Mudanças de Política de Privacidade no WhatsApp: Impactos para os Brasileiros

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Atualizado há 3 anos

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Há novos termos de política de privacidade para o WhatsApp. No Brasil, onde o aplicativo conta com mais de 147 milhões de usuários e está presente em 99% dos dispositivos móveis do país, isto pode gerar impactos muito significativos no modo como as pessoas lidam com a app de mensagens instantâneas.

Diante de uma preocupação cada vez maior com a privacidade online, usuários do mundo inteiro estão investindo em navegadores com mais recursos de anonimato, uso mais inteligente das redes sociais e até serviços de VPN, e no Brasil isto não é diferente.

Neste cenário, resta saber se o aplicativo de mensagens mais popular entre os brasileiros vai manter seu prestígio ou se poderá perder espaço para outras alternativas.

 

Quais as principais mudanças?

 

Ainda há várias dúvidas sobre quais serão exatamente as mudanças nos termos de serviço e na política de privacidade do WhatsApp. As principais alterações se referem ao WhatsApp Business e o modo como ele é usado por negócios.

Com as mudanças, por exemplo, as empresas podem gerenciar as conversas com os consumidores através de serviços de hospedagem oferecidos pelo Facebook, o que implica uma maior integração entre as duas plataformas.

Além disto, as empresas vão poder usar informações compartilhadas pelos usuários para elaborar estratégias de marketing no Facebook, o que significa que não há uma criptografia de ponta a ponta para este tipo de comunicação – e é justamente este recurso que atrai a confiança da maioria dos usuários que se importam com segurança e privacidade.

 

Quando as novas regras começam a valer?

 

O governo brasileiro pediu um tempo maior até as novas regras serem implementadas. Através de agências reguladoras, foi estipulado um prazo de 90 dias corridos até que os usuários tenham que concordar com os novos termos, e este prazo já começou a contar desde que as políticas atualizadas foram anunciadas no dia 15 de maio deste ano.

Os usuários que não concordarem com os novos termos depois deste prazo terão limitações gradativas no uso dos recursos do aplicativo, de acordo com o WhatsApp. Então, na prática, há uma “obrigação” de aceitar estas novas políticas para que o aplicativo possa ser usado.

De acordo com especialistas em privacidade online e segurança de dados, o melhor seria se o consentimento fosse fracionado, ou seja, que os usuários pudessem escolher melhor quais informações querem compartilhar, ao invés de terem de aceitar um conjunto de regras como um todo.

 

As novas políticas do WhatsApp ao redor do mundo

 

Os novos termos de serviço do WhatsApp geram impactos diversos ao redor do mundo porque cada país ou região conta com um tipo de regulação diferente sobre compartilhamento de dados e segurança de informações.

Para citar alguns exemplos, nos países que formam o Reino Unido e a União Europeia, as mudanças são diferentes e os usuários têm a opção de não concordar com o compartilhamento de informações, ou seja, há um poder de escolha maior de acordo com as leis de proteção de dados europeias.

No Brasil, a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) pode impactar no modo como as políticas do WhatsApp serão efetivamente colocadas em vigor, mas vale ressaltar que a LGPD ainda não está realmente em vigor e que as regulações ainda não foram totalmente definidas.

Na prática, isto ainda deixa uma grande lacuna em relação à privacidade dos usuários brasileiros não só diante do WhatsApp, mas de todos os serviços que lidam com informações pessoais.

 

Preocupações com privacidade

 

No Brasil, é evidente o poder de impacto do WhatsApp: milhões de usuários movimentando uma quantidade inimaginável de informações todos os dias. Estes impactos são sentidos inclusive em várias questões sociais e até na política do país.

Como uma ferramenta de comunicação não só individual, mas também para inúmeras empresas e negócios, o acesso a informações de clientes para fins de marketing significa um grande poder de captação de dados, o que limita e muito a privacidade dos usuários – inclusive sobre como estas informações podem ser usadas não só por empresas, mas também por governos e outras organizações.

Há várias pessoas migrando para serviços alternativos como o Telegram, por exemplo, além de um aumento significativo do uso de serviços de VPN (que criptografa a conexão e oferece maior anonimato na rede) e navegadores com mais recursos de privacidade, tudo em um esforço para diminuir a invasão sobre as informações pessoais.

Isto é um reflexo de uma conscientização maior por parte dos usuários sobre o valor de suas informações pessoais, e o WhatsApp pode não sair imune desta mudança de comportamento.