APOSENTADORIA: Cuidar da saúde é principal motivação de quem planeja

Análise é do SPC Brasil e da CNDL. Maioria dos entrevistados acredita que falta planejamento para se pensar no futuro

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Atualizado há 6 anos

Levantamento realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) feito apenas com consumidores que se preparam para a aposentadoria revela que ter dinheiro para cuidar da saúde é o que mais motiva a formação desse tipo de reserva financeira, citado por 84% dos entrevistados. De forma geral, entre os que se organizam para a terceira idade, 85% disseram assumir essa tarefa como prioridade em suas vidas.

A pesquisa ainda revela que praticamente todos (96%) os entrevistados acreditam que o brasileiro deveria se organizar para a chegada da terceira idade e, desses, mais de um terço (36%) concorda que as pessoas deveriam pensar em formas alternativas de renda para não depender exclusivamente da Previdência Social. Para outros 35%, é importante se preparar na juventude para não depender de terceiros no futuro, enquanto 20% pensam que é importante se preparar para a aposentadoria porque as pessoas precisam manter o mesmo padrão de vida da época em que trabalhavam.

Indagados se concordavam com uma série de afirmativas, 74% disseram ter o receio de passar dificuldades financeiras na aposentadoria e 71% temem ter de trabalhar mesmo com a idade avançada para garantir o próprio sustento. No geral, 87% juntam dinheiro com medo de chegarem a essa fase da vida sem o conforto desejado.

Para 78%, empresas deveriam oferecer previdência complementar

Na avaliação dos entrevistados, as empresas também deveriam assumir papel de destaque na preparação da aposentadoria dos cidadãos. Segundo a pesquisa, 78% concordam que as empresas empregadoras deveriam disponibilizar aos seus funcionários um plano de aposentadoria complementar descontado da folha de pagamento, contra apenas 21% que discordam dessa ideia. No mesmo sentido, 65% concordam que a previdência privada é o jeito mais garantido de guardar dinheiro para a aposentadoria e 90% concordam que os órgãos governamentais deveriam orientar a população sobre os melhores planos para quem planeja se aposentar. Em média, os entrevistados têm a expectativa de viver até os 85 anos de idade.

Os entrevistados também acreditam que preparar-se para a aposentadoria deveria ser tema central de conversas dentro da família e no ambiente escolar. Para 95% das pessoas consultadas, a formação de reserva para essa fase da vida deve ser tratada com os jovens, enquanto 81% acreditam que o tema deveria fazer parte do conteúdo obrigatório no currículo escolar e de universidades.

Apesar de se planejarem, 43% admitem dificuldade para manter disciplina; 89% gostariam de usar aplicativos para gerenciar recursos da aposentadoria.

Mas mesmo entre os brasileiros que possuem algum tipo de planejamento para a aposentadoria, há comportamentos que dificultam o hábito de poupar. Em cada dez pessoas que possuem uma reserva para essa finalidade, quatro (43%) concordam que não conseguem se organizar financeiramente com a disciplina necessária, mesmo sabendo de sua importância. Além disso, 46% concordam que preferem aproveitar o dia de hoje a guardar dinheiro para a aposentadoria. Assim, 52% dos entrevistados só aplicam dinheiro quando há sobras no orçamento e 48% deixam, em algumas oportunidades, de guardar a quantia destinada a aposentadoria para realizar compras.

O estudo mostra que ferramentas tecnológicas que facilitam o acesso à informação e aos cálculos podem ajudar no cumprimento das metas. Nove em cada dez (89%) entrevistados são favoráveis a utilização de aplicativos para gerenciar e otimizar de forma automática os recursos financeiros para a aposentadoria.

O Comércio já abordou o tema

No final de abril, o jornal O Comércio publicou matéria especial sobre o assunto, mostrando a necessidade de se pensar na aposentadoria enquanto se é jovem. “Mas não importa o quanto você ganha, mas quanto você gasta”, avaliou, na ocasião, o economista, Roberto Farias Dunga, que atua na região do Vale do Iguaçu.

Para ele, não é nada promissor o fato de que milhões de brasileiros estejam envelhecendo sem planejar o futuro ou pensar em como irão manter-se. “Nós brasileiros pensamos muito a curto prazo. O brasileiro vive numa recém crise econômica que aos poucos vem sendo solucionada, mas as pessoas pensam em trabalhar hoje para pagar hoje, e não numa tranquilidade financeira. Necessita-se de uma nova consciência do brasileiro”, pontuou.

Farias também defendeu a regularidade dessa reserva e, para isso, fez alguns questionamentos. “A maior parte do dinheiro que não é guardado, é gasto com excessos, com compras que podem atrapalhar lá na frente. Já foram cinco meses neste ano: quanto desse dinheiro poderia ter sido reservado? Quanto por cento você consegue guardar? Quanta coisa você comprou que não precisava? Precisamos comprar o que precisa. Não precisa comprar no impulso, no reflexo”, diz. A reserva financeira precisa ser planejada e ter um hábito mensal. É importante definir um valor, fazer as contas e ver se a quantia economizada será suficiente para atingir o valor da aposentadoria pretendido pela pessoa no futuro. “A nossa velhice, o sucesso dela, depende das escolhas que fazemos agora”, completa.