Suspeito pelo atropelamento de adolescente já está em liberdade

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Atualizado há 10 anos

Por Mariana Honesko

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David segue em recuperação no Hospital Regional: faltam ainda duas cirurgias

A história de David Allan Santos, de 17 anos, não está no final. Tampouco, com o tão sonhado enredo feliz. Mas, ação liderada pela Polícia Militar (PM) de União da Vitória, conforta o adolescente e todos os que se solidarizaram com sua história. Na quinta-feira, 17, o suspeito pelo atropelamento do jovem foi encontrado. A ação diminui a sensação de impotência sofrida pela família há uma semana, que desconhecia o autor do acidente.

O assunto ganhou popularidade e a palavra “justiça” foi replicada pela família Santos. Para ela, estava difícil equilibrar as dores do ente querido com a impunidade, até então usufruída pelo suspeito. Desde o acidente, registrado às 23 horas do dia 11, a única pista deixada por ele foi a marca de tinta verde deixada na bicicleta de David. Wesley, irmão de David, e o outro amigo, ambos também de bicicleta, só tiveram tempo de ver o motorista voltar à sua pista, na mesma velocidade. Conforme o grupo e a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o motorista teria feito uma manobra na contramão e acertado David – ele estava mais próximo da rua que os seus companheiros – no acostamento no quilometro 442 da BR-153, próximo ao Parque de Exposições Jayme Ernesto Bertaso.

Os três meninos, vítimas da fatalidade e da omissão de socorro, voltavam para casa depois da aula. Eles moram na Colônia Correntes, interior de União da Vitória e estudam no Colégio Pedro Stelmachuk.

O dono do carro verde

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(Foto: Arquivo/Polícia Militar).

Conforme a família, a publicação de reportagem sobre o caso de David nesta semana em O Comércio, contribuiu para o encontro do suspeito. Especula-se que só a partir da veiculação da matéria no portal Vvale que o estímulo para a denúncia nasceu.

Nasceu e já fez o seu papel. Em nota, a PM informa que a prisão do suspeito ocorreu perto das 14 horas de quinta-feira, depois que uma denúncia anônima que informava a localização do veículo suspeito. O carro, um Golf verde, estava no Bairro Nossa Senhora das Graças, em União da Vitória. O homem foi levado até à 4ª SDP e lá, seguiu preso até a tarde de ontem. Informações do Fórum confirmam sua liberdade, a partir de um pedido do Ministério Público. Ainda de acordo com o órgão, mesmo se o flagrante tivesse acontecido, a ação seria afiançável.

Contra o suspeito havia um Mandado de Prisão em aberto. De acordo com a equipe da 2ª Vara Criminal, trata-se de um pedido de preventiva por lesão corporal. Na verdade, o mandado só foi expedido porque o suspeito havia mudado de endereço sem comunicar à Justiça. Da omissão de socorro, o homem, de 51 anos, e sem ter apresentado resistência à ação da PM, deve sair ileso. De acordo com Polícia, ele confessa a batida, porém, afirma que não sabia no que, realmente, colidiu. O homem não teria parado para dar assistência por medo de assalto.

Omissão de socorro é crime

O Código Penal é bastante claro em seu artigo 135. Conforme o texto, é crime “deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública”.

A infração prevê pena de detenção de um a seis meses. Ela pode ser dobrada caso a omissão termine em “lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte”.