Réguas de medição são destruídas

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Atualizado há 9 anos

Por Mariana Honesko

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(Fotos: Mariana Honesko).

Nesta semana, a cena causou surpresa e um tanto de incredulidade aos órgãos de monitoramento do nível e do comportamento do Rio Iguaçu. Duas das 12 réguas (11 ficam nas margens e rua de acesso ao Iguaçu e outra embaixo da Ponte de Ferro) foram encontradas no chão. Não há informações oficiais que confirmem o que teria derrubado as peças.

De maneira informal, porém, especula-se a colisão de um veículo em uma delas e em outra, o simples e puro vandalismo. No caso do possível acidente, pistas no local estimulam a linha de investigação: há material automobilístico no chão e freadas no gramado. Não há registros, por outro lado, de Boletim de Ocorrência (BO) nas policias militares de União da Vitória e Porto União.

As réguas ficam na região central, exatamente em uma das divisas mais populares das Cidades Irmãs. É um lugar pacato, especial para os pescadores mas roteiro quase obrigatório da saída de três casas noturnas. “No final de semana o pessoal dos clubes atrapalha um pouco. Eles saem da balada e ficam na rua, até de dia. Domingo é o pior dia”, confirma o pescador, João Carlos. Outros moradores da redondeza não negam o incômodo noturno mas não comentam sobre o caso de prejuízo às réguas.

A Companhia Paranaense de Energia (Copel) é responsável pela conservação das réguas e, embora a reportagem não tenha conseguido contato com a gerência da unidade local, soube, de maneira extra-oficial, que o reparo das duas peças destruídas deve ocorrer em poucos dias.

régua-quebrada-rioO conserto é em caráter urgente, já que as previsões climatológicas sugerem chuva na região a partir desta sexta-feira. Na prática, a falta de duas réguas é sinônimo de dor de cabeça. “As réguas aferem o nível e comprovam o sistema informatizado que já funciona e é usado pela Copel”, aponta o presidente da ONG Sec-Corpreri, Dago Woehl. Segundo o ambientalista, a informação na leitura dos números garante o controle do volume da água e é fundamental para a operação das usinas em cadeia do Iguaçu. Sem dados, a previsão fica no escuro. “E sabemos que os maiores interessados são os cidadãos que tem interesse na leitura para acompanhar sua própria situação”, completa Woehl.

Leitura na régua

Ivana Alves Santos Scheid herdou do pai a ocupação. Seu Francisco cuidou durante 20 anos da leitura diária do Rio Iguaçu. Há 14 anos, é de Ivana a responsabilidade. Seu trabalho está credenciado ao Instituto das Águas do Paraná, órgão estadual que confirma à Copel a leitura em campo. Ivana, assim como Woehl, confirmou os danos há três dias. Ontem, a comerciante estava preocupada. “Sem as réguas não tem como saber a leitura do rio. No momento os danos são exatamente um problema porque o rio está estabilizado mas a previsão é de chuva”, alertava.

Endossa a leitura a informação disponível a partir de instrumentos, instalados na cabine, na cabeceira da Ponte de Ferro. Os dados se cruzam, embora apresentem diferença de aproximadamente dois centímetros.