Internos da UPA concluem curso técnico

Cerimônia de encerramento da capacitação em Auxiliar de Cozinha revela habilidade da turma de detentos

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Atualizado há 9 anos

Por Mariana Honesko

Elieser, Victor e Adam: parceria que deu certo
Elieser, Victor e Adam: parceria que deu certo

Terminou na quinta-feira, 18, mais uma edição do curso de Auxiliar de Cozinha oferecido pelo Senac aos detentos da Unidade Prisional Avançada (UPA) de Porto União. Vinte internos participaram da etapa e na solenidade de conclusão, mostraram que, de fato, aprenderam a arte do corte, tempero e combinações ousadas na cozinha. “O desenvolvimento dos alunos até o final do curso foi espetacular. A habilidade, que é uma coisa que o Senac necessita, teve também. Foi muito bom”, elogiou o professor do curso, o chef Adam Rodrigo Koslowski.

Conforme o chef, embora o curso seja de auxílio, os alunos aprenderam técnicas mais nobres, como o preparo de massas, molhos, saladas, divididos em porções para entrada, prato principal e sobremesa. No coquetel servido aos convidados, uma mesa farta, com canapês e doces em taças individuais, revelou capricho e talento. “Se salvar um apenas, vou ficar feliz para sempre”, sorriu Koslowski, referindo-se à possibilidade de inclusão de algum detento na carreira profissional.

O curso técnico é mais uma parceria da UPA com o Senac. Ao longo do ano, outros eventos similares, também de inclusão social, já ocorreram. “Vejo o encerramento com muita alegria. Desde que começamos era um sonho fazer o curso. É um curso de coragem porque entrar na unidade prisional e trabalhar com facas e com tudo o que tem na cozinha, é para quem tem coragem. Todo mundo topou de primeira e a gente está feliz porque estamos mostrando que não é preciso ter receio, preconceito”, avalia o diretor do Senac de Porto União, Elieser Lorenzetti.

Conforme o agente prisional e gestor da unidade, o curso foi oferecido para detentos de bom comportamento. Para ele, mais do que capacitar profissionalmente os internos, a edição foca nos valores sociais. A ressocialização, por exemplo, é carro-chefe de todas as tentativas de investimento. “O curso vai preparar a pessoa para uma subsistência mas e um processo para levantar a autoestima da pessoa, para saber que este tempo preso não foi em vão mas que ele pode aproveitar para se preparar”, defende Victor Rafael Ribeiro.

Com previsão de saída para fevereiro de 2015, Sirlaine Prestes foi uma das alunas da modalidade. “Achei o curso empolgante. Tem muitos pratos que a gente não conhecia. Isso é importante para nossa saída daqui. É bom para quem vai para um restaurante e para quem vai ficar em casa. É o mesmo caso. Vou poder colocar tudo em prática”, sorriu a detenta, mãe do pequeno Maurício Junior, de três meses.