria iria atacar também na esfera administrativa, junto à Corregedoria Geral de Justiça para travar o processo. O procurador disse na ocasião que a decisão judicial era frágil e inócua, uma vez que a autoridade judicial mandou remover os detentos, mas não ofereceu nenhuma solução. Ele afirmou ainda que o Estado tem déficit de vagas para detentos.

Esforço conjunto

Uma audiência pública está sendo formatada para deixar clara a situação absurda da cadeia, que não deveria ser presídio, instalada no centro da cidade, que não oferece as condições mínimas de segurança que um prédio desta natureza deveria ter. Um enfrentamento conjunto entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, para constranger o governo estadual a desativar o presídio improvisado, é uma das soluções propostas. A força tarefa incluiria ainda o deputado estadual representante da região, Hussein Bakri e o chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni. No entanto a audiência ainda não tem data para acontecer, mas devido aos últimos acontecimentos e a eminente fuga ou rebelião de proporções desastrosas para a 4ª SDP, o encontro pode acontecer nos próximos dias.