Odilon Muncinelli: um ano de saudades e lembranças

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Atualizado há 1 mês

Nesta terça-feira, 9, relembramos com profunda saudade e emoção o primeiro ano desde o falecimento do renomado advogado e estimado colunista do Jornal O Comércio, Odilon Muncinelli.

Sua partida deixou uma lacuna imensurável na comunidade onde deixou sua marca indelével. Ao longo de sua jornada, Odilon conquistou inúmeros feitos significativos, sempre ao lado de sua fiel esposa e grande companheira, Aldair.

Após 365 dias desde sua partida, é momento de homenagear e recordar o legado deixado por Odilon.

“Profissional de competência, homem de família e do bem. Por certo encontra-se numa confortável morada na casa do pai. Falar do Odilon, filho dedicado, esposo carinhoso e fiel, pai amoroso e presente, avô zeloso e afável, amigo leal, profissional íntegro, reserva moral como cidadão, muitos já disseram da sua personalidade, competência, caráter e sabedoria. Digo com convicção que ele era dotado de uma humildade admirável, própria das grandes personalidades. Aprendemos muito com ele. Conhecer o Odilon, namorar e noivar por quase três anos, viver casada por 55 anos com um homem tão especial foi um grande privilégio. Enfrentamos juntos, lado a lado, muitas dificuldades, mas vivemos lindos, suaves, alegres, gostosos e carinhosos momentos de felicidade. Com amor e muita cumplicidade formamos uma belíssima e unida família. Primeiro, deus nos enviou o Gianfranco que, junto com a Andréia, nos presentearam com dois lindos netos, o Cicero Domenico e a Sarah Giulia. Quatro anos depois, deus nos enviou o Giorgio, hoje casado com a Flávia, que nos presentearam com dois lindos netos, o Enzo Luigi e o Pietro. Nossa vida foi uma benção tão grandiosa que nem percebemos o tempo que passou, nos permitindo envelhecermos juntos. Foi bom demais.

O nosso erudito Odilon foi partícipe na educação dos nossos filhos e dos nossos netos. O Odilon, um homem inteligente, um sábio que exercitava a humildade no dia a dia. Sem dúvida um espírito especial. Reitero que foi uma reserva moral na profissão, um historiador que se autodenominava “anotador da história”, um escritor sensível e um poeta encantador que verteu amor, saudade e alegria nos seus versos.

Além do amor, respeito e admiração, nutrimos um enorme orgulho do Odilon. Agradecemos pela vivência feliz e pelos belos rastros escritos deixados para a posteridade. 

Aldair

Odilon assinou por 20 anos a coluna Milho no Manjolo do Jornal O Comércio, e acumulou por anos o respeito de  muitas pessoas do Vale do Iguaçu.

Advogado, membro da Academia de Letras Vale do Iguaçu e um dos mais importantes integrantes do segmento. Trabalhou tenazmente em favor de registros da história das cidades gêmeas.

Em 1965, formou-se advogado, desde então sua vida foi de muito trabalho e conquistas na sua profissão. Um grande poeta… Publicou belos poemas para homenagear sua amada, também histórias de instituições e livros.Ele escreveu sobre história, fez história e participou ativamente das cidades que amava.Assinou a coluna Milho no Monjolo do Jornal “O Comércio” por mais de 20 anos.

Foi uma das pessoas mais influentes na área da cultura e conhecimento do Vale do Iguaçu, ocupou vários cargos em diversas gestões.Casou-se com Aldair Muncinelli e viveram 54 anos juntos, união que gerou dois filhos. Odilon um homem integro, inteligente, amoroso, pai presente…

Com carinho, Aluna Silene

Em março deste ano, foi sancionada pelo prefeito de Porto União Elizeu Mibach, a nova denominação para a biblioteca municipal de Porto União: “Biblioteca municipal Odilon Muncinelli”.

O amigo, acadêmico e jornalista Ivo Dolinski conta sobre os mais de 60 anos de convivência.

Honrosamente, em nome da Academia de Letras do Vale do Iguaçu, mas também por vontade da própria família, recebi a sublime tarefa de falar nesta Sessão Saudade das qualidades e homenagear a memória de um dos mais importantes integrantes da nossa Instituição.

E espero, porque o conhecia há mais de 60 anos, honrar a sua memória, mesmo porque, tenho certeza, ele, no espaço espiritual que se encontra, vai aprovar minha fala.

O respeitável confrade João Darcy Ruggeri, por quem Odilon tinha apreço especial, em uma de uma de suas obras ‘Eles & Eu’, escreveu:

“NÃO DESEJO QUE CHOREM PORQUE MORRI, MAS, SIM, DE EMOÇÃO E DE SAUDADE PELO CONSTRUI”.

E eu reafirmo na linha do confrade João Darcy:

Porque aqueles que amamos nunca morrem, simplesmente vão embora antes de nós.

E Odilon partiu, mas continua próximo de nós, mesmo que não consigamos enxergá-lo.

É com emoção e saudade, que vou destacar tudo o que me lembro daquilo que ele ajudou a construir, como cidadão e advogado, esposo, pai, avô e amigo.

Apesar de que para a amada família, esposa Aldair, filhos Gianfranco e Giorgio, noras Andreia e Flávia e os netos Enzo Luigi, Cicero Domenico, Sarah Giulia e Pietro, ficaram as lembranças mais dolorosas, mas inesquecíveis do carinho que trocavam, dos sorrisos que compartilhavam, das abençoadas mãos estendidas, do colo aconchegante, dos ombros confortáveis, dos conselhos, dos abraços apertados, do amor mútuo e puro que consolava.

Foi nos anos 60 do século passado que tive o privilégio de conhecer o advogado Odilon Muncinelli:

Um homem sociável, dedicado ao trabalho como procurador jurídico da Prefeitura de União da Vitória, sendo por isso responsável para tornar legal projetos marcantes para a comunidade, como as áreas que vieram a ser ocupadas pela construção da Imagem do Padroeiro Sagrado Coração de Jesus de União da Vitória; participação em grupos ligados aos projetos visando a criação de uma instituição de ensino superior; (ao lado dos saudosos Moacir de Mello, Roberto Ciro Correa, Nelson Dissenha, além de outros); da implantação da Telepar; da implantação do sistema de captação, tratamento e distribuição de água tratada, com a constituição do SIMAE (Serviço Intermunicipal de Água e Esgoto);  Da construção do Regional Hospital de Caridade;  apoio à equipe comandada por seu cunhado (de saudosa memória) Arnaldo Wengerkiewcz, que trouxe às primeiras imagens de televisão às cidades irmãs, árduo trabalho que permitiu que a população pudesse assistir a Copa do Mundo do Mundo de 1970, quando a seleção brasileira fez 90 milhões de brasileiros vibrarem;  da comissão organizadora dos festejos do sesquicentenário do Brasil, em 1972, além de outras iniciativas que foram de grande relevância para União da Vitória e, igualmente, para Porto União.

Por um longo período foi o procurador jurídico do Banco do Estado de Santa Catarina (BESC) em Porto União, desenvolvendo nessa instituição bancária um excelente trabalho, apesar da delicada tarefa sempre foi extremamente parcimonioso nas decisões à instituição e principalmente aos clientes.

E num período que foi especial para mim no exercício de função pública, como meu orientador em iniciativas relacionadas ao tombamento, pelo Governo do Estado de Santa Catarina, para o patrimônio histórico do Castelinho, mas que, finalmente, foi consolidado como patrimônio do município nas gestões do atual prefeito Eliseu Mibach nas gestões de 1998 a 2004, graças a processo que exigiu o decisivo respaldo do Poder Legislativo Municipal.

Também da parte catarinense da Estação Ferroviária “União”.

Das orientações legais que me repassou para a solução do histórico prédio ocupado pelo Grupo Escoteiro Iguaçu, construído antes da definição dos limites dos estados do Paraná e de Santa Catarina, em outubro de 1916 do século passado.

Das orientações jurídicas/legais para oficialização de extensa área para um complexo industrial, atualmente um dos mais importantes de Porto União.

Em eventual exercício de função pública no município de Porto União, eu não me constrangia em frequentemente recorrer ao advogado Odilon Muncinelli para ouvir suas opiniões e muitas vezes pareceres, para fundamentar projetos importantes para a comunidade.

Destaco esse envolvimento do querido Odilon como um competente e honrado causídico, porque várias e várias gerações não o conheceram como eu na sua participação em assuntos de interesse da nossa comunidade.

Muitas das gerações nos últimos anos, o conheceu como a grande referência da nossa cultura e da nossa história.

Por ser consciente do seu valor – que era reconhecido por todos quantos o conheciam – ele possuía a virtude de não invejar o talento alheio, mas de admirá-lo.

Foi exatamente por causa dessa virtude, que ele deve ter visto em mim algumas qualidades, começando aí uma relação que perdurou por décadas. Passados mais de 60 anos.

E porque eu via nele um homem que representava coragem, força, determinação, positividade; porque era sábio, racional e um grande conselheiro.

Foi então que, na condição de editor do jornal ‘O Comércio’, ofereci um espaço para ele produzir uma coluna sobre assuntos jurídicos, nascendo a coluna “Lex & Notas e Comentários”.

Anos mais tarde, a coluna foi substituída por “Milho no Monjolo”, editada por mais de 20 anos, mas com um novo conteúdo, ligado a questões culturais, notadamente históricas.

E o sucesso foi inquestionável, inicialmente na edição impressa do jornal ‘O Comércio’ e muitas vezes no jornal ‘A Cidade’. E com o advento das Redes Sociais no Portal Verde Vale, além de publicações na Revista Magazine Contestado, de Izabel Rodrigues Ribas Calliari.

Eu e meu respeitável e querido amigo Odilon, acabamos integrando a ALVI. Ele como fundador e eu mais tarde.

Por tudo isso vou mantê-lo vivo nas minhas lembranças todos os dias que restam ainda de minha vida. Vou honrar seu nome, porque seu corpo não está mais aí, mas sua existência continua na minha mente.

Lembrar das centenas de visitas no seu escritório, em Porto União, quando nossas prosas abrangiam os mais vários temas, sempre salutares, inclusive quando, num momento polêmico, mas democrático e republicano, ele sempre levava a melhor, embora às vezes, humildemente, se rendia as minhas considerações.

Aquele escritório de advogado, já jubilado pela Ordem dos Advogados do Brasil, no entorno de sua residência, mas rodeada de um lindo jardim e duas araucárias, uma delas gigantesca, era uma verdadeira biblioteca, com milhares de publicações jurídicas e de centenas de escritores de nossa região, de Santa Catarina, Paraná e do país, com as paredes repletas de diplomas que recebeu ao longo de sua vida.

Sentindo a suavidade do ar proporcionado por aquele lindo jardim, com aquelas araucárias, na varanda de sua residência, não sei lembrar quantas vezes foram, mas muitos os momentos que passei ao lado do Odilon e de sua esposa Aldair, sempre dialogando sobre família, comunidade, história, enfim de uma infinidade de assuntos.

Momentos inolvidáveis, que jamais sairão na minha mente.

E eu não era o único que o visitava seu escritório, mas dezenas de outras pessoas que o procuravam em busca de informações sobre a nossa rica história.

E os mais jovens, principalmente estudantes, recebiam dele atenções especiais.

Eu não estou, como acontece formalmente, fazendo apenas uma homenagem póstuma nesta sessão saudade ao amado Odilon, mas lembrando de tudo o que ele representou, não somente para mim, mas para as comunidades geminadas do Vale do Iguaçu, além, é claro, e isso é inquestionável, à sua família.

Na Academia de Letras do Vale do Iguaçu, por ser jurista, era questionado para a resolução de questões legais, sempre com decisões sábias.

O presidente da instituição, após decisão da maioria em uma reunião do colegiado, decidiu criar uma condecoração para conceder às pessoas da comunidade que se destacam em ações ligadas à preservação das letras, cultura e sociais/comunitárias, designou os acadêmicos Odilon e eu para redigir os regramentos de uma comenda.

Passados menos de dois meses, Odilon me telefona e com aquela voz forte, apenas diz: Polaco (é assim que ele se dirigia a mim, mesmo porque minha etnia fazia parte de sua vida) passe aqui para vermos como fica o documento da escolha dos futuros integrantes das comendas, denominada de Comenda Pinhão do Vale.

E no escritório ele me passou o documento já pronto e disse: “Leia e faça as modificações que entender necessárias”. Li e imediatamente concordei. Ele exigiu que lesse novamente. E eu li!

Aí eu disse a ele: “Odilon, tem apenas uma vírgula sobrando”. “Tudo bem, tire então”, disse.

A verdade é que não estava sobrando nenhuma vírgula.

Foram as regras para a escolha da Comenda Pinhão do Vale, que já contemplou dezenas de pessoas e foi na verdade preparada por ele. E eu, apenas, apareço como coautor, porque ele na sua humildade, disse que: “Enfim, nós dois, é que fomos designados para a tarefa. E por isso somos nós dois os autores”, disse numa demonstração inequívoca de humildade.

A FORMAÇÃO DE UMA SÓLIDA E FELIZ FAMÍLIA.

Eram dois jovens simpáticos e muito bonitos. E eles não resistiram o amor que nasceu entre eles e os levou ao altar, se unindo pelos sagrados laços matrimoniais, formando o casal ALDAIR WENGERKIEWCZ e ODILON MUNCINELLI.

Ela era descendente de uma das mais honradas e respeitadas famílias de nossas cidades, já atuando como dedicada professora da rede estadual de ensino de Santa Catarina em Porto União.

E ele o advogado que se destacava em sua profissão, entre tantos da época que, como ele, integravam a digna profissão, tendo como sua referência o saudoso causídico João Farani Mansur Guérios, que foi escolhido por ele para ser o Patrono de sua cadeira na Academia de Letras do Vale do Iguaçu.

Odilon, contudo, tinha um amor profundo por seu pai, Cícero Muncinelli, e por sua mãe Holanda.

Falava sempre com orgulho de seu pai, que ele tinha como o herói de sua vida.

Aldair e Odilon formavam um casal, que com o passar dos anos, se tornou referência na nossa comunidade, abençoados com o nascimento de dois filhos – Gianfranco e Giorgio.

E os dois filhos, casados, abençoaram Aldair e Odilon com quatro netos – Enzo Luigi, Cícero Domenico, Sarah Giulia e Pietro, que eram a alegria do avô.

Nas qualidades profissionais e conhecimento de nossa história, tanto a professora Aldair quanto o advogado Odilon, eram notáveis em todos os sentidos.

A contribuição do advogado Odilon para o registro do centenário da comarca de União da Vitória, que teve o reconhecimento do Poder Judiciário do Paraná.

Uma posição que, inegavelmente, honrou a comunidade de Porto União.

Aposentado, com alguns problemas que afetavam sua saúde, Odilon, naquele escritório que citei, que se transformou num “SANTUÁRIO” da história e da cultura, se dedicava a redigir sua coluna ‘Milho no Monjolo” e receber amigos e todas as pessoas que o procuravam para ouvir dele detalhes importantes de nossa história.

Era, para mim um grande historiador, com várias obras que publicou, mas sempre se dizia ser um ‘anotador da história”.  

A edição 6710, de 15 de abril de 2023, do jornal ‘O Comércio’, em sua primeira página traz o título ‘Odilon Muncinelli – Imortal’, com a última coluna ‘Miolo no Monjolo’, redigida por um de seus netos; ‘Uma linda história de amor’, de autoria de sua esposa. Para encerrar, destaco o final de um antigo que ele publicou, em parceria com sua esposa, que não deixa de ser um chamado para suas confreiras e confrades:

“SOMOS A HISTÓRIA, FAZEMOS A HISTÓRIA, VIVEMOS A HISTÓRIA, MODIFICAMOS A HISTÓRIA, E ABENÇOADOS AQUELES QUE REGISTRAM A HISTÓRIA”.