Chove muito, mas, condição do tempo não preocupa Defesa Civil

Tempo instável inquieta moradores ainda assustados com a enchente de junho. Órgãos de Defesa Civil tranquilizam comunidade

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Atualizado há 10 anos

Por Mariana Honesko

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(Fotos: Mariana Honesko).

O final de semana nem de longe combinou com o perfil da estação que acabou de estrear no calendário. Nesta Primavera, chove muito, uma chuva constante e forte, suficiente para tirar o sono de quem há três meses viveu uma das maiores enchentes registradas na região. Em junho, o nível do Iguaçu alcançou os 8,16 metros depois de três dias de chuva forte e ininterrupta. O perfil bastante parecido com o que vive União da Vitória e Porto União neste momento, já causa desconforto na comunidade, especialmente entre as famílias que tiveram seus imóveis atingidos – e bens perdidos – nas cheias.

Mas, conforme os órgãos de Defesa Civil, não há com o que se preocupar. Pelo menos não há tantos motivos para isso, por enquanto. Em União da Vitória, conforme a Secretaria de Obras e a Defesa Civil, o excesso de chuva é fato, porém, gerador de problemas pontuais, apenas. “Estamos com alguns pontos de estrangulamento de alguns bueiros, algumas vias com um pouco de água mas estamos tranquilizando a população, preservando a vida e o bem das pessoas”, diz o chefe da Defesa Civil em União da Vitória, Marco Antônio Coradin. Conforme ele, os bairros Limeira e Nossa Senhora do Rocio foram os mais afetados pelo excesso da chuva.

No Limeira, inclusive, em trechos do Rio D’Areia, que corta a comunidade, é evidente a presença de correntezas e de casas que começam a ser atingidas. Na porta de casa, Karolyne e o irmão assistem o rio subir. Eles moram na Rua Roberto Ciro Correia e são vizinhos do aposentado Manoel Rodrigues. Apontando para o muro, lembra junho, quando o rio chegou “um metro dentro de casa”. “E agora já estou nervoso de novo. Estou com medo de enchente”, desabafa. Adolfo Campos, também aposentado, saiu de casa apenas para se certificar dos comentários. “Vim e vi. Hoje (ontem) mesmo o rio já esteve em nível maior. Mesmo assim eu já separei um tanto de roupa. Vai que em um apuro não dá tempo?”, explica, com os pés protegidos por um par de galochas no Bairro Rio D’Areia.

Em União da Vitória, ainda, segundo o vice-prefeito, o lixo sem recolhimento ou despejado em locais inadequados também contribui para os alagamentos, ainda que curtos e em pontos isolados. “Isso agrava a situação. São folhas de árvores, sacolas plásticas, mato. Isso fecha a boca de lobo e prejudica o trabalho. Se a população ajudasse os danos seriam menores”, comenta Jair Brugnago.

Porto União registra poucas baixas

A Defesa Civil trabalha na vistoria dos pontos mais comprometidos pela chuva. Em nota, a assessoria de imprensa da prefeitura informa que as equipes de defesa estão em prontidão embora, até o final do dia de ontem, apenas as ruas Helmut Muller e Gustavo Medeiros, ambas no Bairro Santa Rosa, registrassem maiores problemas.

No caso da Medeiros, os danos provocados são por conta da pavimentação asfáltica que a via recebe. A tubulação não concluída ocasionou o alagamento das ruas. A Secretaria de Obras interrompeu o trânsito no local. Conforme o setor, a empresa Rodec, responsável pela obra, vai realizar o conserto do trecho assim que for possível. “Estamos observando nas principais cabeceiras que não tem chovido com intensidade. A grande precipitação é somente na nossa cidade e região. A nuvem que estava em cima de todo o Estado de Santa Catarina está indo em direção ao mar. A previsão é que com a chuva do final de semana a precipitação chegue a 200 milímetros. Essa chuva regional não tem grande influência aqui na bacia do Iguaçu”, explica o coordenador da Defesa Civil, Adhemar Lírio.

De acordo com ele, alguns problemas registrados já haviam sido apontados na enchente de junho. É o caso, por exemplo, de quedas de barreiras e desmoronamentos.

Previsão é de chuva até amanhã

Os sites de monitoramento do tempo combinam nas afirmações de que tempo instável tem curta duração. O Epagri/Ciram (SC) e o Climatempo (PR) garantem que a instabilidade termina amanhã. Para hoje, a aposta é de um dia com temperaturas relativamente altas – entre 17 e 27 graus – e pancadas de chuva durante a tarde e noite.

Amanhã, os meteorologistas garantem sol com nuvens, períodos nublados e chuva a qualquer hora. A probabilidade é alta – 88% – mas bem abaixo da prevista, e acertada para ontem, quando os sites garantiram chuva com 99% de exatidão.

O Simepar, outro instituto de pesquisa do tempo no Paraná, deu destaque ontem em sua página para a elevação do Rio Iguaçu. “Como chove no lado catarinense da divisa, ou seja, nos rios catarinenses que deságuam no Iguaçu, contribui para o incremento do nível e das vazões em setores desta bacia hidrográfica, em particular do médio e do baixo Iguaçu”, diz, em partes, nota publicada.

Pela região

Nos municípios vizinhos às Cidades Irmãs, até o final da tarde de ontem, nenhum problema mais sério havia sido registrado. Bituruna e Cruz Machado, cidades que normalmente tem prejuízos com o excesso de chuva, não pontuaram queixas. A exceção, contudo, envolveu um pequeno trecho na rodovia de ligação entre União da Vitória e Cruz Machado. Na região, popularmente conhecida como “pedreira”, houve queda de barreira. Até o meio da tarde o local estava mal sinalizado e exigia atenção dos motoristas.

Enchente de São Miguel é lembrada pelos mais velhos

Coincidência ou não ainda ontem, São Miguel foi lembrado. O dia era dele e especialmente nele uma chuva de especulações é atribuída. Conforme crença popular, na data em que se homenageia o arcanjo e nos dias próximos ao evento é comum que uma grande quantidade de chuva “despenque” do céu e gere, com isso, danos consideráveis. O fato é popular na região Sul e o nome do fenômeno é uma referência à capacidade de destruição do anjo homenageado.

Comportamento do nível do Iguaçu

Ontem, durante a madrugada, o nível do rio Iguaçu subia de maneira lenta. De acordo com o site de monitoramento da Copel, a média era de um centímetro por hora. O perfil mudou a partir das seis horas da manhã, quando a elevação chegou aos três centímetros por hora. Depois, nova subida: entre nove e dez horas, a elevação alcançou os cinco centímetros. O efeito foi idêntico entre dez e 11 horas, com novos cinco centímetros extras. Depois, a partir das 13 horas, houve um aumento de seis centímetros por hora.

Se precisar de ajuda, ligue:

Defesa Civil de União da Vitória

3522-4748

Defesa Civil de Porto União

3523-7001 e 8432-9587