Proporcionalmente, SC tem maior índice de câncer de pele do Brasil

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Atualizado há 6 anos

O câncer de incidência mais elevada no mundo está no maior órgão do corpo humano: na pele. Mesmo assim, figura entre os mais esquecidos quando se trata de cuidados no dia a dia. No verão, quando a incidência dos raios solares aumenta e as pessoas ficam ainda mais expostas a eles, a pele precisa de observação extra – o que não significa que, em outros períodos do ano, ela possa ficar desprotegida. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) registra, a cada ano, 180 mil novos casos de câncer de pele no Brasil, o que corresponde a 33% de todos os diagnósticos desta doença.

A maior taxa de incidência, proporcionalmente, é em Santa Catarina: na última pesquisa feita pelo Inca, a estimativa era de 9.890 pessoas diagnosticadas com melanoma e não melanoma em 2016 no Estado – cerca de 160 a cada 100 mil habitantes, enquanto o segundo estado com maior incidência, o Rio Grande do Sul, tem cerca de 120 a cada 100 mil habitantes. São Paulo e Paraná vêm em seguida na lista.

Em Santa Catarina, o maior número de mortes pela doença estão em Joinville, Florianópolis e Blumenau, respectivamente: das 1.190 mortes que ocorreram por causa do câncer de pele em Santa Catarina entre 2010 e 2015, 110 foram em Joinville, 87 em Florianópolis e 66 em Blumenau.

– A incidência é muito maior em Santa Catarina porque temos uma soma de fatores de risco aqui: a pele mais clara de grande parte da população, fruto da descendência europeia no Sul; a exposição maior ao sol por causa do tamanho e da valorização do litoral; e a área mais fina da camada de ozônio na nossa região, o que permite a entrada com maior intensidade dos raios solares – explica a oncologista Viviane Dallagasperina.

Entre a população branca, a frequência do melanoma é mais de 20 vezes maior do que entre a população com pele negra e de descendência hispânica, já que a baixa produção do pigmento de melanina resulta na menor capacidade de defesa dos raios ultravioleta do sol. Na última pesquisa do IBGE, em 2010, 83,97% dos catarinenses declararam ter pele branca.

Além disso, o Cinturão de Van Allen, aglomerados de partículas em formato de aneis que protegem o planeta de raios radioativos, apresenta uma alteração sobre a América do Sul, fazendo com que a radiação consiga penetrar com mais intensidade na região. Chamada de Anomalia do Atlântico Sul, esta falha é ainda mais intensa sobre os estados do Sul do Brasil, o que, para alguns especialistas, tem relação com o alto índice de câncer de pele na região.