Leis de trânsito são ignoradas no entorno dos colégios

Condutores de Vans escolares reclamam dos abusos de pais que estacionam nos lugares reservados para embarque e desembarque de alunos

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Atualizado há 6 anos

(Foto: Enviada para o WhatsApp do Portal Vvale).
(Foto: Enviada para o WhatsApp do Portal Vvale).

Mal as aulas iniciaram e os problemas de embarque e desembarque de alunos no entorno de colégios particulares, públicos e faculdades do Vale do Iguaçu, voltaram. Filas duplas, carros no meio da rua, desorganização e condutores no limite do estresse. Alguns colégios fizeram a sua parte, determinando lugares específicos para vans escolares que deixam e recolhem os alunos. Mas o espaço que deveria ser exclusivo do transporte escolar, é disputado por carros de condutores que não observam ou ignoram as regras de trânsito.

As desculpas são as mais criativas. Flagrada pela reportagem de O Comércio, uma senhora em um SUV de cor preta, disse que “é só por um minutinho, não atrapalha o trânsito”. Perguntado se ela sabia que estava desobedecendo as regras de estacionamento no local, ela disse que “como boa mãe, quer deixar a filha na porta da escola”. O local da conversa era a Avenida General Bormann, local conhecido como Alto da Glória. Enquanto o carro ficou lá por mais de três minutos, tempo em que a mãe zelosa descia do carro e levava a menina até o portão do Colégio São José, uma fila de carros e Vans se formou rapidamente.

A reportagem do Portal Vvale foi abordada no local por pelo menos três condutores de Vans que reclamaram que os locais destinados ao embarque e desembarque escolar são tomados por veículos particulares, comprometendo a segurança das crianças e dos próprios condutores. Um desses profissionais, que pediu para não ser identificado por medo de represálias, reclamou que as empresas pagam impostos, alvarás, passam por inspeções periódicas e não tem sequer o direito de garantir a segurança dos alunos que se servem desse tipo de transporte. Vale lembrar que os colégios nada têm a ver com as infrações de trânsito cometidas por pais e mães que vão deixar ou apanhar os filhos na escola.

Outro condutor de van (que também pediu para não ser identificado) fotografou, a pedido da reportagem do Portal Vvale, durante uma semana, algumas situações flagradas não só no entorno do Colégio São José, mas no Santos Anjos, no Balduíno Cardoso, José de Anchieta e Escola professor Serapião, na Escola Municipal Clementina Lona Costa, no Colégio Coração de Maria, Escola Adventista, e nas Faculdades Uniuv, Uniguaçu e UnC. Em todos os lugares as infrações se repetem sem a menor cerimônia.

O trânsito nas proximidades da Uniguaçu, por exemplo, é caótico em alguns momentos pela manhã e à noite, e envolve várias combinações de fatores como trechos com calçadas inexistentes, circulação ostensiva de ônibus, carros motos e até acadêmicos no meio da rua. Na Avenida General Bormann e na Avenida João Pessoa, próximo das duas entradas do Colégio São José e da Apae, na João Pessoa, carros disputam vagas destinadas às vans, e quando não há espaço, param em fila dupla e, em dias de chuva, até em fila tripla.

O que dizem os condutores de Vans

O colaborador da reportagem disse que tem vergonha de estacionar em fila dupla, mas que, às vezes, não tem jeito. “Temos que ligar o alerta, descer, abrir a porta acompanhar o desembarque ou embarque, rezando para que não aconteça nenhum acidente de trânsito”, desabafa. Ele contou que as vans são muito cobradas e fiscalizadas pela autoridade policial, o que é certo, mas os particulares que provocam confusão no trânsito saem impunes e no dia seguinte volta a repetir os delitos de trânsito.

Outra condutora de van escolar disse que quando as vans chegam nos colégios e reivindicam o espaço exclusivo do transporte escolar são xingados e já houve até caso de ameaça e briga de trânsito. “Sabemos que a Polícia não pode estar em todo lugar para fiscalizar, eles têm outras ocorrências para atender, e que a PM não tem como função principal a disciplina do trânsito, mas é exatamente por isso que os abusos existem. Na mesma linha outro motorista de Van também desabafou. “Nossa preocupação é com a segurança dos alunos. Pais e mães confiam em nós para deixar seus bens mais precisos em segurança, eles gastam dinheiro com isso, então falta bom senso e até educação, mesmo”, falou, também na condição de anonimato.

Perguntados por que não queriam se identificar, mesmo passando por problemas diariamente, eles disseram que tem receio de represálias ou de perder alunos transportados por influência de terceiros. Mesmo assim, eles têm usado seus celulares para documentar os abusos cometidos no trânsito. As fotos cedidas à reportagem serão encaminhadas posteriormente às duas corporações militares.

Apressadinhos

irregularesXX7XOutra preocupação é com os alunos que estudam nos Colégios São José e Balduíno Cardoso, que descem de bicicleta a rua Coronel Amazonas (João Pessoa), em Porto União, em alta velocidade. Uma leitora que se mostrou preocupada enviou o alerta por um aplicativo de rede social privada.

O que diz a PM

O Major Taborda, comandante do 27º BPM, comentou os abusos cometidos no entorno dos estabelecimentos de educação. Ele disse que o Código de Trânsito Brasileiro foi feito para disciplinar o trânsito e as autoridades para tal fim, seriam a Uvtran e a 4ª Ciretran. No entanto, um convênio entre Detran-PR e Polícia Militar estabeleceu que a fiscalização como agente de autoridade de trânsito fica sendo a Polícia Militar. “Se alguém flagrar qualquer destas situações de abusos, estacionamento em fila dupla, basta ligar para a PM pelo 190. A viatura mais próxima vai atender a situação”, explicou Taborda. A autoridade policial militar lembrou que a Uvtran tem por objetivo ouvir a sociedade naquilo que for de interesse local, que não venha transgredir ou em desencontro ao código de trânsito e que possa ser mudado como guias, estacionamento, embarque e desembarque, a Secretaria de trânsito tem a liberdade de fazer.

Mas o maior problema no trânsito é a educação, ou a falta dela. Infelizmente muitos condutores não observam o que a legislação determina. Se todos buscassem seguir a lei, nós teríamos a diminuição de 99% dos problemas que todos enfrentam, ou seja, pela falta de respeito e desobediência a lei, alguns condutores de veículos causam esses problemas”, sentenciou.

Já o comandante da Polícia Militar de Porto União – SC, Major Silvano Sasinski, disse que tem conhecimento destes abusos e também reclamou da falta de bom senso dos condutores de veículos. Ele explicou que a PM realiza rondas ostensivas no perímetro de todos os colégios e faculdades, no entanto não tem efetivo suficiente para deixar um policial em cada escola.

Quando a PM está nesses estabelecimentos e há flagrante de desrespeito às regras de trânsito, com certeza as autuações serão lavradas. Com certeza nós iremos dar ênfase aos locais que mais apresentam problemas desta natureza”, enfatizou Sasinski. No entanto ele apelo para o bom senso. “Queremos evitar as multas, mas os condutores precisam colaborar”. Enquanto falta fiscalização, os abusos prosseguem por parte de condutores que se acham donos das ruas e dos espaços de embarque e desembarque escolar.