Sensação de impunidade faz aumentar casos de assalto, diz PM

Distrito de São Cristóvão é o preferido dos bandidos e é lá que as atenções da Polícia estão focadas com a criação de uma subunidade

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Atualizado há 8 anos

Foi uma tentativa de assalto, que poderia ter terminado em tragédia. Foi no início do mês em um mercado no Distrito de São Cristóvão. O vídeo da tentativa logo circulou pelas redes sociais. O suspeito, encapuzado, entra no mercado. Ele está com uma arma e aponta para o rapaz que está no caixa. Ele levanta e vai para perto de algumas prateleiras, logo na entrada. Nesse momento uma mulher aparece na filmagem e se aproxima do caixa. Abre e mostra que não tem nada. O suspeito, frustrado, bate-boca com os dois e antes de sair atira no rapaz. Mas, felizmente, o tiro “falha”.

A ocorrência é mais uma entre as registradas na cidade desde janeiro. Conforme dados da Polícia Militar (PM) foram seis assaltos até agora. No ano passado, durante todo o ano foram registrados oito.

Para o major do 27º Batalhão da Polícia Militar, Gilmar Golemba, o que deixa os bandidos mais “abusados”, como nesse caso, é a impunidade. O Distrito de São Cristóvão, conforme Golemba, é o que tem mais incidência deste tipo de ação. Não que seja vulnerável, mas é o preferido dos bandidos.

“Um número muito pequeno de criminosos está sendo penalizado por seus atos. Segundo a situação social e cultural, onde tudo se pode, não havendo responsabilidade por parte da família e da sociedade, onde há uma tolerância com a quebra de regras sociais básicas, seja de trânsito, penal, e principalmente educacional familiar”, argumenta Golemba. “Também se destaca a situação dos usuários de drogas, principalmente o crack, aonde se gera muita violência, pois há um estado de necessidade imediato da droga, aumentando assim os crimes de furto e roubo”, completa.

No caso do começo da matéria o suspeito não foi encontrado. A Polícia rebate, segundo Golemba a ação dos policias têm sido imediata ao conhecimento do crime. “Bem como posterior ao crime, pois existe um trabalho de integração entre as policias estaduais, e ainda a colaboração da comunidade. O que resulta, na maioria das vezes, a prisão dos delinquentes. Contudo a sensação de impunidade, gerada pela legislação fraca e pelo sistema carcerário, gera a repetitiva prática do crime pelas mesmas pessoas”, fala.

Uma das tentativas da Polícia em diminuir esse tipo de ocorrência é o policiamento ostensivo e velado. “Porém, existe uma demanda reprimida, principalmente nos crimes contra o patrimônio, pois a questão está ligada diretamente a impunidade. Independente disso, estamos trabalhando com descentralização operacional, ou seja, a instalação para os próximos meses da 2ª Companhia no Distrito de São Cristóvão, e ainda a aplicação mais efetiva do policiamento nos dias e horários de ocorrências relacionas a esse tipo de crime, conforme o sistema de estatística do 27º BPM. Pois teremos brevemente um aumento de policias nas ruas, oriundo da escola de formação de soldados”, adianta.

Transformação em Batalhão

A mudança de Companhia para Batalhão é recente mas, conforme Golemba, já teve um impacto positivo na comunidade com um efetivo de 56 policiais que estão sendo preparados para atender a população. Ainda há a designação de mais oficiais e praças para a unidade. Por fim a descentralização de uma subunidade para o Distrito de São Cristóvão. “É claro que isso demanda tempo e orçamento, e que está sendo implantado gradativamente, inclusive com apoio de MP e Conselho de Segurança”, argumenta.

Ainda segundo Golemba a estrutura organizacional e de abrangência teve mudanças, além do número de policiais que já estão na fase de formação. Com relação às viaturas o governo do Estado já iniciou o processo de estudo e aquisição dos veículos que serão enviados, também, para o Batalhão do 27º Batalhão. “Com relação ao serviço, cito que quanto mais policiais na rua inicialmente teremos, com toda certeza, um aumento de ocorrências, pois a presença da Polícia gera mais prisões e elevação da estatística. Salientando ainda que o 27º BPM trabalha com a relação de proativa, onde identificamos as pessoas em situação de risco, principalmente as crianças, e se desenvolvem ações sociais, pois esta aproximação educa e prepara os jovens e as crianças para afastamento da ilicitude e os aproxima da cidadania”, fala.

Orientações

É fato que casos de furto ou assalto irão continuar dependendo da cidade ou região, com maior ou menor frequência. Contudo, a Polícia orienta que no momento do estresse a vítima tente se manter calma, pois qualquer movimento ou reação violenta pode transformar o episódio num momento trágico. “O importante é não reagir, e sim procurar identificar características dos suspeitos, pois assim irá auxiliar a Polícia na identificação dos mesmos, facilitando a prisão. Lembrem-se que a comunicação rápida da ocorrência agiliza a ação da Polícia”, alerta.