SÃO BRAZ: Doação do hospital é aprovada

A partir de agora, rede São Camilo estuda viabilidade da proposta. Processo de transição é gradual

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Atualizado há 4 anos

São Braz tem mais de 90 anos e um quadro de 80% pacientes SUS (Fotos: Mariana Honesko).
São Braz tem mais de 90 anos e um quadro de 80% pacientes SUS (Fotos: Mariana Honesko).

Foi batido o martelo: por aclamação, os associados e diretores do Hospital São Braz, de Porto União, decidiram doar a entidade para a rede camiliana. O assunto foi pauta da reunião realizada na noite de segunda, 11. Ontem, 12, a imprensa foi comunicada das medidas em um encontro no auditório.

Conforme a equipe da direção e do departamento jurídico, a doação é um mecanismo de defesa do hospital, uma forma de fazer com que ele se mantenha íntegro, porém, sob nova administração.

Padre Ederson, no centro, diretores do São Braz, São Camilo e assessores jurídicos na conversa com a imprensa
Padre Ederson, no centro, diretores do São Braz, São Camilo e assessores jurídicos na conversa com a imprensa

Trata-se de uma doação mesmo, já que o hospital é de caridade e sendo assim, não pode ser negociado em uma transação comercial convencional. “Desde 2009 a instituição vem mantendo uma relação com a rede camiliana de hospitais. São padres e que na história tem mais de 400 anos de trabalho com a saúde. O São Braz, devido à várias situações, financeiras, estrutura e gestão, decidiu por essa medida. Com isso, juntamente com os associados, decidimos em doar o hospital para a rede camiliana”, explicou o padre Ederson, diretor-geral do São Braz.

A partir de agora, o processo é gradual. Embora uma equipe do São Camilo já esteja acompanhando a administração há cerca de três meses, os tramites legais (desde a mudança de CNPJ, por exemplo) começam a ser feitos. Até o momento, o São Braz pertencia à Igreja Matriz de Porto União. “Na época a igreja doou o terreno para a construção do hospital e a cadeira da direção-geral sempre era do pároco. Agora, o hospital também fica com a igreja, já que os camilianos são religiosos. Na verdade, continua sob a tutela da igreja, mas com uma instituição que se profissionalizou para cuidar de hospitais”, lembra o padre.

No Vale do Iguaçu, a rede São Camilo assumiu há alguns anos, o Hospital Regional e a Clínica HJ, ambos em União da Vitória. Na iniciativa privada, o grupo é dono do Centro de Saúde São Camilo, também em União. “Eu já acompanho internamente desde o mês de junho o São Braz e estamos fazendo um diagnóstico dele e com isso, fizemos a apresentação aos padres camilianos que já deu o seu ‘sim’. Tivemos o ‘sim’ também dos sócios do hospital. Vem os bens, os ativos e os passivos, dividas e processos. Verbalmente, já temos o ‘sim’ de ambas as partes”, diz o diretor de unidade hospitalar, Edio Rosset.

Mas, mesmo com esse perfil empreendedor, assumir o São Braz, que tem 91 anos de história, representa um desafio. “É um desafio. O hospital vem com dificuldades e temos o desafio dos processos, da quitação das dívidas. Vamos ter que aplicar aqui um novo modelo de gestão, buscando o equilíbrio do hospital para planejar investimentos novos a partir de 2021. Leva tempo. O hospital é uma eterna obra. O hospital que não tem uma batida de martelo, tem dificuldade”.

O processo de profissionalização do São Braz é defendido pela rede camiliana. Contudo, a ideia é fazer parcerias, para manter o contexto regional da unidade. Por isso, já está em estudo o compartilhamento de serviços. “Pacientes de oncologia em União, vem para Porto União. Hemodiálise, vão para o União. A intenção é fortalecer a nossa região, evitando transporte de pacientes para outros centros e com isso, os dois hospitais crescem, sem concorrer entre si”, defende. Em contrapartida, assumir o São Braz significa também manter parte do “pacote” do São Braz. “Atendemos 80% dos pacientes SUS e nessa transição, também pedimos pela manutenção de funcionários e médicos”, comenta a vice-presidente, Evandra Nhoatto Tavares.

No processo de ajuste, o atendimento para a comunidade segue sem alteração. Para Juliano Isoton, que presta assessoria jurídica ao São Braz, o pensamento é justamente esse: minimizar os impactos da mudança. “Agora vamos ter que fazer a liquidação, fazer o balanço da empresa, ver os imóveis, para daí construir um documento correto, apresentar tudo isso em assembleia e ver a legalidade de todos os pontos”, explica.

Ainda que a doação seja apenas de patrimônio, o trâmite entre as administrações dos hospitais contempla tudo, desde equipamentos até as dívidas. “O São Camilo se comprometeu de quitar todos os débitos ai do hospital”.

Búzios previam mudança

Quem leu uma das últimas edições do final do ano passado de O Comércio, talvez lembre do que o médium Luiz Carlos Lara, através dos búzios, previu sobre o Hospital São Braz. Na ocasião, o médium afirmou que, “uma mudança de nome, na razão social, que vai trazer melhores momentos”, aconteceria neste ano de 2019.

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