Conscientizar as pessoas sobre a importância da doação de órgãos e incentivar uma postura pró-ativa dos familiares é a grande proposta da campanha Setembro Verde. Sim, neste mês, além do lilás e do amarelo, o verde completa esse arco-íris social e educativo. Por isso, em todo o País, atividades direcionadas marcam o debate sobre o tema. Embora haja informação, ainda há preconceitos, medos, dúvidas e uma série de “pés atrás”.
No Vale do Iguaçu, as ações se concentram especialmente nos três hospitais, São Camilo, São Braz e Associação de Proteção à Maternidade e à Infância (APMI). As unidades, ainda que defendam o tema, não oferecem transplante, tampouco a captação de órgãos. A distância de centros maiores e até de especialistas, por exemplo, dificultam a disponibilidade do serviço. Ambos são fundamentais, já que a captação depende de profissionais e de muita agilidade para de fato, salvar outra pessoa.
No São Camilo, por exemplo, conforme a direção e a equipe de saúde, a ausência de um neurocirurgião, para confirmar a morte cerebral – primeiro critério para a próxima fase da doação – já é uma barreira. Por isso, quando se confirma a possibilidade deste tipo de óbito, o paciente é encaminhado, com autorização da família, para o Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul (PR). Essa transação ocorre a partir da central de leitos. Em Campina Grande, outros testes serão feitos e só então a captação de um ou mais órgãos – dependendo da família e do perfil do doador – acontece.
A ausência do neuro e de todo um aparato exigido pelo Ministério da Saúde, também inviabiliza a captação de órgãos na APMI. Mesmo assim, o hospital é um agente divulgador da campanha, autorizado para isso, inclusive, pela Central de Transplantes. “Ao longo do mês temos falado sobre isso com os pacientes, nas reuniões. Temos material de divulgação, cartazes, panfletos”, sorri a assistente social Rosane Bilinski.
À reportagem, uma funcionária do Hospital São Braz, após ter conversado com a administração, informou que a unidade também não dispõe da captação.
Como ser um doador
Basta ter vontade e comunicar essa decisão para a família. Muitas vezes, é preciso um trabalho de convencimento, já que o tabu ainda existe. Não é necessário deixar nada por escrito.
Setembro Verde
A iniciativa é da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) que realiza anualmente no mês de setembro a campanha. O gesto é em apoio à Lei 15.463, de 18 de Junho de 2014. O documento instituiu o mês da doação e o batizou como “Setembro Verde”, uma comemoração ao dia 27, Dia Nacional de Doação de Órgãos.
O que pode ser doado*
Córneas
Precisam ser retiradas em no máximo seis horas após parada cardíaca (PC)
Coração
Deve ser retirado antes da PC
Pulmões
Deve ser retirado antes da PC
Rins
Precisam ser retiradas em no máximo 30 minutos após parada cardíaca (PC)
Fígado
Antes da PC
Pâncreas
Antes da PC
Ossos
Precisam ser retiradas em no máximo seis horas após PC
*informações da ABTO