EMPÓRIO DO EMPRESARIO: Memória administrativa, um patrimônio pouco valorizado

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Atualizado há 9 anos

Uma das nossas principais habilidades, como seres humanos, é a nossa capacidade de armazenar e recuperar (ou evocar) dados passados que possam ser utilizáveis no curto, médio e longo prazo. A essa capacidade chamamos de memória. Um ser dotado de boa memória é admirado em todos os círculos, mas um sem memória é praticamente um animal e em algumas situações, pior que um animal, pois sabe-se que um elefante tem uma memória invejável. A Universidade de Kyoto publicou uma pesquisa na revista “Current Biology”, informando que os chimpanzés teriam melhor memória que os estudantes universitários.

Sabemos hoje que a base para toda a boa decisão deve estar fundamentada na memória, ou seja, só se decide coerentemente quando se tem um banco de dados de situações especificas e similares para que a decisão tenha fundamento histórico. Somos seres decisores, tomamos aproxidamente 100.000 decisões diariamente, obviamente que entre elas estão as mais fúteis, como pentear o cabelo para o lado ou para o outro e também, a decisão de virar a direita ou a esquerda e, também as grandes decisões, como investir numa grande máquina ou de contratar um administrador de renome. Mas, nosso aparato decisor se ampara em memórias e essas memórias são formadas basicamente por sentimentos, ou seja, imagine que você hoje tome uma decisão qualquer e que essa decisão tenha consequências negativas. Essas consequências lhe geraram um sentimento (negativo no caso) e daqui a 20 anos, se você tiver que decidir numa situação similar, automaticamente sua memória lhe informará e lhe avisará (ainda que inconscientemente) qual caminho já foi seguido. A esse ato inconsciente da memória, chamamos de 6º sentido, apesar de que muito esotéricos não concordem. Realmente uma pena, mas na verdade esse 6º sentido é apenas um aviso da memória.

Pois assim como qualquer ser vivo, a empresa também possui memória, mas a empresa possui uma memória ainda mais complexa, pois pertence a um grupo de pessoas que muitas vezes a assimilam e a interpretam de maneira diferente e, em alguns, caso a guardam para si, somente. A empresa é um ser que depende da memória de várias pessoas, além dessa memória formalizada, escrita e registrada nos arquivos históricos da empresa.

Mas o mais importante é lembrar que a memória de uma empresa está relacionada com pagamentos, recebimentos, dividendos, planejamentos de curto, médio e longo prazo.

O fato é que em toda e qualquer substituição, demissão todo esse patrimônio se perde e com isso, sempre quem perde é a empresa. Esse é um dos motivos, obviamente que há muitos outros, porque se deve evitar a realização de demissões em massa, seja da área operacional, seja administrativa, mas sobretudo da área administrativa, pois para qualquer empresa pior do que não saber sobre o passado é faltar a noção de como chegamos ao presente e como devemos rumar ao futuro… Afinal de contas a memória também interfere no que o nosso passado nos indica como futuro provável.

            Alvaro Concha

Consultor de Empresas

alvaroconcha@gmail.com