Apagão nas Cidades Irmãs é o segundo maior registrado no Estado

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Atualizado há 10 anos

Da redação

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Os Eucaliptos estavam plantados fora da faixa de proteção da linha de transmissão de energia. O proprietário do terreno, Gentil Filipiak, estava dentro das normas estabelecidas pela Copel (Cristiano Silva/Grupo Verde Vale de Comunicação)

Foi um final de domingo bem atípico. Perto das 20 horas, as luzes se apagaram. Residências, prédios, escolas, praças, igrejas e ruas ficaram no escuro. A falta de energia elétrica atravessou a madrugada e só foi retomada poucos minutos antes das seis horas de segunda-feira, 27. Ao todo, foram dez horas de total escuridão. O desabastecimento comprometeu 75 mil unidades consumidoras. As Cidades Irmãs foram os municípios mais afetados pela falta de energia.

A chuva, que chegou com intensidade – informações mostram 54 milímetros de chuva em duas horas – reduziu o aspecto visual e ampliou o rastro de danos. Várias ruas, em União da Vitória e Porto União, tiveram seus acessos prejudicados e algumas residências, pela força da água e dificuldade no escoamento, também foram afetados.

A Polícia Militar, nas duas cidades, reforçou suas equipes de segurança para garantir integridade aos imóveis. O Corpo de Bombeiros, também esteve nas ruas. No centro de União da Vitória, os militares precisaram retirar uma família que ficou presa em um elevador. A Defesa Civil também saiu às ruas na noite de domingo, 26, para monitorar os danos. Em Porto União, segundo o membro das atividades operacionais do órgão, Ruy Breyer, o trabalho começou logo após o início do apagão. “E em seguida tivemos a forte chuva, que ocasionou alagamentos em algumas ruas e rompimentos de tubulações. Na mesma hora, a equipe da secretaria de Obras já estava trabalhando para solucionar esses problemas”, explicou. Conforme Ruy, não houve problemas graves e no interior, nenhuma ocorrência foi registrada.

Em União da Vitória, não houve a emissão de nota oficial por parte da prefeitura. No município, contudo, não houve registro de grandes danos. No entanto, assim como em Porto União e em áreas parciais dos municípios vizinhos, até o final da tarde de segunda-feira, o abastecimento de energia ainda estava frágil, bem como o suprimento de água. Em vários bairros, as torneiras permaneceram secas, desde o retorno da luz, na madrugada de domingo, 26.

Em nota, a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), informou que por conta da queda de energia, o abastecimento de água ficaria comprometido durante todo dia de ontem, e também durante esta terça-feira, 28. Sem energia, as bombas, que enviam água às residências, não funcionam. À prefeitura, a Sanepar informou ainda que a retomada normal depende do bom funcionamento das bombas. “Nosso problema está nas partes altas de Porto União. Estamos trabalhando para isso. Acredito que até terça-feira cedo, isso já estará normalizado também. Em União da Vitória, o problema ficou maior na região do Limeira”, explica o gerente em exercício do escritório da Sanepar local, Antônio Marcos Vieiras. O pedido é para que o consumo seja moderado nas próximas horas.

Segundo os engenheiros da Copel os fios de alta tensão, durante a queda dos Eucaliptos, caíram no "efeito cascata". Ou seja, os fios desligaram automaticamente o fornecimento de energia, até o momento da equipe encontrar o problema
Segundo os engenheiros da Copel os fios de alta tensão, durante a queda dos Eucaliptos, caíram no “efeito cascata”. Ou seja, os fios desligaram automaticamente o fornecimento de energia, até o momento da equipe encontrar o problema  (Cristiano Silva/Grupo Verde Vale de Comunicação)

Onde ocorreu o problema

No início da noite de domingo, as informações sobre as causas da queda de energia estavam bastante desencontradas. Elas só foram finalmente esclarecidas por volta das 11 horas de segunda.

Após sobrevoarem de helicóptero mais de 60 quilômetros da Usina de Foz do Areia, os engenheiros e equipe de emergência da Companhia de Energia Elétrica do Paraná (Copel) encontraram o problema que ocasionou o desabastecimento de energia.

Segundo o engenheiro da empresa, Nelson Cuquel, o efeito é fruto do tempo instável e da queda de árvores de Eucaliptos que foram lançados na rede de energia.

O problema ocorreu na Linha Vitória, interior de Cruz Machado. O cabo principal de transmissão de energia – que vem da Usina de Foz do Areia à União da Vitória – foi danificado. De acordo com os engenheiros da Copel as árvores de Eucalipto foram lançadas nas linhas de alta tensão da torre, após fortes ventos.

O local é caracterizado por ser um vale, dos dois lados dos cabos de alta tensão há plantação de Eucalipto, e as torres estão localizadas no meio da plantação.

Durante toda à tarde de ontem, 27, o fornecimento de energia estava sendo feito por uma linha de transmissão auxiliar, que passa por Irati, Rio Azul à União a Vitória, mas, contudo às 18h30 outra manobra foi realizada para restabelecer o fornecimento para a linha principal.

Equipes de Ponta Grossa, União da Vitória e Curitiba estavam trabalhando para normalizar o fornecimento de energia para a região. As equipes trabalharam desde a interrupção de energia no domingo, 26, às 20h.

Este foi o segundo maior apagão registrado no Estado do Paraná neste ano. O primeiro desabasteceu cerca de 250 mil unidades consumidoras.

Cidades vizinhas, como Paula Freitas, Cruz Machado, Paulo Frontin, Porto Vitória, Bituruna e General Carneiro também registraram queda de energia.

Fotos tiradas por Cristiano Silva no local do rompimento de energia

Prejuízos

Estabelecimentos que não tem geradores próprios de energia contabilizaram ontem os prejuízos deixados pela falta de luz. Além da clientela – com o apagão poucos saíram de casa e quem saiu não encontrou bares ou qualquer estabelecimento comercial funcionando – houve perda de produtos e de recursos.

Na Sorveteria Summer, no centro de União da Vitória, parte da calda para sorvete precisou ser jogada fora. “O sorvete derreteu. Não perdeu a qualidade mas precisamos fazer tudo de novo. Gastamos mão-de-obra e mais energia”, conta o comerciante, Lauro Letchacoski.

O Clube 25 de Julho, em Porto União, por exemplo, que só funciona aos domingos, nem abriu as portas. Segundo informações da secretaria, o conjunto musical contratado chegou à cidade mas voltou para casa. “Tivemos prejuízos de quase R$ 7 mil”, calcula o presidente do clube, Luis Alberto Pasqualin, que já garantiu entrada judicial para cobrar os danos.

Casas de carnes também tiveram de incinerar algumas carnes.

Faltou luz em Irineópolis

De acordo com nota oficial da Celesc, o município continuou sem energia durante a segunda-feira. A cidade registrou mais de cinco mil unidades consumidoras desabastecidas desde a noite de domingo. Em Irineópolis, a Celesc mantém o atendimento. A Companhia informou ainda que durante o conserto das linhas, novas interrupções poderiam ocorrer.