OPINIÃO: Conservar o solo e a água é uma questão de inteligência

O mau uso dos recursos naturais já impacta de forma direta na produtividade e, consequentemente, na renda do produtor

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Atualizado há 7 anos

Bater na tecla de que “o solo e a água são os principais patrimônios do agricultor e que precisam ser conservados para continuar gerando boas safras”, para muitos pode ser ‘chover no molhado’. Os dados alarmantes em relação à situação do território agricultável do Paraná mostram o contrário. O assunto precisa ser debatido a exaustão, para evitar transtornos ainda maiores em um futuro próximo. O produtor rural precisa entender que a quantidade produzida em determinada área e os custos para a sua produção estão diretamente relacionados com a qualidade do solo.

De acordo com a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), atualmente 30% das lavouras do Paraná registram algum processo de erosão. Mais, o mau uso dos recursos naturais já impacta de forma direta na produtividade e, consequentemente, na renda do produtor. Para qualquer Estado do país, esses dados já acenderiam o sinal de alerta. Tratando-se do Paraná, que tem na agricultura a base da economia e com histórico de pioneirismo de práticas conservacionistas, o quadro é ainda mais alarmante.

Para mudar o cenário e continuar garantido que os produtores colham resultados positivos, e não prejuízos, o governo do Estado colocou em prática, em agosto, o Programa Integrado de Conservação de Solo e Água do Paraná, com apoio de diversas instituições públicas e privadas, entre elas o Sistema FAEP/SENAR-PR. A primeira coisa a ser dita é que essa iniciativa não é um projeto de governo, mas um programa de Estado, do setor, que terá continuidade por, no mínimo, os próximos dez anos, tempo estimado para a retomada com eficiência dos processos de conservação do solo e água. Na realidade, o programa é o resgate de práticas existentes para recuperarmos a fertilidade do solo do Paraná. Práticas que foram sendo abandonas com o tempo.

O SENAR-PR já começou a capacitação de centenas de profissionais, técnicos e produtores rurais em diversas regiões do Estado. Em breve, serão milhares. O objetivo é formar um exército a serviço do campo.

Visando dar maiores subsídios aos técnicos e aos produtores rurais em relação às práticas mais adequadas de conservação de solo e água, a Rede Paranaense de Agropesquisa em parceria com a Fundação Araucária, estará em breve lançando um edital de pesquisa, cujo objetivo é basicamente responder às demandas estadual e regionais apresentadas pelos representantes dos produtores rurais. Demandas que em função das diversas mudanças tecnológicas e climáticas recentes carecem de respostas. O edital selecionará os melhores projetos de pesquisa, os quais serão implantados nas diversas regiões representativas do estado.

Como resultado das pesquisas será escrito um Manual de Conservação de Solo, cujas recomendações serão baseadas nas condições de cada região do Paraná.

O programa está em andamento e não visa uma solução em curto prazo, requer dedicação das entidades estaduais ligadas ao agronegócio, dos profissionais que atuam no campo. Mas, principalmente do entendimento dos produtores rurais de que não estamos falando de um programa de preservação ambiental apenas, mas de um programa de preservação e viabilidade da propriedade rural. Solo degradado significa produtividade menor, maior uso de insumos, menor retenção de nutrientes, ou seja, maior custo de produção e menos dinheiro no bolso do produtor.

Precisamos trabalhar de forma inteligente usando o meio ambiente como nosso aliado para que possamos retomar o pioneirismo em práticas conservacionistas e em produção sustentável.

Ágide Meneguette é presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR