Sacrifício em nome do amor

Semana Santa encerra período de reflexão sobre a trajetória e morte de Jesus. Para os cristãos, tempo é de esperança e renascimento

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Atualizado há 10 anos

Por Mariana Honesko

Paixão de Cristo: realismo na dramatização dos atores da batuta de Lício Ferreira
Paixão de Cristo: realismo na dramatização dos atores da batuta de Lício Ferreira

Esta é a semana mais importante para os cristãos. A Páscoa é uma sequência da Quaresma, período em que os fieis se preparam para viver a data com mais intensidade. Enfim, ela chegou e muito mais que um feriado, representa uma volta no passado e um entendimento mais pleno do que Cristo, de fato, significou.

A crença é forte e dentro do catolicismo tem a influência de outros costumes. É o caso, por exemplo, da igreja de rito ucraniano. Em União da Vitória, a comunidade da paróquia São Basílio Magno, traz tradições europeias para as celebrações. A diferença na comemoração da Páscoa é mais evidente no sábado, quando ocorre a benção dos alimentos ou, a benção da Páska. O nome é uma referência ao pão, salgado e decorado, que simboliza a vida e é obrigatório nas cestas previamente montadas em casa. “Abençoamos o alimento que será consumido no café da manhã do domingo”, explica o pároco, Josafá Firman. “O pão é o maior símbolo. É a ressurreição, a vida”, completa.

Na comunidade ucraniana, benção dos alimentos é um dos destaques das comemorações de Páscoa
Na comunidade ucraniana, benção dos alimentos é um dos destaques das comemorações de Páscoa

Além do pão, o rito sugere a inclusão de outros itens. É o caso, por exemplo, do “kubassá”, que é uma espécie de salame defumado, ricota, manteiga, pernil de porco e ovos. “Tem famílias que acabam colocando outras coisas também e até chocolate. Muda um pouco do costume, mas não tem problema algum”, sorri o pároco. É indispensável, contudo, as toalhas bordadas em ponto cruz que, além de motivos pascais, deve ter a inscrição “Cristo ressuscitou”, em ucraniano.

A celebração é especial, começa às 17 horas do sábado e sempre muito participativa. A média, conforme o padre, é de aproximadamente 600 cestas sejam levadas à igreja. Outros 40 locais na região também serão visitados pelo padre e outros dois auxiliares com a mesma intenção: a benção dos alimentos é um dos pontos altos da liturgia. “Mas, de modo geral, a Páscoa é o ponto mais alto de toda a vida cristã. O fundamento é a ressurreição de Cristo. Mais do que a tradição, devemos pensar no que a morte de Cristo representou”, enfatiza.

Pensar em Cristo como um rei, ressuscitado e feliz, mas que sofreu pela humanidade é o tom das comemorações mais tradicionais dentro do catolicismo. Com poucas exceções, as celebrações seguem intactas, movidas pelas procissões e missas solenes que focam nos acontecimentos que marcaram a paixão, morte e, especialmente, a ressurreição de Cristo. “A Páscoa é o dia mais importante para os cristãos. Por consequência, os dias anteriores se tornam também importantes, porque preparam a Ressurreição. Somos seguidores de um Cristo vivo, e a sua vida nos faz viver, nos renova, nos enche de esperança de uma vida eterna. Na Semana Santa, nós morremos com Cristo e ressuscitamos com ele”, explica o bispo diocesano de União da Vitória, Dom João Bosco.

Pascoa 2Para os católicos, Cristo está vivo e, portanto, não deixou legado. “Legado é o que deixa quem morreu. Cristo não é passado. O maior presente que recebemos dele é Ele mesmo. Jesus Cristo vive conosco, nos ensina, encoraja a viver com paixão sua proposta de amor, de misericórdia e perdão”, diz.

Paixão de Cristo

Com a direção de Lício Ferreira, a encenação da Paixão de Cristo deixou os expectadores em silêncio. A peça foi encenada na terça e ontem, nos jardins da Secretaria de Turismo e Cultura de Porto União. O amadorismo dos atores ficou escondido. No que se tornou seu palco, o grupo foi pontual e sincero na representação. Lágrimas e suspiros eram trocados: ora estavam entre os atores, ora no público. O espetáculo durou quase uma hora e mostrou o julgamento, morte e ressurreição de Cristo. No elenco e nos bastidores, além de jovens atores, participaram ainda os artistas plásticos Carlos Kussik e Roque Correia que, além de ajudar no figurino, interpretou Judas, apóstolo que traiu Jesus e, arrependido, suicidou-se.

Amanhã tem mais

A Paixão de Cristo será apresentada em duas sessões amanhã. Dessa vez, a peça é uma encenação de atores amadores da comunidade católica do bairro Panorama, no distrito de São Cristóvão. Às 7 horas, o teatro ocorre no Morro do Cristo e mais tarde, às 19h30, na Matriz Nossa Senhora das Vitórias.