Caso da “Viúva Negra” de Caçador repercute na região

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Atualizado há 9 anos

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Marli Aparecida Teles de Souza. (Foto: Divulgação Policia Civil Caçador).

Duas pessoas, sendo mãe e filho, foram presos pela Polícia Civil de Caçador, no meio oeste de Santa Catarina, suspeitos de planejar a morte e executar Rui Nadarci Dias de Oliveira, de 60 anos. Segundo a Polícia, a vítima foi morta por ingestão de substâncias químicas que potencializaram seus problemas de saúde. Ele foi encontrado morto no dia 25 de junho dentro de sua caminhonete após uma saída de pista na SC-350, entre Caçador e Taquara Verde. Na ocasião seu atestado de óbito constava como causa da morte infarto agudo do miocárdio. A principal suspeita é a companheira de Rui, Marli Aparecida Teles de Souza, de 46 anos, a Viúva Negra.

O crime e o motivo

Em companhia do filho do casal, Ulisses Antônio Souza de Oliveira, de 21 anos, Marli teria provocado a morte da vítima e armado um cenário onde Rui apareceu dentro de sua caminhonete, como se tivesse tido um ataque e perdido o controle da direção, saindo da pista. Tudo teria dado certo, não fosse uma ligação anônima para a Polícia Civil denunciando que Rui teria assinado 30 dias antes de morrer dois seguros de vida, o que fez a Polícia reavaliar a investigação. As apólices beneficiavam somente Ulisses, em detrimento dos outros três filhos que a vítima tinha.

O delegado regional Fabiano Locatelli, de Caçador, começou a investigação há cerca de quatro meses, após a morte de Rui. Um segundo exame, que foi solicitado no Instituto de Análises Forenses (IAF), detectou no sangue da vítima substâncias de dois medicamentos de uso controlado: “Levomepromazina” e “Clorfenamina”, um antipsicótico, e o segundo, um sedativo de uso controlado. Se usados juntos podem causar a morte.

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Ulisses Antônio Souza de Oliveira

A motivação ficou clara para a Polícia com a quebra do sigilo bancário de Rui. Existem duas apólices de seguro que, juntas, somam R$ 1,2 milhão, tendo como beneficiário o filho de Rui com Marli. Por fim, a Polícia conseguiu um depoimento que elucidou o crime. Uma testemunha contou que Rui não morreu no acidente, e sim na casa de Marli, na noite anterior a que foi encontrado. Segundo a investigação, ao amanhecer Marli e Ulisses colocaram o corpo no carro e forjaram a saída de pista na SC-350.

A viúva negra em ação

Marli é suspeita da morte de outros três maridos ou namorados, todos nas mesmas circunstâncias. O primeiro foi em 2000, quando seu marido, um policial militar de Santa Cecília, de 32 anos, morreu e ela passou a receber uma pensão mensal. Depois outro namorado, de 38 anos, morreu em Caçador. E em 2012, um terceiro namorado, de 30 anos, morreu deixando um seguro de R$ 195 mil, que foi retirado por Marli no ano passado. Marli é suspeita de uma quinta vitima, um jovem de 25 anos, que desconfiou da atitude dela em propor a compra de uma apólice de seguros em que seria a beneficiária e terminou o namoro letal.

A resposta da lei

Os suspeitos, Marli Aparecida Teles de Souza e o filho Ulisses Antônio Souza de Oliveira foram ouvidos na presença do advogado e se mantiveram calados. Eles serão enquadrados por homicídio duplamente qualificado por motivo torpe, por meio cruel, além de fraude processual (forjar acidente), tentativa de estelionato contra o sistema financeiro e corrupção de menores, pois um adolescente de 15 anos, filho de Marli, teria ajudado a colocar o corpo no carro. Apesar dos boatos de que um dos envolvidos possui laços afetivos em União da Vitória, a Polícia Civil afirmou de que não solicitou a detenção de mais ninguém, somente a dos dois suspeitos. A mulher e o filho foram encaminhados para o Presídio de Caçador.