Os “Zé Ninguém” do estado invisível

A cidade que quer aparecer no cenário estadual é o reflexo da baixa popularidade do próprio estado

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Atualizado há 10 anos

PrintVocê certamente já ouviu ou leu a famosa frase: “É o famoso, quem?”, quando se quer demonstrar que alguém é um ilustre desconhecido ou sem importância. Esse é o caso do Paraná e de União da Vitória. Uma pesquisa atribuída ao Instituto Paraná Pesquisas, chegou a conclusão que o estado do Paraná é considerado Picolé de Chuchu entre os demais estados da federação. De acordo com a pesquisa, objeto de matéria do Jornal Gazeta do Povo, publicada dia 08, 43,7% das pessoas não sabem em que região do País fica o Paraná. Para piorar 49,6% não têm ideia de que a capital do Paraná é Curitiba.

Os dados são do Instituto Paraná Pesquisas, que ouviu 2.550 pessoas maiores de 16 anos em 177 cidades de todas as regiões do Brasil entre 24 e 30 de junho de 2013. Nenhuma empresa famosa paranaense foi lembrada pelos entrevistados. Nenhum cantor, ator ou banda de música. Empresas como O Boticário, por exemplo, nem eram identificados como paranaenses. A Bahia tem o Axé e os trios elétricos, O Rio de Janeiro tem o Carnaval, São Paulo tem o choro e o pagode, além de ser cosmopolita, os gaúchos, os pampas, catarinenses, as praias.  E o Paraná tem o que mesmo? As cataratas do Iguaçu que a parte mais imponente fica em solo argentino.

E União da Vitória é quem mesmo?

Dona de um dos PIBs mais baixos do Estado, União da Vitória nasceu imponente como caminho dos tropeiros e capital da Madeira. Os tropeiros viraram história e a madeira já perdeu o posto de majestade desde a segunda metade da década de 1990. O município sofre para ter identidade econômica e tenta desesperadamente diversificar a sua economia. Com 52.735, União da Vitória  é a 32º maior cidade do Paraná a frente de Prudentópolis (50.614 habitantes) e atrás de Rolândia (55.750 habitantes). A cidade tem baixos índices de crescimento populacional, e a baixa densidade eleitoral faz com que União da Vitória seja vista como merece pelo governo do estado. Tudo para União da Vitória é mais difícil. Na realidade é duro ser destaque dentro do Estado. No extremo sul do Paraná, União da Vitória por quase um século,  teve a economia baseada no extrativismo da madeira, o município procura caminhos como beneficiamento, exportação de madeira em forma de portas, janelas e esquadrias.

Nossos atrativos turísticos são a Rota das Cachoeiras, o Morro do Cristo que é uma das mais famosas do Brasil e a Maria Fumaça. Apesar da deterioração do patrimônio ferroviário, sobrou para o turismo uma locomotiva enferrujada que está em vias de restauração e que depende da malha ferroviária de Porto União para alavancar o turismo. O turismo é integrado, mesmo de forma involuntária, pois quem visita o Morro do Cristo, visita ao Parque Monge João Maria, o Morro da Cruz e as cachoeiras, que são muitas nos municípios da região.

O centenário município, berço do desenvolvimento do Paraná, sofre no cenário político. Por ser considerado pequeno em uma região de poucos votos, se comparados a outras regiões que estão prosperando, recebe poucos investimentos e muitas promessas. A realidade começa a se transformar com a possibilidade de eleição de um deputado federal da região. O último foi Airton Roveda que conseguiu a revitalização da antes abandonada BR 153, de União da Vitória ao Trevo do Horizonte na divisa com Santa Catarina. As rodovias federais, em vias de privatização estão na rota da duplicação (BR-476), o que deve melhorar a economia regional.

A conclusão que se chega é que União da Vitória, cresceu, mas ainda não apareceu entre as cidades mais importantes do Paraná. E o próprio Paraná, cresceu, mas não apareceu entre as demais 26 unidades da federação.