Exposição de dados na internet: saiba como se proteger

Conversamos com especialistas em segurança na internet para descobrir como navegar de forma segura

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Atualizado há 3 anos

Criada em 1969 com a intenção de interligar laboratórios de pesquisa nos Estados Unidos, a internet há muito deixou de ser propriedade apenas de cientistas e passou a fazer parte do nosso dia a dia e, com a pandemia de Covid-19, esse instrumento começou a ter ainda mais importância. A internet foi utilizada para aproximar pessoas que não podiam se ver pessoalmente, para os estudos, para diversão e, principalmente, para as compras.

Mas, apesar de trazer tantas soluções, a internet também pode trazer problemas, tais como fraudes, golpes e riscos à privacidade. Para se proteger e conseguir usufruir da melhor maneira possível das facilidades proporcionadas pela internet é necessário estar atento e seguir algumas dicas.

Compre de maneira segura


compras internet

Conforme dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o setor de e-commerce movimentou R$ 38,1 bilhões no final de 2020. Neste ano, a previsão é que o crescimento fique em torno de 26%, de acordo com a Ebit|Nielsen. Esse crescimento da popularidade das vendas online é bom para os comerciantes, mas também para pessoas mal-intencionadas, que aproveitam a falta de conhecimento ou experiência de alguns internautas para aplicar golpes.

Segundo o Mestre em Ciências da Computação e Coordenador do Curso de Engenharia de Software do Centro Universitário Vale do Iguaçu (Uniguaçu), André Weizmann, um fator importante quando se trata de compras online é não acreditar em preços milagrosos, pois eles costumam ser apenas um chamariz para atrair as pessoas para uma armadilha digital. Weizmann também indica a compra diretamente no aplicativo da loja. “Evite sempre o acesso através da página pelo navegador de internet do computador. Para os bandidos invadirem um aplicativo é muito trabalhoso, porém, o navegador é mais fácil e a quantidade de informações que se consegue coletar também é maior”, explica.

Outra sugestão de Weizmann é consultar informações de satisfação dos consumidores sobre a loja onde se deseja realizar uma compra em sites como o reclameaqui.com.br e consumidor.gov, ou consultar o CNPJ informado no site da loja no portal da Receita Federal para saber se ela realmente existe.

Cuidado com pagamentos na internet

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A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) disponibilizou uma lista contento os principais tipos de golpes aplicados atualmente. Entre eles está um realizado por meio do WhatsApp, em que os bandidos fingem ser da central de atendimento de sites de compra ou de bancos para coletar as informações do usuário e roubar a conta no aplicativo. Com esses dados em mãos, mandam mensagens para os contatos da vítima se fazendo passar por ela para pedir dinheiro emprestado. Por isso, é importante estar atento quando uma cobrança chega por meio das redes sociais, pois há grandes chances de ser um golpe.

Quando se trata de pagamentos em lojas virtuais, a indicação do Analista de Rede, Mateus Nicolak Czachorowski é de que se opte, sempre que possível, por utilizar o cartão de crédito, por ele permitir, em muitos casos, o estorno no valor pago caso haja algum imprevisto.

Mateus também relata ser possível identificar se um boleto de cobrança é confiável ou não. “Pode parecer um pouco complicado à primeira vista, mas com um pouco de atenção ao boleto dá para identificar. Os três primeiros dígitos do código de barra correspondem ao banco onde foi emitido, e os últimos ao valor do boleto. Desconfie de boletos que não são capturados pelos leitores digitais e sempre consulte o CNPJ do boleto em caso de dúvidas”, indica.

Tenha boas senhas

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Para proteger suas informações e impedir que terceiros acessem sua conta em redes sociais ou sites é imprescindível ter boas senhas. Mais importante ainda é ter senhas diferentes, uma para cada site em que faça algum tipo de registro. Quando se utiliza a mesma senha em mais de um site, ao tê-la comprometida, as chances de um terceiro invadir vários perfis seus cresce.

André indica ainda que uma boa senha não deve conter informações de datas de aniversário ou números de telefone, pois essas informações são muito fáceis de obter. Para ele, uma boa senha deve possuir oito caracteres, contendo sempre um caractere numérico, uma letra e um caractere especial, tal como @, % e #, entre outros. “Também é aconselhado trocar as senhas a cada 90 dias”, comenta.

Cuidado com links no WhatsApp

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Como já citado, o WhatsApp tem sido muito utilizado para aplicar golpes. Um muito popular é o chamado phishing. Nele, hackers enviam links para o número da vítima, que, ao ficar curiosa e clicar no link, instala, sem saber, um aplicativo espião no próprio celular. Com o aplicativo instalado, os hackers conseguem acessar todas as informações contidas no aparelho.

Por isso, André aconselha a nunca clicar em links, mas, caso sinta-se tentado a fazê-lo, é recomendado perguntar antes para a pessoa que o enviou se o link é de uma fonte segura e o que aconteceu quando ela clicou no link. “Importante lembrar que empresas não realizam sorteios ou distribuição de brindes através de compartilhamentos via Whatsapp”, ressalta.

Outro tipo de golpe que circula muito nas redes sociais são as fake news. Para André, apesar de na maioria das vezes não representaram um prejuízo monetário, elas podem trazer prejuízos morais, ou colocar em risco a saúde pública e esferas do poder.  “Para evitar a propagação, antes de compartilhar deve-se ter certeza de que a informação é verídica, buscando-se mais informações em sites de agências jornalísticas conhecidas e sem tendências que sejam idôneas e imparciais”, indica.

Supervisione as crianças

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Em 2020, por conta da pandemia, as crianças precisaram passar muito mais tempo em frente ao computador por causa das aulas virtuais. Contudo, o uso da internet por esse grupo, quando não supervisionado, pode gerar problemas. “Criança não pode ficar sozinha ao utilizar a internet. Cuida-se muito da integridade física das crianças, mantendo-as seguras nas residências, porém a segurança psicológica é esquecida e a internet é uma janela para mundos novos e muitos deles bastante obscuros”, comenta o mestre em ciência da computação. O professor também lembra que o diálogo sobre os riscos presentes no mundo virtual é crucial para que as crianças possam navegar de forma segura.

Tenha cuidado. Provavelmente seus dados já foram expostos!

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Informamos semana passada sobre o megavazamento de dados que expôs informações pessoais de 223,74 milhões de brasileiros, incluindo pessoas já falecidas. Até semana passada, os interessados podiam acessar o site fuivazado.com.br para confirmar se seus dados estavam na lista. O site já não está mais no ar, devido a uma ordem emitida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Contudo, alguns funcionários do Grupo Verde Vale conseguiram realizar a consulta e descobriram que suas informações foram expostas.

O megavazamento, que foi constatado em janeiro pela empresa PSafe, deixou informações como CPF, data de nascimento e gênero expostas gratuitamente por um período de tempo em um fórum na internet. Para quem estiver disposto a pagar, esses mesmos dados, além de informações como RG, estado civil, nome completo dos pais, email, telefone, endereço (incluindo a latitude e longitude da residência), escolaridade, salário, poder aquisitivo, fotos do rosto, entre outras, estão sendo comercializados na dark web.

Na tarde de quarta-feira, 10, veio à público a informação de que a Psafe detectou mais um vazamento de dados, dessa vez envolvendo 100 milhões de contas de celular. No vazamento constam informações como tempo de duração das ligações, número de celular, dados pessoais, entre outros. Acredita-se que as pessoas afetadas pelo vazamento sejam usuárias das operadoras Vivo e Claro.

Em entrevista ao portal NeoFeed, o fundador e CEO da PSafe, Marco DeMello, relatou que com os dados citados acima, fraudadores podem conseguir empréstimos, pedir cartões de crédito, vender bens, realizar pedidos de hipoteca, abrir crediários e, até mesmo, realizar crimes usando o nome da vítima.

DeMello também ressaltou que este é, provavelmente, o maior vazamento de dados da história e indica que os brasileiros mudem suas senhas e habilitem autenticação de dois fatores em todos os aplicativos possíveis. No WhatsApp, por exemplo, a autenticação de dois fatores pode ser feita clicando em configurações > conta > confirmação em duas etapas.

André lembra que os meios tecnológicos são falhos, e que nunca se pode garantir cem por cento de segurança dos dados. “O que os especialistas em segurança tentam garantir é dificultar com que os bandidos virtuais consigam chegar até eles, utilizando diversas técnicas de bloqueio”.

Mateus completa garantindo que não é necessário temer a internet, mas que é preciso ter atenção aos detalhes para não cair em armadilhas.