Após sofrer duros impactos da pandemia da Covid-19 nos últimos anos, o setor do turismo deve alcançar o nível de faturamento pré-crise no início do próximo ano. A expectativa é que as micro e pequenas empresas do setor atinjam o patamar de estabilidade no primeiro semestre de 2023 e que, a partir do segundo semestre do próximo ano, consolide o crescimento e supere o faturamento de períodos anteriores.
Os dados fazem parte de um estudo realizado pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV) sobre os fatores que impactam a competitividade da cadeia de Turismo brasileira, em especial os pequenos negócios de meios de hospedagem, além do turismo de negócios e eventos, que devem ser beneficiados com a retomada econômica pós pandemia da Covid-19. O setor de turismo foi um dos mais afetados desde o início de uma das maiores crises sanitárias mundiais e as micro e pequenas empresas, que representam 97% do total de empreendimentos desse segmento, chegaram a registrar perdas superiores a 80% do faturamento.
O presidente do Sebrae, Carlos Melles, pontua que esse período inicial de recuperação será motivado principalmente pelo aquecimento do consumo por viagens dentro do Brasil e por uma demanda reprimida causada pela pandemia. “Muitos brasileiros estão substituindo as viagens internacionais por domésticas. Além da alta do dólar, da queda no poder de compra das famílias e do conflito internacional entre a Rússia e Ucrânia, os brasileiros estão mais motivados a conhecer os encantos do nosso país. Esse é um bom momento para os pequenos negócios se prepararem”, ressalta Melles.
O presidente ainda revela que para aproveitar o aumento da demanda interna do turismo, os donos de pequenos negócios precisam estar atentos às tendências e mudanças de comportamento do consumidor durante a pandemia. “O empreendedor precisa entender que ele deve estar alinhado ao movimento do mercado e avaliar o que é necessário fazer para se adaptar e garantir a sustentabilidade do negócio, inclusive para atender uma demanda futura”, avalia.
De acordo com o estudo, a retomada dos negócios turísticos não se apresenta igualmente para todos as atividades do segmento. Setores como meios de hospedagem, transporte aéreo e aluguel de bens móveis têm nível de recuperação superior a outros segmentos, com retorno gradual da demanda à medida que as restrições da pandemia foram flexibilizadas. Já as atividades recreativas, culturais e desportivas e o transporte rodoviário foram os mais afetados e vão levar mais tempo para recuperar o nível anterior à crise.
Hospedagem
O estudo do Sebrae e da FGV ressalta que apesar dos meios de hospedagem fazerem parte do grupo que possui boas expectativas para o verão de 2023, eles devem ficar atentos ao controle de custos, principalmente porque muitos tiveram que recorrer a crédito para se manter no período. “Pela própria natureza do serviço, o setor de hospedagem possui um custo muito alto para se manter. Mesmo que o negócio não tenha muitos hóspedes, é preciso arcar com as despesas de mão de obra e custos fixos de energia, por exemplo. Então, isso pesa muito nas contas de um hotel ou pousada ao contrário de uma empresa que vende um produto e pode estocá-lo”, explicou o presidente do Sebrae.
Ele recomenda que o dono de um pequeno empreendimento no setor de turismo busque soluções alternativas para minimizar os altos custos sem prejudicar a qualidade. “É preciso avaliar o tempo todo o que pode ser feito para diminuir esses custos sem perder a qualidade do serviço oferecido, seja por meio de eficiência energética ou outras alternativas disponíveis”, reflete.