Pacientes de esclerose trocam experiências sobre a doença

Mulheres com versão Múltipla e Amiotrófica discutem avanços da enfermidade e formas de tratamento

·
Atualizado há 10 anos

Por Mariana Honesko

Rute e Valci compartilharam no toque as experiências parecidas
Rute e Valci compartilharam no toque as experiências parecidas

Elas se encontraram pela primeira vez nesta semana. Mesmo sem intimidade, trocaram gestos de carinho e compartilharam da experiência de luta e superação a partir do enfrentamento de uma doença grave e de poucos recursos. Aos 36 anos, Rute Domianski tem Esclerose Múltipla. Aos 50, Valci Terezinha de Assis Correia enfrenta a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). Embora diferentes no contexto, ambas as doenças começam com sintomas comuns e evoluem com rapidez. “Vim aqui para poder ajudar e saber mais sobre a doença”, sorri Rute, moradora do Bairro São Pedro, em Porto União.

O encontro das duas mulheres foi possível a partir da matéria publicada no começo de setembro em O Comércio. Na ocasião, o “desafio do balde”, campanha de arrecadação de recursos para o tratamento dos casos de ELA, ocupava o auge. O Comércio abordou o tema e contou a história de Valci, vítima da doença há um ano e há cinco meses, refém do próprio leito.

Uma das mãos de Rute já dá sinais de problemas
Uma das mãos de Rute já dá sinais de problemas

A reportagem despertou em Rute a vontade de saber mais sobre o que acontecia consigo mesma. Comerciante, ela descobriu que tinha a Esclerose Múltipla há quatro anos. Por conta da doença, não pode concluir o curso de enfermagem e precisou parar de trabalhar. “Aos poucos estou perdendo os movimentos”, diz, mostrando os dedos que entortam, em uma das mãos. “Descobri a doença depois de procurar o médico para entender o formigamento intenso que tinha nos pés. Tinha isso e muito cansaço nas pernas”, lembra.

O diagnóstico revelou, inicialmente, reumatismo no sangue. Mais tarde, artrite nos ossos e, finalmente, Esclerose Múltipla. No tratamento, Rute teve ainda mais dificuldades. O corticóide, componente de um dos medicamentos, fez nascer a Diabetes e ela, por sua vez, para ser controlada, dependia de mais um remédio. “Que acelerava meu coração”, sorri, como se nem ela acreditasse no efeito dominó da doença. Paralelo aos efeitos “naturais”, vieram ainda a baixa autoestima e sinais de depressão. “Não quero depender de ninguém. Por isso quero voltar ao trabalho, me cuidar”, diz. Rute consegue dirigir mas caminha com nítida dificuldade. A fisioterapia é o próximo passo na luta pela recuperação.

O encontro

Rute chegou tímida na casa de Valci. No portão de casa, foi recebida pela irmã dela, Mara, braço direito da “mana” que já na recepção, alertou sobre o possível choque que Rute tomaria. “Fique tranquila. Cada caso é um caso”, sorriu, acolhedora.

A jovem comerciante entendeu o recado e manteve-se intacta ao encontrar Valci no quarto, singela. A primeira impressão foi simples e simpática: houve troca de sorrisos, de toques e até de informações. Mara disponibilizou cartões de médicos que atuam nas capitais e garantiu o bom currículo de cada um. “Tenho certeza de que você vai ficar muito melhor”, afirmou. Rute, mesmo com dores, foi pronta ao sugerir o voluntariado. De sua parte, garante, não há qualquer problema em visitar e cuidar de Valci alguns dias durante a semana. “Para mim, seria um prazer”, sorriu.

ELA - 2Relembre o caso de Valci Correia

Há um ano, a diarista vivia dias tranquilos, de muito trabalho e de boa saúde. De repente, pernas e braços perderam a força. Pentear o cabelo, por exemplo, exigia grande esforço. Limpar a sua casa e a de seus patrões soou inviável. Há um ano, Valci Terezinha de Assis Correia, de 50 anos, natural e moradora de Porto União, recebeu um banho de água fria. Foi quando apanhou o diagnóstico de que aquela fraqueza toda tinha nome, sobrenome e explicação: Valci estava com ELA.

Doações de fraldas são bem-vindas

Acamada, Valci Correia tem uma série de dificuldades, mas a principal, passível de ajuda popular, envolve a doação de fraldas. Ela é bem-vinda e pode ser feita em qualquer momento. Para essa e outras informações, o telefone 8803-0567 foi disponibilizado.