JULHO DE 1983: 30 ANOS

O conhecimento sobre cheias sugere a convivência responsável com o Rio Iguaçu

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Atualizado há 11 anos

•  Por Dago Woehl  •

30 anos - 01Estamos revivendo os 30 anos do início de uma das nossas maiores enchentes. Em 1983, depois de chuvas extraordinárias, 70% por cento das cidades ficaram submersas quando o rio Iguaçu alcançou 10,42m. Ele rugiu, mostrou a sua força e avançou sobre tudo: ficamos isolados, sem luz, comida e mesmo – água potável no marzão que assustava todo mundo.

Quando em 1992 ocorreu mais uma cheia a população de União da Vitória e Porto União se organizou em comissão para ver se a construção da Usina de Foz do Areia não estava influindo nos níveis de cheia. Nasceu a Comissão Regional Permanente de Prevenção contra Enchentes do Rio Iguaçu – CORPRERI, composta por vários segmentos da sociedade local, notadamente motivada pela então Força Feminina.

Não é uma “cor-preta”. É uma cor diferente: é “corpreri”. As reuniões eram públicas e realizadas na Câmara de Vereadores. Puxava o time o Dr. Roberto Cyro Correia quando um dia entregou-me, em frente da Novosul, a minha velha fábrica de estofados, sua carta de demissão e eu “fiquei” presidente.

Com o passar do tempo, chegamos à conclusão que as cidades estavam com mais “pobremas” relacionados à pobreza e ao subdesenvolvimento do que com enchente. Já com jeitinho de Organização Não Governamental – Ong, o grupo resolveu adicionar ao nome o SEC, de Sociedade de Estudos Contemporâneos. Séc, mais fácil de dizer, mais abrangente. Sem ofender ninguém, brincávamos que a inanição, falta de planejamento e os políticos das cidades nos levariam a anexação pelo Paraguai…

Voltando, a enchente foi mesmo extraordinária. São Pedro abriu a torneira do céu e foi jogar truco numa das grandes festas que fazem lá encima. Foram 22 dias de chuva. Choveu em julho de 1983 o equivalente há 6 meses (800 mm). O rio Iguaçu tinha mesmo que subir 1,53m em 24 horas de 7 a 8 de julho. Depois mais 1,95m das 7h as 7h entre 8 e 9 de julho, enquanto recebia ainda uma ajudinha no nível patrocinado pela operação em Foz do Areia. No dia 10, a tarde, com 9,83m ele se acalma, escapa da influencia de Foz do Areia e prossegue subindo por mais 8 dias dentro de sua condição natural.

No início da cheia, quando a turma correu para acompanhar os níveis do rio, algumas réguas já estavam submersas. A bacia de 24.200 Km² acima de União encheu rapidamente. Um volume imenso de água fazendo pressão incalculável sobre todos os caminhos e obstáculos, arrancando-os, passando por cima e… subindo! Como um monstro, o rio Iguaçu afogava as cidades.

O povo encharcado e com frio, primeiro deixou a várzea. Depois subiu o morro. Muitos, como na Guerra do Contestado, fugiram levando os filhos para longe da cidade e do rio. Pura verdade!

Alternativas potenciais de controle de enchentes

Na evolução dos estudos para combater enchentes as medidas potenciais são, em geral, classificadas em “estruturais” – quando o homem modifica o rio com obras, construções e, as “não-estruturais”, quando o homem convive com o rio.

No caso do Rio Iguaçu e das cidades de União da Vitória (PR) e de Porto União (SC), as medidas estruturais potenciais estudadas são:

1. reservatório de contenção a montante;

2. modificações no leito do rio;

3. construção de dique de proteção.

A Agência Internacional de Cooperação Japonesa – JICA estudou o “caso União da Vitória” a pedido da SEC-CORPRERI e, ainda em 1995 chegou à conclusão de que apenas a alternativa do dique com reassentamento poderia dar proteção às cidades, mas recomendando firmemente “estudos posteriores de viabilidade técnica”.

As medidas “não estruturais” potenciais para as cidades eram as seguintes:

1. Zoneamento de áreas de inundação;

2. Relocação/reassentamento para áreas de menor risco;

3. Seguro contra enchentes;

4. Proteções localizadas;

5. Previsão de curto prazo e alerta de enchente;

6. Controle de operação no reservatório.

Olhei agora o livrinho “Conhecendo e Convivendo com Enchentes” que escrevi em 1999 sobre o assunto e pude observar que as medidas de proteção foram de fato implantadas, divulgadas e colocadas a disposição do poder público e da população. Acho que mesmo escrito há 14 anos iria servir para orientar um e outro representante do povo completamente “fora da casinha”. Ouvi estes dias um deles dizendo que um dos chibarros da política local é quem fica insistindo para que o discurso continue sendo Foz do Areia (e o senhor obedeceu ao patrão para continuar ganhando eleição). Outro esperneava tipo galinha sem pescoço dizendo que ninguém fazia nada para resolver o “poblema”. Sem contar os técnicos do meu bairro que insistem na explosão das corredeiras e numa comporta para não secar o rio ou encher a represa de areia.

Percebendo algum interesse e compreensão de parte da população sobre o assunto relocação/reassentamento me dediquei de verdade para auxiliar a descobrir quem de fato – nunca fez nada ou, pouco está fazendo para resolver o problema das enchentes contribuindo com este artigo.

Alternativas de proteção não estruturais

Enquanto se discutia o grande perigo de se construir um dique de 86 milhões de dólares a “comissão de enchente” resolveu avançar – por julgar tecnicamente possível e a custos na medida bolso – na proteção da cidade com medidas não estruturais. Elas foram sendo executadas e concluídas uma a uma no decorrer destes 21 anos.

Estas medidas de “convívio com o rio” – são as seguintes:

– Controle da Operação do Reservatório (disponível hoje na internet para qualquer cidadão);

– Monitoramento Hidrológico (postos de medição de chuvas e níveis dos rios, especialmente acima de União da Vitória) www. copel.com – Monitoramento Hidrologico do Rio Iguaçu;

– Alerta de Enchente e Defesa Civil;

– Plano Diretor com o zoneamento das áreas de risco, relocação e eixo de desenvolvimento da cidade.

Parece pouco, pois você não vê, não pode pegar.

Mas a regra operacional “comeu” quase dez anos de estudos sobre o comportamento do rio. Toda aquela “coisarada” de níveis, cotas, volumes, escoamento, vazão, etc. No começo, tudo “medidinho na laranja e no cronômetro” até aparecer o ADCP, um aparelho que lê o fundo do rio, desenha o canal e mede quanto de água está passando.

O professor Tucci (contratado pela SEC em nome da comunidade) e a Copel discutiram uma regra operacional para Foz do Areia procurando determinar – em um modelo – a hora certa de abrir as comportas para que usina não aumente os níveis de enchente nas cidades e pudesse, depois, recuperar o estoque de água para gerar energia.

Nesta cheia de julho de 2013 a elite da tropa de choque desinformada da cidade ficou de novo de costas para o volume de água que chegava e enfiou os olhos por cima das corredeiras em Porto Vitória para ver o lago. E, mais uma vez, lá começando a baixar mais um pouco e, aqui, a subir mais um pouco. Mesmo assim, os técnicos de plantão passaram por cima de mais uma oportunidade de se perguntar se não poderia ter mais algum problema entre as cidades e as corredeiras. Uma situação de declividade, estreitamentos, elevação de fundo, etc. capaz de ser o verdadeiro problema das nossas enchentes.

Mesmo assim, nas conversas reiterando com a Copel o cuidado com os níveis em Foz do Areia escutei ser necessário evitarmos amadorismos avalizando retrocessos. Apesar de não gostar, achei certo.

Pois bem, já em 1997 a recomendação era: quando a vazão em União da Vitória chegar a 1250m³/s a cota de operação de Foz do Areia deve ser rebaixada para 739,50m. Este procedimento e a evolução do modelo vêm sendo adotado até hoje. Existe uma regra operacional em defesa da cidade.

Segundo: o Plano diretor consumiu 17 anos de “motivação” para que a classe política fizesse a sua parte, dotando a cidade de planejamento capaz de melhorar a vida das pessoas e proteger o cidadão, orientando o uso de áreas com menor risco de inundação.

Terceiro: o Monitoramento Hidrológico tem 28 estações de medição. A nossa, uma das mais modernas, ainda dá um e outro soluço. Tivemos uma diferença de leitura e uma pane no sistema que registra o dado da leitura antes de mandar para o Simepar em 20 anos de evolução. Agora já se pensa em adicionar uma câmera para deixar o sistema ainda mais seguro.

Uma rápida visita ao local das réguas dá mostra do investimento e do zelo da população. São comuns as depredações de cabines telefônicas. Mas incomuns, ataques e danos às réguas de medição no Iguaçu. Um registro. O povo não é burro e sabe cuidar dos seus interesses.

DSC_0106Para falar a verdade, faltou apenas um item que estava previsto no início dos trabalhos e que era defendido pelo professor Tucci: o Seguro Contra Enchentes. De uma forma ou outra ele foi substituído por uma instrução normativa da Caixa Econômica Federal que inibe o crescimento da cidade em áreas de risco: não são aprovados financiamentos para novas moradias nas áreas de enchente abaixo da cota 746,50m. A Caixa foi durante todos estes anos uma entidade que efetivamente cumpriu relevante papel em benefício da cidade e do cidadão.

De outro lado, ainda existe uma forma de resgatar o seguro incluindo-o como cláusula negocial em um eventual acordo para elevação do nível máximo de operação de Foz do Areia dentro da pauta de uma das reuniões do “Termo de Compromisso”. O Termo de Compromisso foi instituido como instrumento legal de interlocução entre a Copel, a Ong, a sociedade organizada e as administrações municipais. Estou relatando esta possibilidade porque os estudos iniciais para Foz do Areia sinalizavam uma possibilidade de retornar ao nível de operação do projeto da usina quando, no futuro, houvesse “um adequado sistema de monitoramento hidrológico no Rio Iguaçu”. Isto foi escrito há mais ou menos 35 anos.

Trocando em miúdos, a cidade de União da Vitória já resolveu o problema das cheias considerando as medidas não estruturais. Os instrumentos de proteção foram constituídos. A decisão de crescer para áreas livres de risco depende do poder público. O reassentamento de moradias abaixo da cota 746,50m envolve a população, a busca de financiamento com a participação e contribuição dos representantes do povo.

Um pouco de história e conflitos

iguaçuA SEC-CORPRERI conduziu junto aos governos, a Agência Japonesa, a Copel, ao Professor Tucci e a comunidade um trabalho que resultou no estudo de 25 obras ou combinação de obras de proteção para a cidade de União da Vitória. Estes estudos começaram a ser apresentados em 2005, no auditório do CDL às autoridades, à população, representada por seus presidentes de associações de bairros e representantes da indústria e do comércio.

Em 2010, o estudo foi reapresentado por ocasião de uma das reuniões do “Termo de Compromisso”, documento que determina o procedimento de encontros para “lavar a roupa”, discutir, atualizar estudos ou informações entre os envolvidos.

À época, desceu mal a ideia de que não existe uma solução estrutural capaz acabar com as cheias de União da Vitória. O melhor dos resultados foi obtido com a redução de 1,93 metros sobre os níveis de 1983 realizando obras a um custo estimado em 90 milhões de dólares (quase o valor dos diques propostos pela JICA em 1995).

Esta solução reúne três duplicações em série numa extensão de quase 14 km e uma escavação de 2 metros entre a ponte Domício Scaramella e a Ressaca.

Como me escrevia o autor do trabalho: “senti neste estudo que o problema das cheias em União da Vitória é bem mais complicado do que parecia. O melhor dos resultados, no meu ponto de vista, é desanimador” (Giancarlo Castanharo, se referindo a redução máxima 1,93m no nível de uma enchente igual a de 1983).

À medida que o conhecimento sobre o rio, o regime do Rio Iguaçu avançava, mais a comunidade nos abandonava. Enquanto a coisa ficava mais técnica e difícil de explicar a conversa pegava fogo no boteco.

O Britão me disse que um dia a gente quase brigou depois de querer arrumar o mundo lá no bar do Izaltino. O fato é que – todo mundo entendia do rio! Há um viés psicológico apaixonante que brota em cada morador quando se fala do Iguaçu e suas enchentes (um sentimento e vozerio que nunca aparece quando se trata de cuidar dele: o rio símbolo do Paraná passa morto na capital ecológica, meio sujo em União da Vitória, mas renasce e ainda explode em beleza nas cataratas).

30 anos - 04Somadas a estas primeiras inquietações surgiu a necessidade de tomada de posição em assuntos de muita responsabilidade. Como sugerir ou indicar a construção de diques sabendo sobre os riscos de rompimento do sistema que, por segurança, teria que ser construído na cota 746,50 m (quase a nossa cheia de agora) deixando desprotegidas 40% da área urbana da cidade? Então, toda a cidade abaixo dos 7 metros seria reassentada ou ficaria sem proteção. Um sistema de diques com 17 km de extensão e 8 conjuntos de drenagem. Valeria a pena? Quem pagaria pela sua manutenção e eficiência? Pensando hoje com menos emoção, os japoneses tinham uma visão de futuro para a cidade de União da Vitória em um horizonte que até hoje não conseguimos alcançar…

Foi assim, durante 21 anos que enfim, a maioria das questões levantadas pelos técnicos e pela comunidade foi sendo respondida nas tais “reuniões do Termo”.

Resumo das Medidas Estruturais de Combate ás cheias do Rio Iguaçu em União da Vitória (PR) e Porto União (SC)
Como disse, foram estudadas ou revisadas 25 alternativas de proteção contra cheias sugeridas pela comunidade. Isto remonta estudos desde a década de 70, com aquela idéia de um grande reservatório na altura da Lança.

O reservatório de amortecimento teria uma altura média de 20m, necessitaria ter capacidade para um volume de 5 a 6000 Hm³ com área de 300 Km². Foi considerado praticamente inviável.

30 anos - 05

Como isto tudo foi passado e repassado, visto e revisto por vários pesquisadores e técnicos em engenharia e hidrologia, quero fazer um desabafo: meu conhecimento é menor que o dessa gente e depois destes 21 anos resolvi aceitar suas conclusões sem perguntar mais nada. Apenas lembro – como fez o Tucci em 1998 – que a decisão de tomar uma ou outra medida de proteção cabe à comunidade. A decisão de atualizar um ou outro estudo também cabe bem dentro desta recomendação.

Das medidas mais citadas, estes são os resultados obtidos em termos de redução dos níveis de uma cheia como a de 1983:

Efeito dos aterros das pontes

Tanto o Professor Tucci e seu companheiro Villanueva do Instituto de Pesquisas Hidráulicas do Rio Grande do Sul quanto Giancarlo Castanharo, do Centro de Hidráulica e Hidrologia Prof. Parigot de Souza – CEHPAR/PR chegaram a conclusão que o efeito total dos aterros das pontes é de 12cm. Métodos empregados, aproximações embutidas na análise dos dois estudos não alteram a ordem de grandeza deste resultado. Reformar pilares seria quase irrealizável.

Duplicação na Fazenda Brasil

Foram estudadas 3 duplicações na Fazenda Brasil desde 1997. Esta solução para o controle das cheias, uma das mais mencionadas pela comunidade, continua sendo, de fato, a que apresenta isoladamente o melhor resultado: 1983 seria 1,15m menor.

Alargamento na Ressaca e a Ressaca?

Se tirar a curva, a enchente de 83 seria de 8 centímetros menor lá no local. O efeito iria diminuindo em direção a cidade até chegar a 3 cm em União da Vitória.

A distância da ressaca à cidade é que diminui o resultado desta retificação ou mesmo do alargamento proposto. Foram feitos 3 estudos e eles – os três – apresentaram o mesmo resultado. A coisa funciona melhor fazendo obras “mais perto” da cidade ou que tenham uma “grande extensão” no trecho entre União da Vitória e Porto Vitória.

Tucci ainda estudou uma retificação na curva da Ressaca encurtando o trecho em 1000m. A redução de níveis seria de 21 cm naquele local e de 8 cm na cidade.

Explodir as corredeiras

Uma simples “olhada” para as corredeiras sugere que a sua explosão poderia resolver o problema. Mas se o fizéssemos a cheia de 83 seria 50 cm menor.

Por quê? Porque – qualquer outro obstáculo rio acima – iria assumir o mesmo papel de controle da corredeira. Pouco acima da balsa de Porto Vitória já há uma formação rochosa elevada que exerceria este controle. Depois a Ressaca, a Cinta de Pedra, o Senai. Então, para que a retirada das corredeiras desse algum resultado, teríamos que continuar com a escavação fazendo um canal de 27 km, de Porto Vitória até União da Vitória (JICA).

Escavação de Canal no leito de Porto Vitória a União da Vitória

Depois que os japoneses descobriram que apenas explodir as corredeiras só ajudava a reduzir a cheia de 83 em 50 cm, estudaram fazer uma escavação de canal com 5 metros de profundidade nos 27 km de lá prá cá. Os estudos foram refeitos e, a despeito das diferentes secções transversais utilizadas nos dois estudos, o CEHPAR concluiu que a “retirada das corredei-ras com as escavações da JICA atingem redução de 1,25 metros”.

Extração de areia na calha principal

A extração de areia de forma contínua em profundidades de 2 a 3 metros entre a ponte Domício Scaramella e a Ressaca resultaria na redução do nível da cheia de 1983 em 1 metro. Entre a curva da Ressaca e Porto Vitória, algo como 20 centímetros.

No segundo trecho a extração é de difícil execução. Próximo ao rio da Prata há uma “transição de rugosidade do fundo do rio”. Em outras palavras, “acima” da Ressaca existem depósitos com grande capacidade de areia; abaixo da Ressaca há um fundo de rochas que se estende em direção a Porto Vitória.

Alargamento da calha principal

Por ser impossível de ser efetuado em toda extensão até Porto Vitória (27 km) a simulação em 3 trechos apresentaram resultados que variam entre 3 e 40 cm. Uma combinação tomando dois destes alargamentos de forma combinada ou, em série, resultaram em uma redução do nível de 83 em 70 cm.

Duplicações da calha principal

As cinco alternativas de escavações de canais paralelos apresentaram resultados entre 20 cm e 1,15m. As duplicações foram avaliadas onde a topografia das regiões laterais à calha principal possibilitava condições e permitiu o estudo:

– três estudos feitos na curva da Fazenda Brasil com resultados entre 20 cm e 1,15m – dependendo do local;

– um trecho na Colônia Amazonas que, somente se torna viável com a duplicação na Fazenda Brasil;

– o trecho M3 – UVA, entre a Ressaca e Porto Vitória.

Em resumo, a duplicação na Fazenda Brasil é a alternativa de proteção que isoladamente mais contribui para a redução de níveis de enchente: 1,15 m.

Depois para encerrar o capítulo das medidas estruturais ainda se procurou “combinar algumas alternativas que culminaram com o rebaixamento máximo de 1,93m combinando três duplicações em série com escavação na calha principal entre a Ponte Nova e a curva da Ressaca” (CEHPAR).

Cabe ressaltar que as alternativas apresentadas tiveram estudo de pré-viabilidade econômica. Quaisquer iniciativas no sentido de orientar novas ações por parte da comunidade ou do poder público devem ter estes custos revistos.

Conclusão

Por fim, penso que a maturidade na questão do trato com as cheias deve prosseguir. Agora focada no estímulo à relocação dos residentes abaixo dos 6,68m ou 746,29m conforme o Plano Diretor.

Por manobra do destino, este número é praticamente o mesmo desta cheia de julho de 2013, no dia 3: 6,67m. Putz!

Esta proposta de relocação deveria contemplar prioritariamente os lotes disponíveis mais altos no mesmo bairro onde os moradores estão. Esta proposição mantém o morador dentro do mesmo ambiente social e de relacionamento: a família, amigos, a escola, o mercado, o cabeleireiro, o bar, a igreja. O poder público poderia de um jeito ou de outro, contar com os investimentos já existentes de infraestrutura: luz, água, asfalto, saúde e educação.

Por fim, a ocupação da área de segurança do reservatório na área urbana com o parque Ambiental no entorno das cidades acabaria por encerrar a ocupação indevida das áreas de risco. Mais: estaria tornando a cidade e conferindo a sua população o reconhecimento pela adoção de um extraordinário programa de proteção contra cheias.

Julho de 1983 – Julho de 2013. Parabéns prá vocês, nesta data querida. Muitas felicidades, muitos anos de vida. Sou mais para os parabéns a todos pelo caminho trilhado do que pela tentativa constante de exaltar a cara suja, feia e molhada das minhas cidades.

LEITURA DE REGUA, COTA, VAZÃO, PRECIPITAÇÕES MENSAIS

SEC-CORPRERI

ANO

MÊS

DIA

RÉGUA

COTA

VAZÃO

PRECIPITAÇÃO

MENSAL

metro

metro

m3/s

Mês

anterior

Mês da cheia

1891

06

**

9,20

748,81

3895

**

**

1905

05

**

9,03

748,64

(mínima)

**

**

1911

09

**

8,39

748,00

(provisória)

**

**

1930

10

26

4,64

744,25

1226

**

**

1931

06

13

5,10

744,71

1453

**

**

1932

04

22

5,84

745,45

1833

**

**

1933

10

10

3,73

743,34

836

**

**

1934

03

02

3,69

743,30

820

**

**

1935

10

17

8,16

747,77

3267

**

**

1936

06

09

4,68

744,29

1242

**

**

1937

11

19

4,99

744,60

1399

**

**

1938

07

03

6,82

746,43

2383

209,2

118,2

1939

12

06

5,63

745,24

1717

301,6

187,8

1940

05

03

3,02

742,63

568

130,7

95,3

1941

02

10

4,74

744,35

1268

179,5

268,0

1942

02

20

4,57

744,18

1198

161,9

179,9

1943

08

05

3,89

743,50

902

106,0

131,0

1944

03

18

4,02

743,63

956

83,4

218,7

1945

07

20

4,62

743,23

1218

79,2

193,5

1946

03

04

6,73

746,34

2334

241,2

299,0

1947

10

05

5,74

745,35

1777

288,5

121,8

1948

08

18

5,08

744,69

1443

146,5

118,9

1949

06

17

3,65

743,26

804

71,8

125,6

1950

10

20

5,42

745,03

1610

131,0

249,5

1951

10

26

4,56

744,17

1194

84,6

191,5

1952

10

20

4,34

743,95

1093

245,7

272,6

1953

11

02

5,30

744,91

1550

216,1

122,3

1954

05

27

6,85

746,46

2403

127,5

260,4

1955

06

28

6,12

745,73

1985

160,3

234,8

1956

05

09

4,66

744,27

1234

222,2

169,1

1957

08

20

7,28

746,89

2675

268,0

231,9

1958

09

16

4,20

743,81

1030

11,5

211,9

1959

09

08

3,65

743,26

804

85,4

99,1

1960

10

28

4,34

743,95

1093

121,6

204,0

1961

11

05

5,75

745,36

1783

160,3

155,9

1962

10

20

4,13

743,74

1002

178,0

261,9

1963

03

28

4,24

743,85

1048

62,0

233,2

1964

08

31

3,92

743,53

914

114,8

188,2

1965

07

15

5,14

744,75

1472

77,8

239,0

1966

02

23

4,99

744,60

1399

82,5

246,3

1967

03

06

4,60

744,21

1210

236,8

204,3

1968

01

27

3,50

743,11

745

165,3

115,0

1969

04

08

4,78

744,39

1286

135,7

222,2

1970

12

31

5,32

744,93

1560

26,6

387,2

1971

01

13

6,89

746,50

2429

387,2

277,6

1972

08

30

5,84

745,45

1833

163,4

294,0

1973

08

31

5,71

745,32

1761

198,7

201,7

1974

01

28

4,18

743,79

1022

131,0

130,1

1975

12

15

5,62

745,23

1711

263,3

306,0

1976

06

14

5,03

744,64

1419

166,4

112,2

1977

10

19

4,24

743,85

1048

80,8

256,2

1978

07

25

3,68

743,29

816

49,7

152,8

1979

05

16

5,33

744,94

1565

182,1

353,6

1980

12

31

5,75

745,36

1782

99,8

255,0

1981

01

01

5,79

745,40

1804

255,0

93,8

1982

11

27

6,45

746,06

2161

261,4

330,7

1983

07

18

10,42

750,03

4979

162,4

800,7

1984

08

09

5,94

745,55

1850

70,0

349,0

1985

04

21

3,47

743,08

733

91,1

206,1

1986

12

29

4,59

744,20

1206

119,2

111,0

1987

05

28

6,28

745,89

2078

138,7

313,6

1988

05

25

5,56

745,17

1678

158,0

321,1

1989

09

25

5,78

745,39

1801

104,1

302,3

1990

01

27

6,33

745,94

2108

40,7

242,1

1991

06

24

4,36

743,97

1105

61,0

200,4

1992

07

07

8,89

748,50

3808

206,4

286,0

1993

10

06

7,27

746,88

2658

302,9

145,6

1994

07

08

4,80

744,41

1295

166,5

182,9

1995

01

22

6,76

746,37

2349

87,5

334,4

1996

07

12

5,19

744,80

1495

229,5

160,5

1997

10

14

6,66

746,27

2297

162,5

355,0

1998

10

12

7,20

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2614

315,3

255,8

1999

07

14

5,70

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1748

134,6

165,8

2000

9

25

6,51

746,12

2306

71,0

294,0

2001

10

11

6,00

745,61

2007

134,8

210,0

2002

10

2

4,46

744,07

1197

182,1

152,0

2003

12

31

4,60

744,21

1264

165,6

328,2

2004

10

27

5,13

744,74

1530

82,1

341,7

2005

9

17

5,87

745,48

1933

148,1

218,6

2006

12

27

3,06

742,67

608

107,5

78,8

2007

5

24

5,79

745,40

1887

235,6

301

2008

10

31

5,04

744,65

1483

79

362,2

2009

10

2

6,09

745,70

2059

337,3

254

2010

5

9

7,02

746,63

2630

345,8

209,4

2011

 9

10

6,66

746,27

2398

364,6

 168,6

 

Fotos: arquivos da SEC-CORPRERI