MIOPIA: Previsão é de que em 2020, um terço da população do mundo tenha

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Atualizado há 6 anos

As previsões não são otimistas. Circulou pela internet e foi notícia em grandes veículos de comunicação no Brasil, como a revista Veja, os novos dados sobre as doenças dos olhos. O resultado, como diz a gíria, “é embaçado”. Literalmente. Estima-se que nos últimos 50 anos, o número de pessoas míopes duplicou. Calcula-se que em 2020, um terço da população mundial terá o problema na visão, em 2050, a metade.

Médico Walbert Souza, aponta que no Brasil, miopia não é epidemia
Médico Walbert Souza, aponta que no Brasil, miopia não é epidemia

Especialistas classificam essa crescente como epidemia. A incidência entre os jovens do leste da Ásia, em países como China e Coreia do Sul, onde o problema afeta quase 90% dos estudantes que concluem o Ensino Médio, é muito maior. Em outras regiões do mundo, embora os números não sejam tão alarmantes, a condição também avança.

Na região do Vale do Iguaçu, a miopia não lidera o ranking, conforme o oftalmologista de Porto União, Walbert de Paula Souza. Segundo ele, a doença está na terceira posição das mais recorrentes, mas ela está associada aos maus hábitos da vida moderna. “Temos que olhar com pontos de vista bem pensados, já que as pesquisas feitas em Coreia, China, por exemplo, não vale para o Brasil. A epidemia que existe não se aplica aqui. Diversas pesquisas mostram que no País, a hipermetropia é mais comum que a miopia”, pontua o médico.

Menos tempo dentro de casa, mais tempo ao ar livre

Walbert e pesquisadores concordam em um eixo: quem fica mais tempo longe das tecnologias e aproveita o ar livre, tem menos chance de desenvolver doenças oculares, inclusive a miopia (embora ela tenha também traços genéticos). “O fato das pessoas não saírem e, de ficarem dentro de casa, a ausência de sol mostra a incidência de miopia. Isso é comprovado por diversos autores. Realmente, quem fica muito sem se expor, tem maior chance”, confirma o oftalmologista.

O médico Wallace Chamon, membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, disse em uma publicação do segmento que pesquisas realizadas no País indicam que a miopia atinge cerca de 25% da população nos centros urbanos. “Em estudos que realizei em regiões distantes, como dentre os índios do Xingú e a população ribeirinha do Rio Pauiní (AC), observei no máximo 5% de miopia”, falou. Segundo Smith, a demanda educacional ficou cada vez mais exigente e o fato de se passar mais tempo em espaços fechados são fatores que contribuem para que uma pessoa se torne míope. “Na Ásia, entre 80% e 95% dos jovens que terminam o Ensino Médio nas zonas urbanas têm miopia, e já evidências fortes de que o índice também está aumentando nos Estados Unidos e na Europa”, disse ainda o especialista, um dos líderes no tema.

Como uma pessoa míope enxerga

“Miopia é uma dificuldade para enxergar, especialmente longe. Ela se coloca com a colocação das lentes, de grau. A imagem se forma antes da retina”, explica Walbert. As pessoas míopes podem ver claramente os objetos que estão próximos, mas não conseguem focar objetos distantes. Se não for detectado e corrigido com lentes, a miopia pode progredir e, com o tempo, aumentar significativamente o risco de catarata, glaucoma, desprendimento da retina e maculopatia míope. Além disso, está entre as três primeiras causas de cegueira permanente no mundo.

A miopia não tem cura nem é reversível, mas o uso de óculos pode impedir ou desacelerar o avanço da condição. Também há cirurgia com laser que altera a forma do globo ocular para corrigi-lo, embora esse procedimento não seja recomendado em crianças ou jovens que ainda estão em processo de crescimento.