Sistema de transplantes de órgãos transforma SC em referência internacional

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Atualizado há 7 anos

Líder entre os estados brasileiros na doação de órgãos, Santa Catarina consolidou um sistema de transplantes que é referência também internacional. Dados deste ano, consolidados até julho, revelam que o índice catarinense de doadores de múltiplos órgãos por milhão de população (pmp) é de 36,8, mais do que o dobro da média nacional, que é de 14,6.

O bom desempenho catarinense supera até mesmo o modelo espanhol, que serviu de inspiração para o sistema implantado em Santa Catarina. Na Espanha, as doações envolvem casos de mortes encefálicas e de mortes ocorridas a partir de paradas cardiorrespiratórias. Em SC, são abordados exclusivamente casos de mortes encefálicas.

“Em 2016, Santa Catarina superou inclusive o desempenho da própria Espanha, quando comparadas apenas as doações efetivadas a partir de mortes encefálicas. Se fosse um país, Santa Catarina estaria entre os maiores do mundo”, avalia o coordenador da SC Transplantes, Joel de Andrade.

Em agosto e setembro, os resultados de captação continuam em crescimento. No período de 11 a 15 de setembro, a SC Transplantes obteve a captação de 45 órgãos no território catarinense. Nos cinco dias, foram registradas 19 notificações de óbito, resultando em 15 doadores. O coordenador Andrade considera o resultado inédito no estado. “Em menos de uma semana conseguimos captar 27 rins, 12 fígados, três corações, dois pâncreas e um pulmão”, destaca.

A SC Transplantes, vinculada à Secretaria de Estado da Saúde, é quem administra o sistema catarinense. A equipe fixa é enxuta, composta por 24 profissionais, entre médicos, enfermeiros e administradores, além de 11 estudantes, sendo nove de Medicina e dois de Administração. Mas Andrade explica que um dos principais motivos do sucesso do sistema foi justamente a organização de uma rede de colaboradores dentro de todos os hospitais catarinenses, ampliando o alcance. “Adotamos algumas medidas inspiradas na Espanha a partir de 2008. Entre as novas ações, passamos a contar com um coordenador de transplante em cada hospital do estado. Trata-se de uma pessoa que concilia a função executada dentro do hospital com o trabalho de captação junto às famílias”, explica.

Ao mesmo tempo, o Governo do Estado passou a oferecer um programa educacional para diferentes profissionais dos hospitais, que consiste em treinamento para identificação de potenciais doadores e abordagem junto às famílias. Hoje, são cerca de 800 profissionais atuando em todos os hospitais do estado, públicos e particulares, que já receberam esse tipo de treinamento. “São enfermeiros ou atendentes de UTI, por exemplo. E os resultados do respeito, da educação e de todo o cuidado no relacionamento com as famílias refletiram-se em um aumento expressivo das doações”, destaca. Em 2007, a média era de 70% de negativas nas entrevistas para doação. Em 2017, está em 30%;

A rede catarinense atualmente trabalha com transplantes de órgãos como coração, fígado, rim, córneas e medula óssea, além de fazer transplante de pele e enxerto ósseo.