CTG Fronteira da Amizade completa 40 anos de tradicionalismo em terras irmãs

Aniversário de fundação é neste domingo. Um dos fundadores e sócio do Centro se emociona em relembrar a trajetória do grupo

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Atualizado há 8 anos

ctg-X6XO Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Fronteira da Amizade completa amanhã quatro décadas de sua fundação. E toda a história surgiu de um deboche paulista. Hilário Magnani, Leno e Edgar Tonial e Warrib Motta se encontraram no início de fevereiro de 1976 na casa de Álvaro Gaspre, um antigo amigo de Hilário da Escola de Comércio. Álvaro era o único da turma que não tinha os pés em terras gaúchas. Paulista de Presidente Prudente, Álvaro já havia, de certa forma, se cansado das histórias tradicionalistas e colocou em cheque o bairrismo dos outros quatro amigos – esses, sim, gaúchos. “Vocês são uns gaúchos de merda”, disparou Gaspre para os colegas sulistas. “A gente tinha intimidade para isso, mas aquilo mexeu com o brio da gente”, lembra Hilário. “Ele perguntou o porquê não tínhamos um CTG aqui, que em toda cidade do Brasil tem um CTG, em toda parte, até em Nova York e Tóquio e aqui não tinha. Onde tem gaúcho tem CTG”, conta Hilário lembrando as palavras do amigo. “Se vocês não fundarem um CTG eu vou fundar, e aí vai ficar bonito para vocês gaúchos, um paulista fundar um Centro de Tradições Gaúchas”, brincou.

E não deu outra. A reunião acontecera num final de semana. Na segunda-feira Leno Tonial foi até o escritório de Hilário para descobrir quais eram as “papeladas” necessárias para criar um centro. Em poucos dias, logo no dia 5 de fevereiro, o grupo se reuniu no Clube Operário para realizar a reunião de formação. No dia 14 do mesmo mês foi assinada a fundação do CTG Fronteira da Amizade.

Além do empurrãozinho do amigo paulista o nome também foi uma sugestão de Gaspre. “Nós pensamos em colocar alguns nomes de escritores gaúchos, mas decidimos fazer uma homenagem a união das cidades de União da Vitória e Porto União”, comentou Hilário.

O estatuto foi montado grosseiramente, conta Hilário, mas necessário para o momento. Os ensaios eram realizados em espaços emprestados. O grupo pulava do Balneário ao Clube Concórdia até que outro amigo, Guerino Massignan, cedeu um terreno na Rua Professora Amazília, para a construção de um galpão. Com os olhos marejados, Magnani relembra do companheirismo que levou o CTG a se levantar. “Terminado o expediente íamos todos lá trabalhar, não pegamos construtora nenhuma, nós construímos sozinhos. As mulheres também ajudavam, cozinhavam para os que estavam fora, as crianças dormiam nos pelegos no chão”, conta.

Passado algum tempo outra ajuda, agora da Administração Municipal por meio do então prefeito Gilberto Brittes, levou o grupo ao endereço na Bento Munhoz, onde está até hoje. A área era de preservação da Copel e estava cedida em forma de comodato ao Centro, mas há cerca de três anos, a posse definitiva do espaço foi repassada aos gaúchos da terrinha pelas mãos do governador Beto Richa.

Nos 40 anos de Fronteira da Amizade o que não faltou foi a união. De um gesto particular, entre amigos, toda uma cadeia tradicionalista foi fincada nas terras irmãs e parece estar longe de ir embora. “O gaúcho tem isso né, de se reunir, preservar a cultura, ficar entre amigos, e o CTG é isso”, comemora Hilário.

Fotos: Bruna Kobus