RETIRO DO EMPRESÁRIO: Avô rico, filho nobre, neto corrupto

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Atualizado há 7 anos

Odebrecht é nome alemão, cujo primeiro descendente, Emil Odebrecht veio em 1856 ao Brasil, para Blumenau e aqui deixou 15 filhos. A história conta que o fundador do grupo Odebrecht foi Emilio Odebrecht, que na Segunda Guerra Mundial passava por problemas de liquidez gravíssimos em sua empresa, pois os materiais de construção eram escassos e seus preços altíssimos (devemos considerar que naquela época o cimento, as louças e até o ferro eram importados da Europa) além disso, o patrimônio da empresa já era do banco.

Foi nesse panorama que Norberto Odebrecht recebeu a empresa do pai, se formou e começou a negociar com credores, clientes e funcionários.

Nascido em Recife, em 1920, mudou-se para Salvador com apenas 5 anos e ali “fui obrigado a engraxar sapatos, arrumar cama e rachar lenhas e só depois brincar”, conta o já falecido empresário. Apendeu a falar português somente aos 12 anos e aos 15 iniciou seus contatos com a construtora da família, onde trabalhou como ferreiro, pedreiro, serralheiro e tinha sua mesada calculada pelas horas de trabalho.

Abriu uma madeireira em 1950, vindo a fechá-la em 1954, por falta de conhecimento da área, em 1953 se ligou a Petrobrás (ano de fundação da empresa) e em 1969 construiu o edifício-sede da empresa, além do aeroporto do Galeão, a UFRJ, a Usina de Angra 1 entre outras obras de grande envergadura.

Uniu-se aos militares e ganhou várias licitações, porém de menor importância, como pontes, estaleiros, estradas, sentiu-se muito deslocado de suas atividades quando iniciou suas atividades nas grandes obras, pois segundo ele “eram obras de coordenação e a empresa não estava acostumada a esse tipo de obra”.

A empresa cresceu e tornou-se o conglomerado que hoje é na década de 70 (mais especificamente entre 1973 e 1977 contabilizando um crescimento de 212% nesse período), quando a empresa realizou as obras de Angra II e Angra III. Porém o empresário sempre atuou de maneira discreta e sem badalações, dirigindo seu próprio carro e usando somente ternos brancos.

Em 1980 a empresa compra a CBPO, uma empreiteira que na época estava entre as 6 maiores do país, assim entrando no grupo das maiores construtoras do país. Porém, na década de 1990 se viu envolvida em escândalos de corrupção fazendo parte de investigação da CPI do orçamento, quando a empresa foi considerada fraudulenta, pelo senador José Bisol.

Norberto, para sua sorte morreu em 2014, aos 93 anos, antes de ver seu neto, Marcelo, preso e condenado pela Operação Lava-Jato. Morrei deixando uma empresa com aproximadamente 180.000 funcionários em 23 países, uma fortuna de aproximadamente US$ 5 bilhões e um legado de como construir uma empresa sempre aliando-se ao governo, não importa de que lado se está.

Alvaro Concha

Consultor de Empresas

alvaroconcha@gmail.com